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Marcelo Zero

É sociólogo, especialista em Relações Internacionais e assessor da liderança do PT no Senado

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Aprisionaram a verdade numa cela em Curitiba. Ela está incomunicável

"O episódio do 'muquiplex', cuja verdade foi revelada pelo MTST, mostra que o Brasil não tem imprensa de verdade. Tem uma Fake Press. Não se trata de uma imprensa que se equivoca eventualmente ou que produz 'fake news' ocasionalmente", diz o colunista Marcelo Zero; "Em qualquer país civilizado, Lula teria sido absolvido liminarmente na primeira instância, tal a fragilidade das acusações e as arbitrariedades cometidas contra ele", afirma, acrescentando que o "golpe está construindo um país fake. Sem verdades, sem direitos, sem justiça, sem soberania e sem futuro"; "Aprisionaram a verdade numa cela em Curitiba. Ela está incomunicável"

"O episódio do 'muquiplex', cuja verdade foi revelada pelo MTST, mostra que o Brasil não tem imprensa de verdade. Tem uma Fake Press. Não se trata de uma imprensa que se equivoca eventualmente ou que produz 'fake news' ocasionalmente", diz o colunista Marcelo Zero; "Em qualquer país civilizado, Lula teria sido absolvido liminarmente na primeira instância, tal a fragilidade das acusações e as arbitrariedades cometidas contra ele", afirma, acrescentando que o "golpe está construindo um país fake. Sem verdades, sem direitos, sem justiça, sem soberania e sem futuro"; "Aprisionaram a verdade numa cela em Curitiba. Ela está incomunicável" (Foto: Marcelo Zero)
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O episódio do "muquiplex", cuja verdade foi revelada pelo MTST, mostra que o Brasil não tem imprensa de verdade. Tem uma Fake Press.

Não se trata de uma imprensa que se equivoca eventualmente ou que produz "fake news" ocasionalmente. Não. A imprensa oligárquica brasileira, quando se trata de cobrir os acontecimentos que envolvem o PT e a esquerda de um modo geral, é sistematicamente fake. Mentirosa.

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Claro está que toda imprensa tem lado, tem ideologia, tem posições políticas. Porém, em países democráticos há maior diversidade de posições, devido às leis democráticas de regulação da mídia, e certo comprometimento com a produção e distribuição de informações objetivas, equilibradas e fidedignas. Há algum respeito à verdade, até mesmo para que a posição política defendida tenha legitimidade e se permita o debate democrático.

Entretanto, no Brasil do Golpe, a imprensa oligárquica, dominada inteiramente por meia dúzia de famiglias, perdeu completamente a compostura e a vergonha e dedica-se, diuturnamente, a mentir e a distorcer com grosseira impunidade.

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No caso do "muquiplex", por exemplo, nenhum órgão da nossa fake press se preocupou em investigar se teria havido de fato a tal reforma de R$ 1,2 milhão, como tinha alegado a acusação no processo contra Lula. A defesa requereu uma inspeção, mas foi negada pelo juiz. Ninguém questionou a negativa de pedido tão racional e singelo. Pior ainda, produziram imagens fictícias da "luxuosa reforma" e as difundiram como verdades incontestáveis.

Mas o vergonhoso episódio do "muquiflex", que foi vital para condenar um inocente, é apenas um exemplo. Tudo, ou quase tudo, que se divulga sobre Lula, o PT e a esquerda é fake.

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No caso do fake impeachment, toda a imprensa oligárquica embarcou na lorota das "pedaladas fiscais", operações contábeis que já tinham sido realizadas, sem quaisquer questionamentos, por governos anteriores. Isso era de conhecimento público, mas a fake press, em vez de investigar e falar a verdade sobre o fenômeno, preferiu reproduzir a mentira grosseira de que as pedaladas eram um "grave crime" e que tinham "quebrado a economia".

O mesmo padrão propositalmente fake de notícias configurou-se na cobertura da Lava Jato, mediante uma articulação com fake delações, fake power points, fake evidences e verdadeiras convicções partidárias. Enquanto a presidenta honesta foi deposta num fake impeachment e o ex-presidente inocente foi condenado numa fake conviction, os políticos relevantes da direita foram preservados, mesmo com provas materiais robustas, tornando inteiramente fake o lema de "a lei é para todos".

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O fato de Aécio ter se tornado réu recentemente não muda em nada essa constatação, pois Aécio é um político moribundo, hoje sem a menor relevância. Ademais, contra ele há provas materiais concretas e irrefutáveis. Já Lula é o maior político brasileiro vivo e o maior líder popular da nossa História. Contra ele, há apenas esse vergonhoso fake triplex, que nunca foi dele. Trata-se do primeiro caso na História em que alguém é condenado com base em propriedade "metafísica" de um bem. Inventou-se uma jabuticaba jurídica para condená-lo. Lula seria o "proprietário platônico" do "muquiflex". Nada mais fake.

Em qualquer país civilizado, Lula teria sido absolvido liminarmente na primeira instância, tal a fragilidade das acusações e as arbitrariedades cometidas contra ele. Em qualquer país civilizado, Lula não precisaria de segunda instância ou terceira instância. A questão principal não está no processo, nas formalidades. A questão essencial no caso de Lula é a ausência de justiça e a evidente vontade política de condená-lo para não atrapalhar a agenda regressiva e antinacional do Golpe. A questão aqui é que, mesmo se Lula tivesse direito a 50 instâncias, em todas elas o veredito de culpado já estaria pré-determinado. A questão central é que, nesse caso, nós temos apenas uma fake justice.

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Se a nossa fake press fosse séria e tivesse algum compromisso com a verdade, provavelmente eles investigariam as relações entre certas operações, como a Lava Jato, e as procuradorias norte-americanas. Procurariam saber porque os termos do acordo bilateral em matéria penal com os EUA não são respeitados. Indagariam porque os termos das multas pagas pela Petrobras aos acionistas norte-americanos não passaram pelo Senado Federal, como exige a Constituição Federal. Questionariam a razão pela qual a Lava Jato provocou prejuízos de mais de 2% anuais do PIB, nos últimos dois anos, e porque setores estratégicos inteiros da economia brasileira foram destruídos. Para a fake press, nada disso importa. O relevante é que Lula foi preso e, com isso, poderemos ter as fake elections com que a nossa direita sonha.

Ter uma fake press e uma fake justice é terrível. Mas o pior é que tudo isso conduz a uma fake democracy. Uma democracia composta por formalidades vazias de direitos e de verdades.

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A informação é uma espécie de matéria-prima da democracia. É por ela que se produz o debate democrático. Contudo, como diria Karl Popper, um autor conservador, a informação, a opinião, a tese precisam ser falseáveis ou refutáveis para terem validade. Ou seja, elas têm de ser capazes de serem submetidas a provas, a questionamentos. É assim que a ciência evolui. Segundo ele, as "sociedades abertas", as democracias, também devem funcionar dessa forma, permitindo sempre os questionamentos e as refutações.

Entretanto, quando há uma fake press e uma fake justice não se produzem informações, teses, hipóteses ou juízos refutáveis. Nessas circunstâncias, tudo fica congelado e embaçado no nevoeiro autorreferenciado das mentiras irrefutáveis e das sentenças irrecorríveis.

O Golpe está construindo um país fake. Sem verdades, sem direitos, sem justiça, sem soberania e sem futuro.

Aprisionaram a verdade numa cela em Curitiba. Ela está incomunicável.

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