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Mauro Lopes

Mauro Lopes é jornalista, editor do Brasil 247 e apresentador do Giro das 11 na TV 247. Fundador do canal Paz e Bem, de espiritualidade aberta e plural.

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As nuvens estão ficando mais carregadas no horizonte

Uma sequência de fatos mostra que os militares estão assumindo um protagonismo sem precedentes na política nacional, num movimento simultâneo de generais da ativa (Villas Bôas e Etchegoyen) e da reserva (Mourão e Heleno), carregado de ameaças; "Há uma tempestade em preparação no horizonte. Pode ser que os ventos da democracia a dissipem, mas as nuvens estão ficando mais carregadas", escreve Mauro Lopes, editor do 247; cirurgia de emergência de Bolsonaro devido a uma aderência que obstruiu seu intestino delgado pode afastá-lo em definitivo da campanha e aprofundar a crise

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Alguns fatos para que os democratas reflitam sobre os últimos movimentos da cúpula militar e da extrema direita, com adesão de pelo menos um veículo de expressão no universo da mídia conservadora:

1) Aparentemente a foto que o senador Magno Malta lançou nas redes sociais do corte na barriga é verdadeira. É de péssimo gosto, mas ela informa que o corte é enorme, típico de uma operação de emergência, sem preocupação com recuperação rápida ou estética; a cirurgia de emergência a que ele estava sendo submetido no fim da noite desta quarta (12) agrava o quadro;

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2) Antes da cirurgia de emergência, a previsão era que Bolsonaro só deveria sair do hospital no fim do mês, à beira do primeiro turno e em condições precárias. A aderência que obstruiu seu intestino delgado é muito mais grave que a distensão abdominal diagnosticada durante o dia, um episódio relativamente corriqueiro em cirurgias do porte da que Bolsonaro sofreu, segundo um médico que consultei. Com a nova cirurgia, o quadro se agrava bem mais e a recuperação fica postergada sem prazo definido;

3) Até a cirurgia de emergência, a previsão era que Bolsonaro sairia do hospital com uma bolsa de colostomia e assim iria para o segundo turno (as pesquisas indicam até agora a maior probabilidade de um segundo turno, a não ser que Haddad arranque e vença no primeiro de uma vez). Até a noite desta quarta, os médicos atendem Bolsonaro afirmavam que seria necessária nova cirurgia em novembro, para reconstruir o trânsito intestinal. Ou seja, ele entraria no segundo turno fragilizado, com enorme dificuldade de enfrentar a campanha e com possibilidade de infecção flagrante. Agora, não se sabe sequer se ele terá condição física de partir para o segundo turno;

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4) O jornal O Estado de S.Paulo, atualmente um porta-voz da extrema-direita na imprensa, continua cevando a teoria da conspiração política no episódio da facada;

5) O general Villas Bôas deu o roteiro da narrativa da direita/extrema-direita de que a derrota de Bolsonaro colocará em xeque a legitimidade da eleição. Ele afirmou, e não me parece que seja coincidência o fato de a entrevista ser dada ao Estado de S.Paulo: "O atentado confirma que estamos construindo dificuldade para que o novo governo tenha uma estabilidade, para a sua governabilidade, e podendo até mesmo ter sua legitimidade questionada". A frase abre caminho para um novo golpe -a postura de Aécio ao contestar a legitimidade da eleição de Dilma e o golpe de 2016 como que "naturalizaram" o discurso golpista na vida política;

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6) A dança dos militares ao redor de Bolsonaro é intensa. Quem foi visitá-lo no hospital nesta quarta foi o sombrio general Sérgio Etchegoyen, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e o grande articulador da militarização do governo Temer com: a nomeação inédita de um general para ministro da Defesa, a intervenção no Rio, a lei que transfere para a Justiça Militar o julgamento de militares que cometerem crimes contra civis; e a ocupação por militares depostos chaves na Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), na Fundação Nacional do Índio (Funai) e até na Casa Civil da Presidência. 

7) Depois da sequência de declarações agressivas dos generais Augusto Heleno Ribeiro Pereira e Hamilton Mourão, o primeiro um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro e o segundo candidato a vice, mais um passo dos militares: nesta quarta, o PRTB entrou com ação no TSE para que Mourão assuma o comando nos debates eleitorais em nome da chapa. Pode ser um pequeno golpe na campanha bolsonarista: a decisão foi tomada ontem, terça, numa reunião PRTB, partido capitaneado por Levy Fidelix, com a presença do próprio Mourão e de outros militares sem que o candidato hospitalizado ou seus filhos tenham sido ouvidos. Com a nova cirurgia, o cenário é nebuloso, mas é provável que Mourão assuma o comando da campanha. A piora de Bolsonaro acentua a instabilidade e abre ainda mais espaço à extrema-direita fardada sob comando direto dos generais. 

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A sequência de eventos indica novo salto no protagonismo político da cúpula militar tanto da reserva (Mourão e Heleno) como da ativa (Villas Bôas e Etchegoyen). Situação é preocupante. Há uma tempestade em preparação no horizonte.

Pode ser que os ventos da democracia a dissipem, mas as nuvens estão ficando mais carregadas.

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