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Pedro Alcantara

Doutor em ciências sociais e membro do diretório do PT-PE

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Arriscado é abrir mão de Lula, o candidato da luta contra o golpe

O que para o conjunto da classe trabalhadora brasileira já está mais do que consolidado parece pairar como dúvida nas análises de conjuntura de alguns setores da esquerda: é Lula o nome para enfrentar o golpe e em torno do qual deve se consolidar o processo de unificação das esquerdas nas eleições desse ano

Arriscado é abrir mão de Lula, o candidato da luta contra o golpe (Foto: Stuckert)
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O chamado à unidade das esquerdas, feito nos últimos dias pela direção do PCdoB, após o denominado “centrão” embarcar na candidatura tucana de Geraldo Alckmin, conferindo musculatura partidária ao candidato do golpe, deu novo fôlego ao debate sobre as estratégias do campo popular para as eleições desse ano, que estão à porta. Para os dirigentes comunistas é fundamental que a esquerda se unifique desde já, compondo uma frente capaz de combater e derrotar as forças golpistas.

A tese está correta, porém, da forma como foi proclamada é insuficiente. A esta altura do campeonato, a um mês do início da campanha, não basta falar em “unidade”, assim, de maneira genérica. É preciso decidir em torno de quem e em que bases esta unidade será construída. O que para o conjunto da classe trabalhadora brasileira já está mais do que consolidado parece pairar, inexplicavelmente, como dúvida nas análises de conjuntura de alguns setores da esquerda: é Lula o nome para enfrentar o golpe e em torno do qual deve se consolidar o processo de unificação das esquerdas nas eleições desse ano.

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A tentativa legítima de partidos como PCdoB e PDT de organizar candidaturas a serem oferecidas ao campo popular como alternativas viáveis eram compreensíveis muito mais no inicio do ano, quando ainda parecia incerto o que ocorreria com Lula e o PT caso se efetivasse a prisão do ex-presidente. Lula, preso e fora dos holofotes, poderia diminuir eleitoralmente, o PT poderia perder fôlego e a esquerda precisaria apostar em outros nomes. Isso não aconteceu, o PT cresceu em aceitação, Lula se fortaleceu nos números e no imaginário popular como força política e como líder histórico, enquanto as legitimas e defensáveis candidaturas alternativas não conseguiram acúmulo mais significativo.

Uma dessas candidaturas, a do PDT, tentou fortalecer-se com acenos em direção a centro direita, buscando um caminho tático mais contraditório e cheio de nuances. Com a ida do bloco de centro direita para o palanque tucano sua estratégia fragilizou-se, dado que não possui o lastro popular de Lula para bancar um enfrentamento contra a direita e agora não mais poderá apresentar-se como alternativa viável ao centro. O PSOL, que apresenta uma candidatura para acúmulo político e partidário, de denúncia e enfrentamento, vem cumprindo o papel que deve cumprir. A candidatura do PCdoB, que tenta um importante movimento de aproximar a esquerda de novos setores sociais, de dialogar especialmente com as juventudes, não conseguiu grande acúmulo eleitoral.

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É Lula o candidato que segue tendo, mais e mais, musculatura política e eleitoral. É Lula o candidato que simboliza a luta contra o golpe em todas as suas dimensões. É Lula que unifica os setores da sociedade que lutam pelo restabelecimento pleno da democracia e pela volta das conquistas populares. Não há que pelejar contra um dado da realidade: a candidatura de Lula é o mar para o qual aflui a correnteza da luta popular nesta quadra da história brasileira.

Os que levantam a questão da viabilidade jurídica de sua candidatura enxergam essas eleições com lentes embaçadas, com olhar repousado no Brasil pré-golpe. A questão fundamental não está exatamente nas garantias institucionais concretas para enfrentamentos eleitorais tradicionais, especialmente num cenário de golpe, em que elas não estão dadas para absolutamente ninguém da esquerda com chances de vitória. A questão essencial passa, isto sim, pelas condições políticas para o enfrentamento que marcará essas eleições: a derrota ou a fragilização do golpe, acumulando força no Parlamento e disputando a formação de maioria social e política no conjunto da sociedade brasileira.

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É a campanha por Lula livre, Lula presidente que pode criar esse movimento político, social, cultural e acumular essa força, capaz, também, de vencer as eleições. Não há nenhuma hipótese da esquerda conseguir qualquer sucesso na luta contra o golpe passando ao largo desta campanha durante as eleições. Esta batalha está dada, nas ruas, na consciência popular, na vontade de fração amplamente majoritária da classe trabalhadora, que percebe a candidatura de Lula como alternativa anti-sistema, como instrumento principal na luta contra a perda de direitos.

As eleições, por mais limitadas que sejam como instrumento de mudança radical da sociedade, possibilitam ao menos, e não é pouco, que a classe popular tenha a chance de embaralhar o jogo das elites, colocando suas peças no tabuleiro e obrigando o adversário a se reposicionar. Construir uma unidade que tem como condição de existência a retirada do nome de Lula da disputa resultaria em desastrosa desmobilização popular, na medida em que é a presença dele neste jogo o que vem motivando os setores populares a participarem dessa eleição.

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O risco de profunda derrota política numa unidade em torno de qualquer outro nome seria maior que o risco na persistência na candidatura de Lula. Um nome que não seja Lula e/ou não se construa a partir da centralidade da luta por Lula Livre, Lula presidente, pode, muito provavelmente, não ganhar adesão popular, facilitar o processo de apatia a se alastrar nas classes populares. Nesse cenário teríamos não só uma derrota eleitoral bastante óbvia, mas um vazio político assombroso que joga em favor dos golpistas. Arriscado, muito mais arriscado para o futuro do país e da própria esquerda, é prescindir de Lula.

Se ele poderá ou não ser candidato até o fim passa a ser tema secundário, em relação ao qual certamente, em ocorrendo sua interdição arbitrária e contra jurisprudência consolidada, poderá se construir alternativas, e tão mais viáveis serão quanto maior for a unidade da esquerda.

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O que falta para se consolidar a unidade em torno de Lula? O PCdoB, mais uma vez, pode cumprir um papel histórico fundamental indo do apelo abstrato ao movimento concreto, liderando junto aos demais partidos da esquerda a construção da unidade que a história impõe, que os trabalhadores querem, pedem, clamam nas ruas em todos os rincões desse país:

É Lula de novo, com a força do povo!

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