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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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As máscaras caem e o cinismo se torna mais evidente

As máscaras de honestidade estão caindo e revelando a carantonha cínica dos corruptos que, até antes das delações da Odebrecht, posavam de vestais, apontando o dedo sujo para os outros

aecio neves (Foto: Ribamar Fonseca)
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As máscaras de honestidade estão caindo e revelando a carantonha cínica dos corruptos que, até antes das delações da Odebrecht, posavam de vestais, apontando o dedo sujo para os outros. O senador Aécio Neves, por exemplo, que fazia discursos inflamados contra a corrupção, é um dos políticos mais delatados pelo recebimento de propinas milionárias desde o tempo de governador de Minas Gerais. O ministro das Cidades do governo Temer, Bruno Araujo, cujo voto na sessão da Câmara alcançou o número suficiente para o impeachment de Dilma, é o "Jujuba" da lista da Odebrecht, codinome dado a ele para o recebimento de propina.

Segundo levantamento do Globo, pelo menos sete em cada 10 deputados que votaram "sim" pelo afastamento da Presidenta foram denunciados pelos delatores da Odebrecht, entre eles José Carlos Aleluia, Jutahy Junior e Onyx Lorenzoni. Foi esse pessoal, sob a batuta de Eduardo Cunha, que destituiu Dilma Rousseff e colocou no governo o vice Temer e seus golden ministros, nove dos quais com o rabo preso na Lava-Jato.

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Todos que contribuíram para a derrubada de Dilma – senadores e deputados acusados de corrupção, o Judiciário, o empresariado e a mídia – são responsáveis pela destruição do país pelo governo Temer que, mesmo recheado de corruptos e trabalhando contra os interesses da Nação e do seu povo, continua recebendo o apoio de todos eles. Os autores do pedido de impeachment – Helio Bicudo, Miguel Reale Junior e Janaina Pascoal – devem estar muito felizes com o caos que se instalou no país. O ministro Ricardo Lewandowski, do STF, que chegou a dizer que "era preciso aguentar mais três anos do governo Dilma", também deve estar satisfeito com o governo Temer, pois não disse que precisamos aguentar pelo menos mais um ano e meio desse governo. E o ministro Celso de Mello, decano do Supremo, que viu "uma crise moral" no governo Dilma, ainda não conseguiu enxergar crise moral neste governo, embora prenhe de ministros acusados de corrupção. Muito pelo contrário, ele já se declarou admirador do constitucionalista Temer.

Não é difícil perceber que se depender desse pessoal, Temer e sua turma devem seguir destroçando o país até 2018. Até porque a ameaça de cassação do seu mandato pelo Tribunal Superior Eleitoral parece a cada dia mais distante, o que explica a tranquilidade dele e de seus acólitos. Não se consegue detectar nenhum sinal de preocupação, talvez porque ele confie no seu velho conselheiro e amigo de 30 anos, o ministro Gilmar Mendes, presidente daquela Corte. Mesmo tendo admitido publicamente, em entrevista à Band, que Dilma foi derrubada por não ceder às chantagens de Eduardo Cunha, Temer não revelou nenhum receio quanto as consequências dessa declaração, que será usada para reforçar o pedido de anulação do impeachment ao Supremo. Ele já afirmou, aliás, que o ato que afastou Dilma não pode ser anulado. O fato é que ele se mostra muito seguro, como se já soubesse que o Judiciário não tomará nenhuma decisão capaz sequer de ameaçar o seu mandato.

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Ele também não está preocupado com as pressões para demitir os ministros acusados de corrupção, até porque se tivesse mesmo de exonera-los por conta das acusações que pesam sobre eles teria primeiro de exonerar a si mesmo. Na verdade, Temer se comporta como se estivesse imune a qualquer acusação, talvez por ter sido blindado pelo procurador Rodrigo Janot e pelo juiz Sergio Moro – que deu um sorriso significativo para ele ao cumprimenta-lo – fazendo-se de cego e surdo às delações da Odebrecht. E vai insistindo nas reformas predatórias, apesar da reação nas ruas. Enquanto isso vão surgindo novos detalhes nas delações quanto à distribuição de dinheiro pela Odebrecht que, como um enorme polvo, espalhou seus tentáculos corruptores por toda parte, até entre os índios. E tudo isso contado com deboche. Ninguém entendeu ainda porque o patriarca da empreiteira, Emilio, continua em liberdade, depois de ter confessado todo o processo de compra de consciências, com enormes prejuízos morais e econômicos para o país.

A expectativa agora gira em torno da delação do ex-deputado Eduardo Cunha, já condenado pelo juiz Sergio Moro a 15 anos de reclusão e que se encontra preso em Curitiba. Até agora o magistrado tem conseguido contê-lo, frustrando todas as suas tentativas para delatar Temer, mas dificilmente conseguirá mantê-lo calado por muito tempo diante da ameaça de prisão da sua mulher. Cunha, que foi o principal artífice do golpe, sabe muito e pode implodir de uma vez por todas o governo Temer, revelando os bastidores da conspiração que defenestrou Dilma do Palácio do Planalto. Resta saber se a mídia, que vem protegendo Temer, divulgará a delação com o destaque da sua importância ou a esconderá num cantinho de página, como de hábito. Ou, então, simplesmente a ignorará, porque não atenderá a seus interesses.

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