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Washington Araújo

Jornalista, escritor, professor da UnB, tem 17 livros sobre mídia e direitos humanos. Autor do blog de jornalismo e cultura Cidadaodomundo.org

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Aproveitamos a chance de sermos felizes

Temos diante de nós um evento planetário que poderá ser uma vigorosa oportunidade de mostrar ao mundo que o melhor do Brasil é o brasileiro

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Daqui a exatos 30 dias teremos aquele momento mágico em que será cantado o nosso hino nacional por 11 jogadores da seleção brasileira, adicionado por milhares de vozes de torcedores que lotarão o estádio Itaquerão de São Paulo e ecoando por milhões de vozes de outros brasileiros espalhados país afora e mundo afora. Aquele momento quando a câmera passeia pelos jogadores, quando veremos seus rostos contritos, alguns tensos, outros descansados, alguns cantando e outros apenas balbuciando os versos de nosso hino, veremos rostos negros, morenos, brancos, em sua maioria de jogadores que trazem consigo uma origem humilde, essa origem humilde que vez por outra nos dá vontade de chorar.

O futebol é a maior escola meritocrática que o Brasil tem – só desponta quem tem talento no pé, alma de campeão, hábitos disciplinados e tirocínio rápido para fazer do nada uma jogada excepcional, um momento alto na história do futebol mundial. Por ser um esporte coletivo, o país que se consagra em uma Copa do Mundo o faz devido unicamente ao talento e ao empenho de seus jogadores em campo, em nada importando dados aleatórios como a população do país, a opulência de sua economia, o desenvolvimento de sua ciência, o poderio de sua defesa estratégico-militar. Vale apenas suas habilidades em campo. E nada mais.

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Em mais 30 dias todos os relógios de contagem regressiva para o início da Copa do mundo de futebol 2014 serão desativados e, sabe Deus quando, voltarão um dia trabalhar. A depender do malsucedido trabalho de manipulação da imprensa contra a Copa 2014, somente quando o Brasil tornado realidade todos os seus sonhos de um país prospero, inigualável em seu atendimento médico-hospitalar, inveja planetária na qualidade de seu ensino trilíngue (português, inglês e mandarim) e figurar entre os três primeiros lugares dentre as nações mensuradas no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Nações Unidas.

Naquele ponto perdido no futuro, ocorrerão sim novas manifestações – as pautas é que serão outras, se hoje são extensamente esparsas e variam de menor tarifa de passagem de ônibus até que o Vasco continue na vice-liderança do campeonato carioca, as manifestações do futuro serão enfeixadas em uma única reivindicação - o Brasil precisa sediar, de forma permanente e imutável, todas as futuras edições da Copa do Mundo de Futebol.

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Os manifestantes, todos transformados em jornalistas conectados na internet, exporão suas razões para isso: O Brasil dispõe de serviços de saúde de qualidade invejável, com hospitais utilizando equipamentos antes restritos – devido aos elevados custos de aquisição e manutenção - apenas nos hospitais Sírio Libanês e Einstein, ambos em São Paulo; nossos médicos há muito trocaram os grandes centros urbanos por pequenos vilarejos às margens dos rios Negro, Solimões e S. Francisco, e por cidades pequenasem no interior da Bahia, Piauí e Minas Gerais.

E não se cansarão de mencionar grandes conquistas brasileiras nas áreas de cultura e educação: em pouco espaço de tempo o Brasil conquistou nada menos que 5 prêmios Nobel: dois de Literatura (um com Affonso Romano de Sant'anna e outro com Moniz Bandeira), um de Medicina (com Miguel Nicolelis), um da Paz (com Lázaro, o cacique da nação indígena Kiriri) e mais um de Física (com Mario Baibich). O tema "Analfabetismo no Brasil" consta apenas dos livros de História e todas as nossas escolas de ensino fundamental e médio são em tempo integral e o ensino é inteiramente trilíngue - português, inglês e mandarim.

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Mas isto é matéria de futuro, ocupemo-nos do presente.

