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Eric Nepomuceno

Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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O perigo de ser injusto com Moro

Debaixo do monte de dólares que o ex-juiz recebeu, há toda uma infinita bandalheira, e essa, sim, deve ser o foco de atenções

Moro (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
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Há todo um reboliço porque o ex-juiz parcial e manipulador Sérgio Moro admitiu que ganhou de uma empresa estrangeira 656 mil dólares. Considerando que isso seja verdade, ou seja, que tenha sido essa a quantia real, devo admitir que já ganhei bem mais. Muito mais. Com pequenas diferenças, é claro.

O que eu ganhei de empresas nacionais e estrangeiras foi ao longo de mais de meio século de trabalho, e ele teria ganho isso, se é que foi só isso, em menos de um ano sem que ninguém saiba ao certo o que fez.

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Tudo bem: tenho amigos especialmente bem sucedidos capazes, como eu, de superar a quantia declarada pelo ex-juiz manipulador e desonesto. Mas até mesmo o mais bem sucedidos deles dificilmente alcançaria esse patamar em menos de um ano de trabalho, considerando que, no caso de Moro, tenha existido algum trabalho.

Outra diferença que gostaria de destacar entre meus amigos que ganharam muito mais que Sérgio Moro é essencial, e vai além do tempo.

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Nenhum de nós foi um juiz manipulador e parcial que arrebentou não apenas empresas, mas contribuiu diretamente para destroçar a democracia brasileira, frágil que era. 

Dos países que têm importância econômica e política no mundo, ao menos que eu saiba, o Brasil foi o único, graças ao bando capitaneado pelo juizeco provinciano, que em vez de punir empresários e milionários corruptores puniu com pena de morte – ou quase – empresas que empregavam, direta ou indiretamente, milhões de pessoas. 

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Alemanha, Canadá, Estados Unidos, Holanda, Japão, para ficarmos em cinco exemplos, fizeram denúncias exemplares a empresas gigantes que se espalham pelo mundo. 

Todas em algum momento, ou vários, se viram envolvidas em escândalos de corrupção. 

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Todas continuam funcionando: punidos foram os corruptores, que vão de acionistas e dirigentes a funcionários dos mais elevados e diversos níveis.

Moro diz que não fez nada ilegal desde que saiu do governo da aberração que ajudou a eleger. 

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Bem, isso será decidido por quem de dever e direito, e quanto mais cedo melhor para o país. Mas não resta dúvida alguma que tudo que fez desde que deixou de ser juiz é irremediavelmente imoral. 

Estou criticando Moro pelo que ele recebeu – ou diz que recebeu – em menos de um ano?

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Ora, essa é só a ponta da geleira. Debaixo desse monte de dólares há toda uma infinita bandalheira, e essa sim, deve ser o foco de atenções.

Só que, cá para nós, o que esperar de uma figura abjeta que, depois de manipular um julgamento de maneira escandalosa – e, diga-se: diante da inércia e de comportamento irremediavelmente poltrão de uma corte suprema que por omissão se fez cúmplice – abriu espaço para eleger o pior e mais patético presidente da história da República? 

Que de juiz se fez ministro, e de ministro se fez sócio ou empregado de uma empresa dedicada a cuidar dos espólios das empresas que ele mesmo destroçou?

Corrigindo: o que esperar, não. Como classificar? Como entender que essa figura não apenas perambule solta por aí como pretenda ser, com apoio dos meios oligárquicos de comunicação, candidato a qualquer coisa que não seja uma cela de prisão?

Essa a verdadeira injustiça envolvendo Sérgio Moro: que ele continue zanzando por aí. E é parte, apenas parte, das injustiças padecidas pelo país.

 


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