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Matheus Brum

Mineiro de Juiz de Fora, jornalista e escritor

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As universidades são nosso maior tesouro. E a classe intelectual precisa ir para as ruas defendê-las

Qualquer um que tenha, no círculo social, um conhecido que esteve ou está em uma Universidade, sabe que os desafios têm ficado ainda maiores

(Foto: Rianne Paim / Estudantes NINJA)
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Olá, companheiros e companheiras? Como vão? Há alguns anos, temos visto por parte do governo federal e de alguns estaduais, sistemáticos ataques às Universidades públicas brasileiras. Primeiro foi a PEC do Teto de Gastos, depois a falta de reajuste das bolsas, seguido de ataques contundentes – sem provas – sobre supostas “balbúrdias” cometidas por alunos e professores, e por fim, corte de bolsas, impactando toda a cadeia de produção científica brasileira. 

Qualquer um que tenha, no círculo social, um conhecido que esteve ou está em uma Universidade, sabe que os desafios têm ficado ainda maiores. Tenho um amigo de infância que precisa fazer vaquinha para poder conseguir ir para os Estados Unidos fazer um curso de verão, pois não consegue verba pela Universidade que estuda, a Federal de Juiz de Fora; outro amigo, que cursa matemática na Federal de Itajubá, vive com o risco de cortes de bolsas; já minha companheira, lida com o sucateamento da Universidade Federal do Espírito Santo, que para fechar as contas, no ano passado, precisou cortar o uso do ar condicionado nas salas, mesmo diante do verão escaldante de Vitória. 

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Esses são apenas alguns exemplos, mais próximos, dos milhares que temos espalhados pelo Brasil. No entanto, ao invés de focarmos nossa energia apenas nos problemas, que são muitos, penso que seja necessário também travar outra discussão: o que fazer para confrontarmos esta realidade? A meu ver, se passa pela necessidade da participação da classe científica e intelectual no dia a dia da política. 

Explico. Basta dar uma pequena olhada na formação do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas para vermos que as classes empresarial e rural, por exemplo, estão bem representadas. E uma vez dentro do legislativo, conseguem emplacar pautas que são favoráveis ao universo deles. No entanto, onde estão os professores, cientistas, pesquisadores e intelectuais? Na maior parte do tempo, nas próprias universidades. 

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Não que isso seja ruim, mas com sistemáticos ataques, a categoria deveria estar na linha de frente para lutar e reivindicar melhorias e se defender dos retrocessos. Infelizmente, grande parte do setor progressista brasileiro academizou. Sabe-se tudo da parte teórica. Citam trechos completos de grandes pensadores. Entretanto, falta o mais importante: transformar este conhecimento em mobilização popular. 

Não dá para termos um progressismo academizado, que não coloca o pé dentro das áreas de vulnerabilidade social, que não consegue conversar com os mais pobres, ou que vá para as ruas, fazer corpo a corpo, mostrando o desastre que os últimos governos têm sido para o universo da ciência e tecnologia. 

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Infelizmente, muitas Universidades ainda estão fechadas para o povo. Na que me formei, a Federal de Juiz de Fora, há projetos, como o “Domingo no Campus”, iniciado na gestão da ex-reitora e atual deputada federal Margarida Salomão (PT-MG), que tinha como objetivo abrir o campus para receber pessoas de toda a cidade, oferecendo brincadeiras e atividades culturais. Tudo isso para que parte da sociedade não tenha a ideia de que as Federais são lugares fechados, destinados apenas a uma parcela pequena da sociedade. 

A política de cotas conseguiu mudar o paradigma de que apenas jovens de classe média e alta podiam estudar nas UFs. Contudo, ainda não somos capazes de levar todo este conhecimento para fazer com que a sociedade lute junto conosco. Afinal de contas, temos pesquisas importantíssimas acontecendo dentro das Federais e Estaduais. Mas, será que o povo sabe?

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Nas vésperas da eleição de 2018, houve um movimento para se criar a “bancada da ciência”. Este foi o embrião de uma ideia que precisa ser cultivada e colocada em prática. É preciso que os professores levantem das cadeiras e engrossem o movimento popular. Precisamos empunhar a bandeira da educação de qualidade, do ensino público gratuito, da pesquisa e da extensão. As Universidades são nosso maior tesouro. É através delas que iremos construir uma sociedade melhor. É dentro delas que pessoas de origem pobre, como este que vos escreve, terão condições de conhecer e sonhar com novas profissões e um novo Brasil. 

Agora, se não tivermos alguém para nos defender, como teremos progresso?

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