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Cesar Calejon

Jornalista, mestre em Mudança Social e Participação Política pela USP com especialização (MBA) em Relações Internacionais pela FGV. Autor dos livros A ascensão do bolsonarismo no Brasil do Século XXI, Tempestade Perfeita: o bolsonarismo e a sindemia covid-19 no Brasil e Sobre Perdas e Danos: negacionismo, lawfare e neofascismo no Brasil

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Argentina, Brasil, neoliberalismo e a periferia do sistema capitalista global

(Foto: REUTERS/Agustin Marcarian)
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Por Cesar Calejon, para o 247 

O estudo da atual crise econômica da Argentina oferece muitos elementos importantes para refletir sobre os efeitos deletérios que o neoliberalismo promove em diferentes partes do mundo, mas, sobretudo, nos países que estão localizados na semiperiferia e na periferia do sistema capitalista global. 

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Segundo Maria José Haro Sly, socióloga e cientista política doutoranda em sociologia pela Johns Hopkins University, com que conversei esta semana, a despeito das diferenças entre Brasil e Argentina, os dois países sofrem as consequências do modelo neoliberal.

“O problema mais estrutural da Argentina, diferentemente do Brasil, é o caráter bimonetário (peso-dólar estadunidense) da economia, que tem antecedentes históricos e é um condicionante estrutural”, introduz Sly.

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“Contudo”, prossegue ela, “os países latino-americanos, inclusive o Brasil, estão sofrendo um processo de reprimarização da matriz produtiva, que na Argentina começou logo em 1976, com a última ditadura militar, e recebeu um forte avanço nos anos 1990. Essa é uma tendência que, até hoje, a Argentina não conseguiu reverter”.  

Ainda de acordo com a socióloga, outro grande problema da Argentina foi o endividamento em dólares feito pelo ex-presidente (Mauricio) Macri, que recebeu o maior empréstimo da história do Fundo Monetário Internacional: US$ 46 bilhões (mais de R$ 220 bilhões atualmente).

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“Isso fez subir a relação dívida/PIB de algo próximo a 40% para 87%. Grande parte deste empréstimo foi levada para contas no exterior. Hoje, a Argentina lidera a lista de países com ativos financeiros de residentes no exterior, chegando a superar o próprio PIB do país”, ressalta Sly.

Tais componentes estruturais se somaram à concentração do ex-ministro (Martín) Guzmán no problema da dívida e não num plano de crescimento inclusivo. “Os condicionamentos do organismo internacional (FMI) e a constante fuga de divisas tornam muito difícil o fortalecimento das reservas do Banco Central (da Argentina), o que gera um processo inflacionário que se soma à crise inflacionária internacional. A renúncia de Guzman ao cargo, que foi feita pelo Twitter, gerou uma tensão política e econômica que parece estar cedendo com a chegada de (Sergio) Massa como ministro da Economia”, conclui a socióloga. Massa se prepara agora para uma reunião com o FMI. 

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Ao longo da história, dados empíricos demonstram que as medidas de corte neoliberal trazem efeitos devastadores no que diz respeito à desigualdade e à pobreza para as economias periféricas do sistema capitalista global, o que é, precisamente, o caso do Brasil, da Argentina e dos demais países da América Latina. 

O professor David Ibarra, da Universidade Nacional Autônoma do México, demonstra que, nessa região, além dos danos mencionados, o que se observa é também uma perda de autonomia desses países na gestão das suas próprias políticas econômicas. 

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Por aqui, desde 2016,  verifica-se o aumento da fome, da miséria, o recuo do poder aquisitivo e o aumento da população em situação de rua como fruto do agravamento dessas políticas neoliberais. O Censo da População em Situação de Rua, que foi realizado pela Prefeitura da Cidade de São Paulo, constatou que a população de rua da capital cresceu de 15,9 mil pessoas, em 2015, para mais de 42 mil, em junho deste ano. No começo do século XXI, o neoliberalismo é o principal inimigo não somente do povo brasileiro, mas de todas as populações que vivem fora do eixo capitalista central.

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