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Jose Carlos de Assis

Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB

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As velhinhas de Copacabana e a reforma da Previdência

As passeatas pró-Bolsonaro de domingo não me impressionaram muito. Impressionou-me bem mais foi o depoimento de duas velhinhas em Copacabana dizendo que era necessária a reforma da Previdência. Disseram isso com tal convicção, com absoluta sinceridade, com tal crença de que o governo Bolsonaro vai dar certo que fiquei assustado com o futuro do país

As velhinhas de Copacabana e a reforma da Previdência (Foto: Antonio Cruz - ABR)
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As passeatas pró-Bolsonaro de domingo não me impressionaram muito porque, afinal, foram menores que a anteriores passeatas pelo Brasil afora de professores e estudantes, bem mais abrangentes para uma sociedade que antes parecia anestesiada. Impressionou-me bem mais foi o depoimento de duas velhinhas em Copacabana dizendo que era necessária a reforma da Previdência. Disseram isso com tal convicção, com absoluta sinceridade, com tal crença de que o governo Bolsonaro vai dar certo que fiquei assustado com o futuro do país.

As velhinhas não me pareceram pessoas de má fé. Não me parecia também que eram desprovidas de sentimentos de solidariedade com os mais pobres. E certamente não eram oportunistas como a maioria dos defensores da reforma previdenciária de Paulo Guedes. Eram, simplesmente, pessoas enganadas. Produto da máquina de mentiras que esse governo, seguindo a trilha aberta por seu antecessor Temer, colocou em funcionamento para vender a mais iníqua reforma previdenciária que era possível imaginar em nosso tempo.

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E é uma situação aparentemente sem saída. Nós que temos algum nível de informação independente, e que queremos passar isso ao grande público, estamos literalmente esmagados pele propaganda de estilo nazista com que a televisão nos encharca. É extraordinário como Paulo Guedes encontra, pela massificação da propaganda, audiência crédula para uma afirmação tão cínica quanto a da necessidade imperiosa de se obter da reforma um trilhão de reais, pois, do contrário, a Previdência quebraria a si  e ao país.

Já expliquei várias vezes que isso é um embuste, mas, infelizmente, eu e meus pares articulistas progressivas só temos a internet – e é uma sorte que temos ainda isso – para contrapor a verdade à mentira. As duas velhinhas jamais lerão esse artigo. Elas vêem o Jornal Nacional. E o Jornal Nacional, mesmo quando fica incomodado com as imbecilidades de Bolsonaro, faz coro com os negocistas financeiros que querem a reforma previdenciária de Guedes de qualquer forma, negando descaradamente espaço no noticiário para a oposição.

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Assim, para derrotar a mentira, temos que confiar na inteligência da internet, embora também aí se tenha que disputar espaço com os propagandistas hipócritas da reforma. É preciso insistir que o trilhão reclamado por Guedes deverá ser arrancado, se a reforma passar, na quase totalidade, dos mais pobres que ganham até dois salários mínimos. O trilhão será destinado ao que chamam de nova previdência, ou seja, aos fundos administrados por bancos e picaretas do sistema financeiro que não terão responsabilidade real com o pagamento de proventos.

O mais cruel não é isso. Diz Guedes que o trabalhador terá liberdade de escolha entre o sistema atual e o novo regime previdenciário, de capitalização. É uma  falácia. O regime de capitalização pressupõe contribuição única do trabalhador, sem compromisso com valor  de aposentadoria ao fim de 40 anos de contribuição. Ao contrário, na Previdência atual, além do trabalhador, contribuem o empregador e o Estado, o que garante aposentadoria e pensão certas na velhice. É claro que o patrão não empregará ninguém nesse regime, pelo que a previdência de capitalização expulsará da vida social a Previdência pública atual.

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As velhinhas entenderão isso? Talvez, se fosse dito no Jornal Nacional. Mas o Jornal Nacional é abertamente favorável ao regime de capitalização,  como foi favorável à infame reforma trabalhista. A grande mídia, além disso, é contra o povo. Basta ver o tempo e o espaço que dá às oposições na discussão caricata dessa reforma, que só tem um lado. Isso sequer lhe compromete a audiência, porque, para milhões, é justamente ela que forma opinião e ponto final. Diante disso, só nos resta um brado: que nos salve a internet progressista!

 

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