Ronaldo Lima Lins avatar

Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

289 artigos

HOME > blog

As garras afiadas do fascismo

Estátua da Justiça no prédio do STF em Brasília - 21/04/2010 (Foto: REUTERS/Ricardo Moraes)

Chega a ser impressionante como as garras do fascismo não descansam. Estão sempre prontas para agir e arranhar instituições e o que considerem adversários. Ao tempo do Ex, selecionou-se o STF como o alvo principal, até se antevendo um tanque e um soldado para fechá-lo. Se não se ousou chegar tão longe, sem dúvida, com provocações e difamações, deram-lhe um preço a pagar. E não parou por aí. Eleições perdidas, não esmoreceram o ímpeto arrasador, não obstante os percalços de ambições fracassadas por efeito do 8 de janeiro e do que proporcionou em termos de vandalismo golpista. Torna-se patente no atual governo, com ou sem cessões de território graças às habilidades de Lula, que as garras, limadas e atentas, continuam prontas para agir. É o que insinuam os episódios da campanha contra Luís Roberto Barrosa e, em seguida, das agressões a Alexandre de Moraes no aeroporto de Roma.  

Cabe observar que a disposição contra os ministros conta com forte cumplicidade nas mídias oficiais. No primeiro, um discurso menos cuidadoso num congresso da UNE com rápida e, diga-se passagem, justa referência a Bolsonaro, gerou reações desproporcionais e mobilizou setores do parlamento ligados à extrema direita. O segundo, por meio de versões sucessivas do advogado dos agressores, estudadas para tumultuar a natureza do processo judicial movido contra seus clientes. Não há lúcida proporção no clamor desencadeado a favor do lobby da extrema direita. É como se as eleições perdidas pudessem ser revertidas no tapetão.

Não se imagina sucesso ocasionado por semelhantes estratagemas. Mas convém detectar e expor a esperteza das articulações em curso e a conivência da imprensa oficial na descrição dos mesmos. No caso de Moraes, a competência do magistrado não se deixa abalar. Os fascistas que o pegaram de surpresa na capital italiana, empregam táticas conhecidas por qualquer jurista de segunda. É necessária muita ingenuidade para não se colocar em favor das buscas da Polícia Federal na residência dos implicados, determinada por Rosa Weber, ou criticar o Presidente da República que, na sua indignação, qualificou os atacantes de “verdadeiros animais”. Que outro designativo viria à mente diante de uma agressão gratuita a uma família desprevenida por uma sanha de gente malfeitora, saída das trevas? A vontade de escândalo para alimentar ideologias e utilizar as repercussões contra instituições no poder revela-se antiga. No momento, acham-se na defensiva, mas até quando? Seus efeitos são conhecidos, vide, com abundância, as façanhas da gestão anterior.

Por sorte, no caso de Moraes, as reações visíveis até agora encontram um muro sólido, insuperável. Façam o que fizerem, aqueles indivíduos terão de ser punidos. Que sirvam de exemplo, é o que se espera. O país se encontra cansado de bravatas e exibições de irracionalidade. Não se pretende vingança. Violência é com eles. Justiça severa, sim. É a arma da democracia.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.