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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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"As decisões tomadas na China darão forma ao mundo do século XXI"

A afirmação é de Peter Frankopan, o primeiro grande historiador do novo século, porque é quem, de forma mais rápida e plena, se deu conta de que os ventos do século XXI vem da Ásia e, em particular, da China

Xi Jinping preside reunião China-África (Foto: Xinhua)
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"As decisões tomadas na China darão forma ao mundo do século XXI"

A afirmação é de Peter Frankopan, o primeiro grande historiador do novo século, porque é quem, de forma mais rápida e plena, se deu conta de que os ventos do século XXI vem da Ásia e, em particular, da China. “Houve um tempo em que todos os caminhos levavam a Roma. Agora levam a Pequim”, como ele diz e reitera nos seus livros “O coração do mundo” e “As novas rotas da seda”, que eu tenho recomendado a todos a leitura, já há algum tempo.

Em várias entrevistas, agora, ele, professor de “história global” na Universidade de Oxford, reafirma o que já havia escrito nos livros: “As pandemias, as guerras e a mudança climática são os três principais disruptores da história.” Mas agrega que “durante esta crise também há muitos motivos para a esperança”.

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Uma visão que o Ocidente não tem, fechado no seu eurocentrismo narcisista, que se considera o continente civilizado, o resto, povos bárbaros, amalgamando na catetoria de Oriente, a China, o Japão, o mundo árabe, o Paquistão, e tudo o mais. 

“Alertei que todos deveríamos preparar-nos para os impactos sobre o dano que  teria sobre o impacto inevitável que essa doença teria na economia e em nossas comunidades e, claro, também alertei sobre os danos que teria sobre o conceito de democracia em uma era em que os jovens em particular estão perdendo sua confiança nos líderes políticos e na democracia".

Sobre como a crise pandêmica afeta o cenário internacional e, em particular, a disputa hegemônica entre a China e os Estados Unidos, ele responde: 

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“É perfeitamente concebível uma imaginar um conflito entre os Estados Unidos e a China, e de fato ambos países passaram um tempo considerável conceitualizando como poderia se dar e com que resultados. Um conflito bélico em grande escala me preocupa porque é imprevisível. Em seu momento eu me dediquei a pensar sobre as hiper inseguridades  e outras formas de desestabilização em que a concorrência pode se tornar intensiva. Da mesma forma, a falta de cooperação global é um problema maiúsculo, claramente; em especial em mundo em que os Estados Unidos estão rebaixando o papel que tirou durante décadas para unir a povos e estabelecer alianças, laços e amizades que podem ser muito efetivos. Tudo nos coloca perguntas muito significativas sobre nossas formas de vida, sobre nossa presunção sobre as liberdades e também sobre a importância das igualdades das igualdades que muitos acharam que eram sagradas”.

Sobre o “século asiático”: 

“Creio que a maioria das  sociedades da era moderna são bastante introvertidas; no Ocidente passamos muito tempo pensando em nós mesmos e que somos realmente importantes. E’ uma forma de narcisismo. Amamos olhar nosso próprio reflexo no espelho e admirar (e criticar) o que vemos. Mas há um preço a pagar por essa autoindulgência. Nos acostumamos a não prestar atenção à “grande foto” e, como resultado, nos sentimos perdidos em um mundo em que simplesmente não entendemos porque dedicamos tão pouco tempo a pensar sobre ele. As coisas mudaram rápido nas últimas décadas, mas só agora que estamos acordando e pensando em colocar perguntas que deveríamos estar nos perguntando há muitos, muitos anos: como tratar com a China e a Rússia, ou o Irã, ou a Arábia Saudita.  Olhemos só para a Indonésia, as Filipinas, a Índia, o Paquistão e Bangladesh. Achamos que esses países são periféricos, sem interesse. Mas sua população somada é de quase 2 bilhões. O que acontece nesses lugares, bem ou mal, tem um impacto direto no preço do pão em Buenos Aires, o custo do petróleo em Ushuaia e as perspectivas dos agricultores nas pampa.”

Devemos colocar-nos dois tipos de perguntas: 

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“A primeira, quais são todos esses povos no mundo, que ignoramos durante tanto tempo? Que oportunidades e desafios nos colocam, individual e coletivamente? Como mudará o nosso mundo nos próximos anos? Como poderíamos entender e deveríamos conectar-nos com esses povos? O que nos vincula a eles? A segunda, qual é o nosso papel nesse mundo em mudança? Por que coisas tão básicas como a mobilidades são tão difíceis para nós? Por que tantas pessoas nos Estados Unidos, o país mais rico da Terra, não pode ter acesso a uma cobertura médica e por que mais de 20% das crianças vivem ali abaixo da linha da pobreza? Por que a polarização política é tão aguda no mundo desenvolvido? Por que aos Estados mais ricos e desenvolvidos lhes é tão difícil trabalhar juntos e cooperar entre si? Acho que não nos fazemos essas perguntas e menos ainda dedicamos tempo a respondê-las.”

Sobre se encontra algo esperançador, disse:

“Sim, muitas coisas. Os seres humanos somos resilientes, somos amáveis, somos otimistas, somos inteligentes, curiosos e sensíveis. Estas são coisas maravilhosas que nos separam dos restos dos animais. E durante esses períodos de encerramento forçado dos nossos países, quase todas as pessoas neste planeta destinaram tempo a pensar nas suas famílias, nas pessoas que amam e de que tem saudade,  e afastando-se da ideia de que as coisas materiais nos fazem felizes. Assim, de fato, durante esta crise também há muitos motivos  para a esperança, mesmo se tem sido um tempo doloroso e difícil para muitos.  

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