Autocracia de estado, autocracia de mercado e a nova geopolítica global
Neste começo do século XXI, o que temos são diferentes formas autocráticas de governos ao redor do planeta

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Por Cesar Calejon, para o 247
A visita oficial de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, a Taiwan é o mais recente episódio do processo de reorganização do jogo da geopolítica global.
De um lado, líderes ocidentais, como a própria Pelosi e Joe Biden, por exemplo, insistem na narrativa de que a atual contenda trata de uma disputa entre o “mundo livre e democrático” contra países autocráticos.
Do outro, nações como China e Rússia alegam que a dinâmica unilateral de organização mundial, que esteve vigente desde o fim da Segunda Guerra Mundial sob a tutela dos Estados Unidos e do capitalismo anglo-saxão, chegou ao fim.
Neste artigo, o meu argumento central gira ao redor do que eu classifico como autocracias de estado e autocracias de mercado. Efetivamente, a meu ver, nenhum regime de organização social, até a presente data, atingiu a categoria efetiva de “democracia”, que, etimologicamente, significa o “governo do povo”.
Neste começo do século XXI, o que temos são diferentes formas autocráticas de governos ao redor do planeta. Contudo, são autocracias que, na prática, produzem resultados bastante distintos.
Sob a égide das democracias liberais burguesas cria-se a ilusão de liberdade, sobretudo, por meio de eleições e mercados “livres”. Contudo, essa proposição é extremamente falaciosa e deletéria, principalmente para os países que se encontram na semiperiferia e na periferia do sistema capitalista global, porque, em última análise, todas as dimensões da vida social, incluindo os pleitos eleitorais e o acesso aos produtos e serviços disponíveis à sociedade, são regulados pelas principais empresas capitalistas transnacionais e pela lógica do capital: a autocracia de mercado.
Um exemplo claro e que reúne todos esses elementos pode ser encontrado no golpe jurídico, midiático e parlamentar que foi perpetrado contra Dilma Rousseff e o povo brasileiro em 2016.
De olho, sobretudo, no Pré-Sal e no controle sociopolítico do país para ter acesso às reservas minerais brasileiras, petrolíferas internacionais atuaram no desmonte do estado nacional e do conjunto de medidas que buscava “(...) tratar o Pré-Sal como um recurso natural estratégico capaz de alavancar o desenvolvimento econômico, industrial e tecnológico do país por meio das capacidades estatais”, conforme argumenta William Nozaki, no livro A Volta do Estado Planejador: neoliberalismo em xeque (Contracorrente).
Resumidamente, o que a autocracia de mercado promove é uma concentração cada vez mais exacerbada de recursos sob o disfarce da “liberdade dos povos”, o que resulta na miséria e na fome da maior parte da própria população, conforme podemos observar atualmente no Brasil.
Enquanto isso, a despeito de todos os problemas e contradições que seguramente lhe caracterizam, o regime autocrático chinês desenvolveu a nação asiática à fronteira científica e tecnológica mundial, reinventou o papel do seu estado para, em vez de promover a acumulação selvagem, financeirizada e irrestrita proposta pelo neoliberalismo e pela autocracia de mercado ocidental, conduzir hoje o mais intenso projeto de eliminação da pobreza e da fome em toda a história da humanidade.
Neste sentido, conforme observamos, a questão é profundamente complexa e transcende, em ampla medida, a dimensão maniqueísta da luta entre a “liberdade” e a “opressão” que é avançada hoje nos países ocidentais.
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