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Ricardo Nêggo Tom

Cantor, compositor, produtor e apresentador do programa Um Tom de resistência na TV 247

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Arthur do Val: machismo, sexismo e o neoliberalismo como cultura do estupro

Mamãe Falei acredita que pode desdizer o que o áudio produzido por ele mesmo deixa claro a seu respeito. Não vai convencer, mas também não faz a menor diferença

Deputado Arthur do Val, o Mamãe Falei (Foto: Reuters | Reprodução)
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Que o MBL (Movimento Brasil Livre) seria o novo esgoto da política brasileira, não tínhamos a menor dúvida. Desde o apoio ao golpe contra a presidente Dilma Rousseff, passando pelas alianças com Eduardo Cunha, Michel Temer e Jair Bolsonaro, o movimento encabeçado por figuras como Fernando Holiday, um preto de alma branca, Kim Kataguiri, um nissei simpatizante do neonazismo e Arthur do Val, um youtuber sensacionalista conhecido pela alcunha de “mamãe falei”, não poderia dar em boa coisa. Aliás, qualquer grupo que pense em lançar um humorista como candidato à presidência da república, precisa ser visto com muitas ressalvas.

Com muito estranhamento, recebi a notícia de que Arthur do Val, que é deputado estadual por São Paulo, estaria embarcado para a Ucrânia em companhia de Renan Santos, coordenador nacional do MBL, com o objetivo de acompanhar a guerra “in loco” e trazer informações mais precisas para os brasileiros. Já em terras ucranianas, ele fez uma postagem na qual estava ajudando os cidadãos daquele país a fabricarem coquetel molotov, para se defenderem dos ataques do exército russo. Alguns absurdos que devem estar sendo legitimados por seus eleitores. Cidadãos de bem que apostam na molecagem como renovação política.

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Não bastasse ter abandonado o seu mandato de deputado estadual e ter embarcado para um país em guerra sem ter agenda oficial a cumprir por lá, “mamãe falei” protagoniza um áudio onde, ao invés de informações a respeito da guerra conforme prometera, ele faz uma análise machista e escrota sobre as mulheres ucranianas. Numa espécie de avaliação sexista neoliberal, Arthur exalta a beleza das “mina”, comparando-as a verdadeiras “deusas” e explica ao seu interlocutor que, apesar de lindas, é fácil “pegá-las” porque elas são pobres. Estabelecendo assim a política do livre mercado da sedução, baseando-se na lei da oferta e da sua procura pessoal.

Ele também avisa que assim que a guerra terminar, pretende voltar ao país para fazer turismo sexual e desfrutar melhor das maravilhas que lhe reservam o leste europeu. Possivelmente, o fará com dinheiro público. Pois sabemos que na ideologia desses liberais de araque, o estado só deve ser mínimo para o povo. A gravidade das falas e da conduta do referido parlamentar, apenas ratifica o mau-caratismo que o caracteriza. Foi ele quem chamou o Padre Júlio Lancelotti de “cafetão da miséria”, por distribuir comida para pessoas em situação de rua em São Paulo e chegou a ameaçar a integridade física do sacerdote. Agora, o mesmo Arthur do Val (ou seria da vala?), age feito um cafetão da guerra, planejando recrutar refugiadas ucranianas em vulnerabilidade social para o seu harém.

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Arthur do Val ainda se revelou um tarado coprofagista, ao dizer que o padrão de beleza das policiais ucranianas é tão alto que, se elas defecassem, ele limparia o monossílabo sem acento das moças com a própria língua. Parafraseando um conhecido dito popular, eu diria que quem nunca comeu nutella, pode se lambuzar com qualquer substância pastosa cuja cor remeta à guloseima. E eu não tenho dúvidas, de que alguém que pense em se aproveitar sexualmente de mulheres em situação de risco em meio a uma guerra, esteja acostumado a cometer tal equívoco. Parece que a sociedade paulistana abriu falência moral, ao escolher como seu representante político alguém tão canalha e desprezível. E, ao que consta, o pervertido pretendia disputar o governo do estado. Em tempos de ameaça nuclear, talvez uma bomba atômica fosse mais viável.

A fala de Arthur do Val ainda reproduz a cultura do estupro, por tornar objeto de prazer sexual mulheres em condições limitadas de defesa, e sexismo, por condicionar as escolhas afetivas e sexuais dessas mulheres, à condição economicamente inferior das mesmas. Como se toda mulher pobre fosse uma mercadoria à venda. Ao voltar de viagem, o assediador de refugiadas de guerra ainda tentou explicar o inexplicável sobre as suas declarações. Disse que agiu como um "moleque", mas que é jovem, é homem e que se empolgou com a beleza e a simpatia das mulheres ucranianas, porque em São Paulo as mulheres são mais inacessíveis. Ou seja, ratificou o seu machismo e a sua visão de que as ucranianas são fáceis porque são pobres. Se o soneto já era ruim, a emenda foi ainda pior. Bocage explica.

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Porém, como é de praxe quando a casa cai e deixa o caráter duvidoso do sujeito sem teto, ele já gravou um vídeo se desculpando e negando que estivesse fazendo turismo sexual numa região quase devastada pela guerra. O coprofágico parlamentar acredita que pode desdizer o que o áudio produzido por ele mesmo deixa claro a seu respeito. Não vai convencer, mas também não faz a menor diferença. O esgoto da nossa política está sem tampa e os bichos escrotos, graças a distopia social apresentada como mudança, estão entrando e saindo dele quando e como bem quiserem. Eu espero que a cassação do mandato de Arthur do Val seja para ontem. É o mínimo que esse caso exige.

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