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Hêider Pinto

Médico e mestre em saúde pública

7 artigos

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As oportunidades da virada ao impeachment

A ação contra o Golpe, a intolerância e o retrocesso nos direitos sociais e democráticos veio com uma força e amplitude que nem o mais otimista imaginaria

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Uma janela de oportunidades que emerge depois da virada.

Há alguns dias o mais otimista tinha muito receio pelo futuro de nosso país.

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Uma escalada de intolerância, conservadorismo e agressividade nas opiniões e relações. Muito desprezo pelas regras democráticas. Um impeachment político sem motivação legal liderado pela mídia familiar e monopolista e pela mais alta elite paulista; disputado por diferentes facções políticas que pretendiam chegar ao poder sem passar pelo voto (depois da 4º derrota eleitoral seguida); e agitado por grupos de extrema direita com muito dinheiro (de origem obscura), frágil discurso, nenhuma proposta e repletos de preconceitos.

Um golpe cuja real finalidade é devolver o poder do executivo ao grupo economicamente dominante e à direita política para que possam implantar políticas neoliberais colocando a conta da crise econômica nas costas de nosso povo e fazendo retroceder o pouco de "bem estar social" que o Brasil conseguiu avançar nesses últimos 13 anos. Ainda falta muito a avançar e o pouco que se avançou o bloco economicamente dominante já entende que foi demais.

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Pois a ação contra o Golpe, a intolerância e o retrocesso nos direitos sociais e democráticos veio com uma força e amplitude que nem o mais otimista imaginaria.

A população, em especial as chamadas classes C, D e E, primeiro não se viram nas ruas. Depois desconfiaram das intenções do grupo liderado por Temer e Cunha que pretendia assumir o executivo, sem votos. Perceberam o vazio do discurso da corrupção: enfrentar a corrupção corrompendo a Constituição e colocando no poder um monte de corruptos? De fato, sem sentido.

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Junto a isso, começou uma forte e ampla reação ao golpe nos movimentos e setores organizados das classes populares e nos meios artísticos e intelectuais. Não foi uma defesa do governo Dilma, ao qual a maioria é crítica e se posiciona à esquerda do mesmo. Foi a negação da intolerância, do conservadorismo, da manipulação midiática e da interdição do debate. A afirmação da participação, da democracia, das conquistas e um desejo imenso de que o Brasil possa ser mais e não menos: nenhum passo atrás e um futuro todo pela frente.

A isso seguiu a grande mobilização e permanente realização de dezenas de atos por dia envolvendo os mais diversos movimentos, trabalhadores, estudantes, profissionais de todas as áreas (saúde, direito, etc.), artistas etc. Só essa "vibe" arrebatadora explica cenas como as geradas por atos com o de Letícia Sabatella e Raduan Nassar em Brasília, o de Chico Buarque e Marcelo Freixo no Rio, e os de Lula com o povo nas ruas em São Paulo e Fortaleza. E que gerará aquele que certamente será um dos mais significativos de nossa história: o ato dos artistas e de Lula com o povo em defesa da Democracia nos arcos da lapa na próxima segunda feira.

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Isso tudo somado a alguns outros processos como o Supremo Tribunal Federal ter saído da posição de telespectador do Golpe e assumido seu papel de guardião último da Constituição. Como o fortalecimento da opinião pública pró democracia (viram que sumiram as pesquisas?). E, com efeito, a mudança da postura dos parlamentares que, num dado momento, seduzidos por um golpe com amplo apoio se depararam com a deterioração desse apoio, com o crescimento da resistência, a denúncia da ilegalidade do golpe e a possibilidade de colocar o país num conflito social e perigosíssima instabilidade legal e democrática.

Há que se destacar também a entrada de Lula na reconstrução do Governo. Sua capacidade de diálogo com a população, movimentos e organizações populares, a esquerda, a "classe" política e com setores responsáveis e menos conservadores do empresariado produtivo conseguiu esboçar um futuro para os dias depois do Golpe: a crise – política, econômica e de pensamento - que parece não ter fim já começa a desenhar pela frente um cenário de esforço de superação mais promissor.

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Gostaria de terminar esta longa postagem com duas observações:

A primeira é que #NãoVaiTerGolpe. O esperneio é livre e a comemoração só justa depois de muita luta e dessa expectativa se tornar fato consumado e fruto da própria luta.

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A segunda é que temos visto a maior mobilização de pessoas, grupos, organizações, movimento e forças de esquerda e/ou progressistas e/ou democráticas no Brasil neste século XXI. Uma capacidade surpreedente de unificar a ação. Uma redescoberta e reafirmação de valores humanistas, solidários, generosos e que defendem a diversidade e a equidade. Uma promissora e esperançosa potência de inovação, renovação e criatividade. Um desejo intenso de participar. E isso tudo desvinculado das eleições, como não acontecia há anos, talvez décadas. E isso crítico ao status quo e ao sistema político corrupto e elitista que temos.

Mesmo praticando o pessimismo da razão e otimismo da vontade não podemos deixar de perceber essa enorme janela de oportunidade que se abriu num momento que o velho já dá sinais de que está morrendo e o novo de que quer nascer a todo custo.

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