Pois bem, em exatos 30 dias teremos bola rolando no moderno estádio Itaquerão em São Paulo. Brasil e Croácia se enfrentam em jogo inaugural da Copa Mundial de Futebol Fifa 2014. Os que torciam para que a Copa não ocorresse, adeptos que foram do 'quanto pior melhor', puderam perceber que, tão logo a poeira político-ideológica baixou, o volume de recursos investidos na ‪Copa 2014 não foram destinados apenas para os estádios. Muito ao contrário, dos 26 bilhões de reais previstos na matriz da competição, apenas 8 bilhões foram destinados à reforma das arenas. E todo o restante se destinou a obras de infraestrutura e de mobilidade urbana que ficarão como legado em benefício dos brasileiros.

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Segundo o estudo Brasil Sustentável - impactos sócio-econômicos da Copa do Mundo de 2014, realizado pela consultoria Ernst & Young em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, bem mais do que um campeonato internacional, a Copa do Mundo de 2014 irá mudar a cara do Brasil nos próximos anos. E não apenas das 12 cidades-sede. Ao contrário, dos 26 bilhões de reais previstos na matriz da competição, apenas 8 bilhões são destinados à reforma das arenas. Todo o restante se destina a obras de infraestrutura e de mobilidade urbana que ficarão como legado em benefício dos brasileiros. E, o que a grande imprensa não divulga é que nem todo o investimento é proveniente de dinheiro público federal. Parte dele é oriundo da iniciativa privada, de governos estaduais e de municípios.

E os desinformados profissionais, estes que difundem a falácia que esta será uma Copa apenas para os ricos verem? A verdade é que milhares de brasileiros já garantiram lugar nos jogos da Copa: O governo conseguiu que a FIFA disponibilizasse 48.000 ingressos para os indígenas e alunos da rede pública de ensino, abrangendo nada menos que 901 escolas públicas participantes do Programa Mais Educação. Porque notícias como essas passam sempre batido na grande imprensa? Quais interesses estão por trás? Que tipo de jornalismo autoreferido independente e apartidário é este que se pratica no Brasil?

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No vácuo de respostas exatas sobre que tipo de legado a Copa 2014 deixará para o país cresce o poder de manipulação midiática: tudo é desmesurado, tudo é excessivo, tudo parece ser em vão. Mas não é assim, nem foi assim com outros países que sediaram eventos esportivos como as Olimpíadas ou a Copa do Mundo recentemente. Basta pesquisar na internet os arquivos de jornais como The Guardian e The Sun para verificar que quase 90% dos ingleses eram contra as Olimpíadas em Londres até assistirem ao desembarque triunfal da rainha Elizabeth no Estádio Olímpico ao lado de James Bond. E, ao fim dos jogos olímpicos, pesquisa do "The Guardian" revelou que 82% dos londrinos estavam felizes com os Jogos.

Para quem é curioso pela história do Rio de Janeiro, deve saber que o prefeito da cidade Ângelo Mendes de Morais, verificando a inexistência de um estádio que comportasse um número de público condizente com a importância do evento, pois só havia o estádio do Clube de Regatas Vasco da Gama, de muito menor porte, decidiu pela construção de um novo estádio. Em 1949, foram iniciadas as obras do Maracanã, apesar da forte oposição do político Carlos de Lacerda. O jornalista Mario Filho, do Jornal dos Esportes, foi um dos maiores incentivadores da obra.

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É como se Carlos Lacerda se antecipasse no tempo ao papel dos políticos de oposição ao governo federal neste ano de 2014. Foi Lacerda quem criticou a localização escolhida para o estádio – ele defendia que fosse em Jacarepaguá - e ficou rouco de tanto discursar apontando desvios de dinheiro público e elencando que aquele volume de dinheiro melhor seria aplicado se fosse na construção de melhores escolas e hospitais públicos, melhores rodovias, mais segurança para a cidade do Rio de Janeiro. Alguma semelhança com os protestos de junho de 2014? Mas como tudo que é demagógico, foi o mesmo Lacerda, anos depois, já eleito governador, acusado de construir o "maior elefante branco do mundo": o belíssimo Parque do Flamengo, certamente um dos mais belos cartões postais da capital carioca... e do Brasil.

