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Evo Morales Ayma Ayma

Presidente da Bolívia por três mandatos consecutivos, de 2006 a 2019.

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Balas de Washington

O ex-presidente da Bolívia Evo Morales assina o prefácio do livro recém-editado de Vijay Prashad

(Foto: REUTERS / ELIJAH NOUVELAGE)
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Por Evo Morales Ayma 

(Publicado no site A Terra é Redonda)

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Este é um livro sobre balas, diz o seu autor. Balas que assassinaram processos democráticos, que assassinaram revoluções e que assassinaram esperanças.

O bravo historiador e jornalista indiano Vijay Prashad emprega toda a sua vontade para explicar e ordenar de forma compreensível e totalizadora o obscuro interesse com que o imperialismo intervém nos países que tentam construir seu próprio destino.

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Nas páginas deste livro se documenta a participação dos Estados Unidos do assassinato de lideranças sociais da África, Ásia e da América Latina e nos massacres massivos dos povos que se opõem a pagar com sua própria pobreza os negócios delirantes das corporações multinacionais.

Prashad diz que essas balas de Washington têm um preço: “O preço mais alto é pago pelas pessoas. Porque nestes assassinatos, nesta intimidação violenta, são as pessoas as que perdem suas lideranças em seus locais, um líder camponês, um líder sindical, um líder dos pobres”.

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Prashad nos relata de maneira documentada a participação da CIA no golpe de Estado de 1954 contra Jacobo Arbenz Guzmán, presidente da Guatemala democraticamente eleito. Arbenz tivera a intolerável audácia de se opor aos interesses da United Fruit Company.

No Chile, o autor mostra como o governo estadunidense, por meio da CIA, financia, com 8 milhões de dólares, greves e protestos contra Allende.

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O que aconteceu no Brasil, no golpe parlamentar que terminou com a destituição da presidenta Dilma Roussef, em agosto de 2016, é um exemplo completo da prática perversa do lawfare, isto é, “o uso da lei como arma de guerra”. O mesmo instrumento foi utilizado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que sofreu 580 dias de prisão como resultado de um julgamento em que a promotoria não apresentou provas concretas, mas apenas “convicções”.

Os tempos mudaram e mudaram os negócios, mas as formas e as respostas do imperialismo apenas se modificaram.

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Nós, bolivianos, conhecemos muito bem esta política perversa. Inclusive muito antes dos quase 14 anos de nossa administração do Estado plurinacional da Bolívia, tivemos que enfrentar operações, amedrontamentos e represálias que vinham dos Estados Unidos.

Em 2008, tive que expulsar do país o embaixador estadunidense Philip Goldberg, que estava conspirando com líderes separatistas para lhes dar instruções e recursos para dividir a Bolívia. Naquele momento, o Departamento de Estado estadunidense disse que minhas denúncias eram infundadas. Não sei o que dirão agora, quando é tão evidente a participação da embaixada estadunidense no golpe de Estado que nos derrubou em fins de 2019. O que dirão os futuros pesquisadores que se dedicarem a ler os documentos, hoje secretos, da CIA?

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As chamadas doutrinas Monroe e de “Segurança Nacional” tentam converter a América Latina em seu quintal e tentam criminalizar qualquer organização que se oponha a seus interesses e tente construir um modelo alternativo político, econômico e social.

Ao longo das décadas, inventaram uma série de pretextos e construíram uma narrativa para tentar justificar suas criminosas intervenções políticas e militares. Primeiro era a desculpa da luta se soma a desculpa da luta contra o terrorismo.

Este livro traz à memória uma infinidade de ocasiões em que as balas de Washington destroçaram esperanças. O colonialismo utilizou sempre a ideia de progresso de acordo com seus próprios parâmetros e sua realidade. Esse mesmo colonialismo que hoje coloca em crise nosso planeta, que devora os recursos naturais e que concentra a riqueza surgida da devastação diz que nossas leis do Bem Viver são utopias.

Mas se nossos sonhos de equilíbrio com a Pachamama, de liberdade e de justiça social ainda não são realidade ou se viram bloqueadas, isso ocorre principalmente pela intervenção do imperialismo para bloquear nossas revoluções políticas, culturais e econômicas que hasteiam a soberania, a dignidade, a paz e a fraternidade com todos os povos.

Se a salvação da humanidade está longe é porque Washington persiste em utilizar suas balas contra os povos.

Escrevemos estas linhas e lemos estes textos em momentos muito tensos para nosso planeta. Um vírus está colocando a economia mundial em quarentena, e o capitalismo, com sua habitual voracidade e sua necessidade de concentrar riquezas, está mostrando seus limites.

É provável que o mundo que surja deste conturbado ano de 2020 já não seja o que conhecemos. Cada dia se impõe o dever de continuar nossa luta contra o imperialismo, contra o capitalismo e contra o colonialismo. Devemos trabalhar juntos por um mundo em que seja possível mais respeito pelas pessoas e pela Mãe Terra. Para isso, é importante a intervenção dos Estados em favor das maiorias e dos oprimidos. Temos a convicção de que somos a maioria. E que as maiorias, ao fim, vencerão.

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