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Mariana Motta

YouTuber - Canal Púrpura

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Baixa qualidade do jornalismo na TV Cultura reacende debate sobre a formação dos comunicadores no Brasil

Como queremos formar profissionais competentes e responsáveis se ainda tem adolescente que sai da escola acreditando que o nazismo foi de esquerda?

manuela roda viva (Foto: Mariana Motta)
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Se você assistiu à edição com #ManuNoRodaViva nesta segunda-feira, com certeza percebeu o fato exposto na imagem abaixo. Ou será que interromper uma mulher é uma prática tão recorrente que já passa batida ao telespectador?

Coincidentemente, eu vi um vídeo anteontem intitulado "Manuela D'Ávila passa vergonha ao vivo". Nele, compondo uma espécie de mesa redonda, os entrevistadores perguntam sobre os casos de corrupção praticados pelo PT (e, como todo bom analfabeto político, mostram desconhecer os fatos ao repetir o mantra "o maior caso de corrupção da História do Brasil"). Do início ao fim do vídeo, eles dão o mesmo show de machismo: Manuela não consegue terminar uma frase de 5 palavras sem ser interrompida. Eles perguntam, interrompem e agem como se ela não tivesse competência para responder, transformando o título em uma verdadeira humilhação à inteligência de quem clica para assistir. Isso me trouxe uma reflexão: quando um monte de macho convida uma entrevistada mulher para participar de um programa de TV e não deixa ela completar uma curta resposta, quem é que está passando vergonha?

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No #RodaViva, a quantidade de perguntas que continham pérolas dignas de fila do mercado ou de ceia de Natal foi assustadora. Absurdos do tipo "o nazismo era de esquerda porque tem 'nacional socialismo' na construção do nome" rechearam essa edição do programa. A mim, pareceu o tempo todo que os entrevistadores contavam com a ignorância do telespectador para construir uma narrativa que tentasse desestabilizar a pré-candidata à Presidência da República. Em resumo, eles lançaram mão de diversas falácias conhecidíssimas pela Filosofia para tentar convencer o telespectador de que a Manu não sabia o que estava fazendo ali. E fracassaram terrivelmente.

É evidente que não se pode subestimar a importância da ética jornalística para exercer a profissão com responsabilidade. Colocar um dos coordenadores de campanha do #Bolsonaro como arapuca para fazer perguntas capciosas foi um dos claros movimentos que demonstraram que essa edição foi construída na tentativa de constranger e desmoralizar a candidata, não de conhecer suas ideias e promover um debate saudável. Mas, de toda forma, eu acredito que essa formação começa no ensino de base, não no curso superior.

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Estamos cansados de ver irresponsabilidade em todas as esferas do diploma universitário. Quem não lembra da entrevista forjada pelo programa do Gugu nos anos 2000, que contratou um ator para se passar por integrante do PCC na época em que aconteceu a crise de segurança do estado de São Paulo? Foi um dos maiores escândalos que o Jornalismo brasileiro já conheceu. Isso para não falar dos médicos que compartilharam os laudos sobre a saúde de D. Marisa Letícia e debocharam dela brincando de imaginar como sua morte poderia ser encomendada. Nem preciso comentar sobre o Palace II, no Rio de Janeiro, que desmoronou depois de ter sido construído com uma mistura de areia da praia e concreto. O engenheiro responsável, Sérgio Naya, foi deputado pelo PP e já faleceu, mas foi impossível não lembrar do caso em 2018, quando o desabamento de 44 apartamentos completou vinte anos.

É urgente que a sociedade discuta a qualidade do ensino de base no Brasil. Toda vez que o governo corta os investimentos em educação, ele enxuga a estrutura da rede pública e a deixa mais tecnocrática e mais precária de disciplinas como História, Filosofia, Sociologia, Antropologia e Teoria Política. Como queremos formar profissionais competentes e responsáveis se ainda tem adolescente que sai da escola acreditando que o nazismo foi de esquerda? A educação básica, definitivamente, vai além da tabuada do 9. E reduzir esse debate ao moralismo acadêmico, colocando a falta de diploma universitário como fator único determinante da irresponsabilidade dos comunicadores, é esquecer que os articuladores do golpe de Estado em curso no Brasil nem têm mais espaço na parede pra pendurar diploma.

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#canalpúrpura #PurpurizeSe #jornalismo #comunicação #comunicaçãosocial #ética #machismo #deixaelafalar #eleições #eleições2018

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