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Paulo Moreira Leite

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Após três meses de escândalo, é hora do Supremo investigar Moro e Dallagnol

"Após três meses de revelações gravíssimas da Vazo Jato, o STF deve optar entre assumir suas responsabilidades com o país ou assistir o país caminhar em direção à baderna institucionalizada", escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

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Por Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia - A cada novo diálogo da Vaza Jato, descobre-se que  instituições centrais do Estado brasileiro, capazes de interferir diretamente sem movimentos decisivos de nossa história, se encontram sob domínio crescente de decisões clandestinas e ilegais da Operação Lava Jato. 

Quase três meses depois da primeira entre inúmeras revelações gravíssimas, é hora de se perguntar o que o Supremo Tribunal Federal pretende fazer diante dos indícios de tamanha aberração no comportamento do então juiz Sérgio Moro e do chefe da força da tarefa, procurador Deltan Dallagnol. 

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A escolha é saber se pretendemos recuperar os escombros do Estado Democrático de Direito  ou se é o plano é fingir que, como numa peça do teatro do absurdo, ninguém é capaz de notar a presença de um rinoceronte no meio da sala de visitas do sistema de justiça. 

Pelo menos desde de 2014, quando se noticiou a primeira das mais de 60 fases da Lava Jato, pudemos acompanhar a atuação de Sérgio Moro e Deltan Dallaganol nos espaços públicos da sociedade brasileira. 

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De modo espalhafatoso e mesmo exibicionista, quebraram grandes grupos privados e a maior estatal brasileira.  Abriram o caminho para o golpe parlamentar que derrubou Dilma, chegando a proteger Eduardo Cunha, o enrolado presidente do Congresso que comandou a operação em que tudo mudou. Condenado por "ofício indeterminado", garantiram a prisão de Lula, candidato imbatível em 2018. 

Por fim, permitiram  a eleição do presidente atual,  com mandato até 2023 e muitas dívidas para acertar com a dupla, fato que explica a transformação de Moro em ministro da Justiça e a promessa de uma toga no Supremo. 

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Tudo parecia caminhar bem até que, por um acidente de percurso, desses  que vez por outra aparecem na história das sociedades humanas para lembrar que tudo que é sólido se desmancha no ar, aconteceu aquilo que jamais poderia ter acontecido para a operação seguir o percurso de sempre.   

Os registros eletrônicos que guardam os diálogos, planos e maquinações que deram rumo e poderes absolutos a este universo clandestino, capaz de transformar um país de 210 milhões de seres humanos numa sociedade de marionetes, cairam em mãos erradas. 

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Vamos entender a hecatombe, com poucos paralelos na história. Nem mesmo os juizes da Corte Suprema dos Estados Unidos, que forçaram  Richard Nixon a renunciar no caso Watergate, conseguiram aquilo que Glenn Greenwald obteve e desde então, civicamente, resolveu partilhar com o conjunto dos brasileiros, auxiliado por um selecionado grupo de publicações, apoio  que só reforça a credibilidade do material publicado.  

O mais alto tribunal dos EUA queria as provas que poderiam incriminar -- ou inocentar -- o presidente dos Estados Unidos. Elas se encontravam nos registros gravados -- oficialmente -- pelo serviço de segurança da Casa Branca, montado para garantir que cada grito e cada murmúrio pronunciado no Salão Oval e outras depedências reservadas a encontros políticos fossem armazenados pela História. 

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Cioso de que a memória e o que restava da honra era mais importante do que a agonia sem gloria, Nixon renunciou em troca de uma anistia a todos os crimes, fez sinal de paz e amor, subiu num helicóptero e sumiu da História para nunca mais ser visto. 

O problema de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol é que não tiveram muita escolha depois que resolveram pagar para ver. Após três meses de esfolamento público, é possível enxergar uma imensa cratera na credibilidade de ambos e que não para de crescer a cada nova revelação. Neste fim de agosto, não é possível alimentar qualquer dúvida sobre a veracidade dos diálogos. Ponto final. 

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Deve começar outra discussão. A questão é o que fazer com o entulho dessa operação selvagem contra nossas instituições, esse novo entulho autoritário que ameaçou instalar no país uma ditadura secreta e nem por isso menos perigosa. 

Ou a mais alta corte do país assume suas responsabilidades, abrindo uma investigação sobre o caso e cobrando explicações dos envolvidos. Ou esta nação de 210 milhões de brasileiros e brasileiras irá se transformar uma baderna institucionalizada.

Alguma dúvida? 

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