As esquisitices de um golpe anunciado

Absoluta ingenuidade acreditar que o processo de impeachment teve início no dia 17 de abril na votação da câmara, conduzido pelo maior corrupto do país em atividade. Ou no conluio que formalizou a decisão do golpe em reunião no dia 10 de março entre tucanos indiciados na Lava jato e os conspiradores e traidores do PMDB.

A bem da verdade, a raiz do impeachment brotou quando a voz de tenor de Roberto Jefferson foi ao trombone e denunciou o esquema que desembocou no mensalão, com todas as consequências midiáticas e jurídicas que se seguiram.

As esquisitices que permeiam todo o processo, começam quando os abutres midiáticos, que não deram muita bola ao mau cheiro exalado na compra de votos para a reeleição do príncipe, caíram em cima do mensalão com um apetite que varou o ano de 2012, entrou 2013 e o massacre persistiu até um e ano e meio depois. Foi só sair o mensalão e entrou o petrolão e tome mais 2 anos de linchamento com o devido destroçamento da imagem do PT.

Acontece que eles estariam cometendo uma imensa besteira, permitindo Lula andar por aí exibindo a medalha de ouro do presidente mais bem avaliado da história. Um apartamento de 86 mts quadrados e uma pancadaria de três semanas ininterruptas no JN, pretendeu remeter a imagem do torneiro mecânico ao nível do chão.

Se tanto massacre e linchamento foi esquisito, o que dizer do STF?

Zé Dirceu há nove meses fora da câmara, mas mesmo assim os ministros o remeteram à Pampulha. Já o processo de Azeredo (renunciou há um mês do julgamento), mentor do mensalão mineiro, o Supremo mandou para a justiça de seu Estado.

Em dezembro de 2015, a AGU encaminhou denúncia contra Cunha e o processo ficou cochilando nas gavetas do Supremo durante 4 meses seguidos e só acordou poucos dias depois do peemedebista concluir o jogo sujo dos golpistas. Mas aí surgiu um problema: O corrupto Eduardo Cunha, como vice do conspirador Temer, comprometeria mais ainda o odor insuportável do golpe. O ministro Zavascki tratou de remover a pedra do caminho às vésperas da votação no Senado, retirando o peemedebista de circulação. Quer dizer, passou vaselina no golpe!

Tem mais!

O juiz Moro deveria mandar um oficial de justiça para intimar Lula. Enviou a Polícia Federal. A PF poderia muito bem destacar um agente, mandou 200. O processo corria em segredo de justiça, mas a Globo chegou no local antes dos policiais. Era só uma intimação, mas o ex-presidente foi conduzido para o aeroporto de Congonhas (? ) escoltado pelo maior aparato policial da história recente do país.

O mesmo juiz transpôs todos os limites de suas funções e grampeou até a presidenta. E num escancarado propósito de intervir no caldeirão efervescente da política nacional, liberou as gravações para a imprensa. Mesmo com toda essa agressão à imagem do judiciário, o único arranhão que sofreu na sua imagem de semideus foi um pedido de desculpas ao Supremo.

Mas aí, 15 dias depois dessa violência praticada por um magistrado, surgiu a lista da Odebrecht cheia de propinas a tucanos e demistas e o juiz não se fez de rogado: mandou esconder a relação repleta de figuras envolvidas com o impeachment.

Pra fechar o festival de esquisitices, na terça-feira o helicóptero da Globo acompanhou todo transcurso de Renan até o Senado, onde ele rasgaria a revogação do impeachment. Recado da rede: "Estamos de olho em você"!

Palmas para a imprensa europeia que melhor definiu as esquisitices desse golpe: "Insurreição de hipócritas"