A história homenagearia Mario Filho, após sua morte, dando seu nome ao estádio, e levando mundo afora a fama do Maracanã como símbolo maior do futebol-arte do Brasil e também como templo-maior do futebol mundial. E a verdade é que o Maracanã, é até hoje é orgulho da cidade e palco de grandes momentos dos esportes no Brasil. Quanto a Carlos Lacerda, tudo o que ficou foi seu epíteto de golpista, condenado ao mais completo ostracismo político.

Para esta Copa 2014, quem serão os que seguirão o exemplo de Mário Filho e a quem caberá o papel de triste memória de Carlos Lacerda? A História dará a resposta. E será muito em breve, logo após termos realizado a melhor edição de uma Copa do Mundo em todos os tempos.

Apostando na manipulação de corações e mentes, não faltam colunistas a fazerem o pior balanço possível para o Brasil advindo com a realização da Copa 2014. Mas, em sã consciência, bem o sabemos que não é razoável falar no legado durante a Copa do Mundo ou logo depois dela.

Como podemos, criteriosamente, aferir o salto de qualidade que a imagem do Brasil desfrutará no cenário internacional? Como o mundo se comportará ao descobrir, um tanto tardiamente, que existe potencial e beleza em um gigantesco país que não seja nem europeu nem norteamericano?

Mas, o primeiro – e inquestionável – legado tem a ver com a moderna infraestrutura que o país disporá para o futebol, com arenas modernas e bem equipadas, de fácil acesso e que rapidamente se tornarão autosuficientes financeiramente. Estes novos estádios funcionarão como inegável apelo para o desenvolvimento de talentos futebolísticos em várias regiões do país e não apenas no eixo Rio-São Paulo, com alguns vislumbres no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Pernambuco.

O segundo legado tem relação direta com de nossas 12 cidades-sedes. Suas malhas viárias, suas obras de mobilidade urbana, sua capacidade hoteleira jamais serão as mesmas. Porque a realização de uma Copa do Mundo estabelece prazos e metas. E trata também de excelência comparativa com outras cidades do mundo. E, se não fosse escolhido o Brasil em 2007 para sediar evento dessa magnitude, quando o Brasil veria obras dessa amplitude, abrangência e dispersão geográfica se realizando? Nunca. Porque não apenas o governo federal, mas também as administrações estaduais e municipais trabalham melhor se se sentirem pressionados por uma data fixa para a entrega de projetos e obras, não importando quão ambiciosos ou gigantescos sejam.

O terceiro, e não menos importante, legado da Copa 2014 tem a ver com algo subjetivo, imaterial, impalpável, que foge a todo tipo de estatística e quadros comparativos mensuráveis. Tem a ver com autoestima de um povo, uma nação. É certo que ao longo de um mês o Brasil terá sobre si os olhares de quase um bilhão de seres humanos. Boa parte desses olhares terão a curiosidade que um dia tiveram navegadores como Pedro Álvares Cabral que, usando caravelas, bússolas e astrolábios, um dia aqui aportaram, há mais de 500 anos. Eles descobrirão outros significados para a frase: "Este é um país em que se plantando tudo dá".

Sem ufanismo, mas com os pés bem fincados no chão, faço essa minha profissão de fé:

Temos diante de nós um evento planetário que poderá ser uma vigorosa oportunidade de mostrar ao mundo que o melhor do Brasil é o brasileiro. E olha que temos belezas naturais e artísticas inigualáveis como nossas praias, florestas, rios, planícies, pantanal, música, culinária, e uma história há muito marcada pela total ausência de guerras. Que sejamos Cidadãos do Mundo e recebamos de braços abertos todos os que vierem à nosso país para através dos jogos, nos conhecer, gente que virá maciçamente de outros países e continentes, gente que virá de uma a outra região do próprio país.

Que compreendamos que somos todos humanos e temos um destino comum a partilhar. E que nós, brasileiros, somos naturalmente hospitaleiros, alegres e de natureza pacífica, respeitamos a diversidade, as várias religiões, as muitas ideologias, e também amamos os esportes, e dentre estes, em particular, o futebol. Deixemos de lado a política porque esta faz parte da agenda de outro evento - as eleições em outubro. Esta é, antes de ser a Copa do Mundo, a Copa do Brasil. E podemos tornar esses dias algo assim de extraordinário.

Aproveitamos a chance de sermos felizes.

A Copa é um excelente momento para isto.

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