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Jean Menezes de Aguiar

Advogado, professor da pós-graduação da FGV, jornalista e músico profissional

219 artigos

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As ruas não mentiram em 13.3.16

O que está faltando no Planalto é sabedoria e força para mudanças efetivas. Dilma não pode entregar os pontos à incompetência; não pode letargicamente não saber o que fazer; não pode ter mais escolhas estapafúrdias – o patético caso do ministro da justiça promotor-. Ela não tem mais nenhum direito de erro

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Qualquer democracia que respeita a vontade popular – perdoe-se a obviedade- vai ler o que houve no Brasil neste dia com muita, muitíssima atenção. Simpatizantes do Governo podem dizer que teria sido apenas 1,5% da população. Em termos percentuais poderia ser 'pouco'. Mas nem sob este aspecto é.

Esses milhões de pessoas que foram à rua podem ser multiplicados, minimamente, por dois. Não que contagens estejam erradas. Mas o simples fato de esse povo nada revolucionário sair da inércia para protestar com esta magnitude é algo impressionantemente grandioso. Seja para que lado for. Se o PT conseguir (guisse) em sua 'resposta' um número equivalente, seria igualmente grandioso. Mas estima-se que não consiga. Não é apenas futurologia, mas a imagem efetivamente degradada para próprios muitos simpatizantes.

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Dilma sempre teve dificuldades 'naturais'. A primeira, ser mulher, numa sociedade nitidamente machista. A segunda não saber falar, e não sabe mesmo, vive se corrigindo, se desdizendo e dizendo o que talvez nem ela mesmo consiga saber bem o que é. A terceira, sua escancarada antipatia autoritarista, um contrário de Lula cuja autoridade é articulada em fundamentos, bons ou maus, pouco importa.

Esses fatores personalistas podem parecer superficiais, mas contribuíram muito para que muitos não possam nem mais ouvir nada que Dilma fale, mesmo, imagine-se, estando correta. Não se pode chamar simplistamente a isso de 'ódio' ou 'intolerância'. Faltaram assessoria, aconselhamento e o mais importante, ela acatar os conselhos.

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Mas um presidente 'possui' um mandato. Este mandato tem que ser respeitado. Outro problema é que as ruas não quiseram dizer apenas um 'desrespeito' ao mandato. O povo tem o direito de ter se enchido, o saco. Nunca as ruas, em qualquer democracia, podem ser ilegítimas.

Em 13 de maio de 2015 publiquei aqui um artigo, do nada, 'sugerindo' que Dilma salvasse o PT e cortasse 10 ministérios. Algum tempo depois essa ideia rondou em Brasília. Mas todo mundo sabe que isso seria 'revolucionário' demais. E o eterno-PMDB-eterno tem sua imensa parcela de responsabilidade, em tudo. Só que agora é muito mais fácil tirar o corpo fora feito bailarina esvoaçante e entoar bravatas à beira do caos.

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Não adianta mais ministros continuarem a 'pedir' diálogo, acordo, salvação nacional. Parem com essa mesmice tola e ineficaz. Não cola mais. Ou o governo rasga efetivamente algumas páginas do seu manual que se está vendo não deu certo, ou vai perder as últimas chances de credibilidade. Imaginando-se ainda haver.

O que está faltando no Planalto é sabedoria e força para mudanças efetivas. Dilma não pode entregar os pontos à incompetência; não pode letargicamente não saber o que fazer; não pode ter mais escolhas estapafúrdias – o patético caso do ministro da justiça promotor-. Ela não tem mais nenhum direito de erro.

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O Partido dos Trabalhadores foi um sonho espetacular enquanto promessa de uma então esquerda possível e grande parte deste sonho chegou a, efetivamente, se realizar. Um novo Brasil foi feito e países e intelectuais insuspeitos reconhecem a trajetória. Só que agora a situação mudou drasticamente. E isso precisa ser reconhecido com humildade pelo governo que é sim, 'empregado' do povo.

Não há vitoriosos com os movimentos de rua. Todos somos perdedores com o país chegando a este estágio público de insatisfação. Quem saiu neste domingo rindo, brincando, feliz, certamente deveria saber, e no fundo sabe, que a situação é péssima e nada está para brincadeira. O trabalho de 'ruas' não acaba quando se volta para casa. Mas em compensação, o trabalho de governo nem tem volta, nem tem casa. É uma administração do dinheiro público que requer competência e exação ininterruptamente.

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Talvez não haja mais saída para Dilma, o que não representa vitória de ninguém – que fique muito bem claro-, muito menos de um povo brasileiro sofrido cuja esperança foi rasgada. E muito menos ainda desse péssimo e oportunista PSDB e toda a corja drosófilo-nanica que fica voando num entorno fétido mordiscando sobras.

Por fim, e bem no fim, mas não tão no fim assim, há um mandato. O país espera respostas do Governo esta semana. Mas exigirá atos. A situação não se circunscreve na primariedade de torcidas polarizadas de times adversários, PT versus PSDB. Devem ser exigidos, seriamente do governo, atos. Dilma ainda pode salvar muita coisa com a caneta de presidente que ainda está em sua mão. O problema é saber se ela terá esse poder e esta força personalista.

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