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Donizeti Nogueira

Senador pelo PT do Tocantins

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Bacurau: fui, assisti, vi e....

Considerando que o diretor fala de uma Bacurau no futuro, ele infere ao telespectador que: o prefeito é na verdade o Presidente Bolsonaro, os snipers norte-americanos representam Trump, e Bacurau é o Brasil. O cineasta nos deixa claro que a submissão e alinhamento automático do governo brasileiro aos EUA estão sugando as nossas energias

(Foto: Divulgação)
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Era início de noite de sábado quando fui ao cinema assistir ao filme Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Gostei muito e saí impressionado. Exponho aqui minha visão sobre a sua inserção na realidade política e social que estamos vivendo.  Não sendo cineasta, muito menos crítico de cinema, o que expressar aqui é decorrente da minha percepção de cinéfilo ocasional e, muitas vezes, desatento.

O dicionário me dá conta de um dos significados da palavra bacurau como sendo a denominação de um pássaro com hábitos noturnos e voos silenciosos, o que é expresso pelo diretor na tela através da comunidade de Bacurau, um pequeno e pacato povoado, apagado do mapa, que traz em si silêncios de outras épocas. Silêncio percebido pelo líder do núcleo norte-americano do filme através da sucata de uma viatura da polícia com várias perfurações de balas.

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Bacurau, na sua quietude, goza do mais completo abandono do Estado. Mas, mesmo assim, consegue com criatividade articular a aridez do sertão com seu sistema de abastecimento de água, usar tecnologia do celular que  garante estar conectada com o mundo e ter a comunicação de uma TV móvel, o que também permitia a execução de seu serviço de segurança.

O filme projeta uma ideia futurista de organização social, liderada e coordenada por um sentimento de comunidade coletiva, tanto que, após a morte de Dona Carmelita aos 94 anos, considerada a líder do povoado, não se percebeu nenhum movimento ou preocupação em escolher um novo líder. A liderança é exercida por todos. São futuristas também as relações de convivência e percepção de cada um no seu quadrado, com respeito às múltiplas opções de vida e preservação das diferenças.

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O filme de maneira informal se desenrola em três atos. No primeiro, são apresentados dois dos três protagonistas sociais: a Casa Grande, expressada no prefeito e seu séquito, detentor do poder do Estado sobre o segundo protagonista social, a Senzala, representada pela comunidade de Bacurau. Neste ato o diretor mostra claramente que existe entre ambos uma relação de desprezo e tolerância. De um lado, o povo não vai receber o prefeito, que presenteia a Senzala com o resto dos restos da Casa Grande. De outro, o prefeito sequestra uma das cidadãs da Senzala, a prostituta, e o povo apenas assiste. 

No desenvolvimento da obra, temos o segundo ato onde o diretor apresenta o terceiro protagonista social da trama: a mão visível do império (colonizador moderno), com toda a sua arrogância e desejo de superioridade. Isso fica nítido na demonstração de desprezo dos fascistas norte-americanos em relação aos brasileiros. Norte-americanos que encontram ali no sertão uma desejada cidadezinha, colocada fora do mapa por sua superioridade tecnológica, uma ilha isolada onde extravasariam as suas neuras e celebrariam a sua superioridade belicista. É também neste ato, à luz de acontecimentos estranhos, que floresce o espírito guerrilheiro e de resistência de Bacurau que, se percebendo atacada, voa silenciosamente e organiza a sua defesa.

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Na conclusão do enredo, o terceiro e último ato, o diretor amarra as pontas, revelando ao telespectador o papel e o lugar de cada um dos três protagonistas sociais. O Estado se apresenta como serviçal e lambe botas do Império. Através do confronto entre o Império – apoiado pela Casa Grande – e a Senzala, Bacurau resiste ao ataque, (o povo), dominada pelo seu espirito de coletividade e resistência. 

Dominando o senhor da Casa Grande, humilhando e enxotando o prefeito e promovendo a bastilha do sertão, degolando os imperialistas no silêncio sepulcral da comunidade, Bacurau sepulta a liderança imperialista ao mesmo tempo em que recupera a sua capacidade de voar livre e silenciosamente.

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Para concluir, considerando que o diretor fala de uma Bacurau no futuro, ele infere ao telespectador que: o prefeito é na verdade o Presidente Bolsonaro, os snipers norte-americanos representam Trump, e Bacurau é o Brasil. O cineasta, segundo minha percepção, nos deixa claro que a submissão e alinhamento automático do governo brasileiro aos EUA estão sugando as nossas energias e que não temos outra saída senão através da ação organizada e silenciosa do povo para libertar o nosso país da onda fascista e persecutória a que estamos submetidos.

...Gostei!

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