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Ben Norton

Jornalista independente e editor do Geopolitical Economy Report

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Banco dos BRICS está desdolarizando, diz Dilma Rousseff

Dilma promete 30% de empréstimos em moedas locais

Dilma toma posse como presidente do banco dos BRICS (Foto: Ricardo Stuckert)
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Artigo publicado originalmente no Geopolitical Economy em 16/4/23. Traduzido e adaptado por Rubens Turkienicz com exclusividade para o Brasil 247

A nova presidenta do Banco dos BRICS revelou que o bloco liderado pelo Sul Global está avançando na direção da desdolarização, movendo-se gradualmente para longe do uso do dólar estadunidense.

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O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) planeja conceder cerca de um terço (30%) dos seus empréstimos nas moedas locais dos membros da instituição financeira.

Dilma Rousseff, a ex-presidenta esquerdista do Brasil, assumiu a liderança do NBD, localizado em Xangai, China, em março.

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O NBD foi criado em 2014 pelo bloco dos BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — como uma alternativa orientada do Sul Global ao Banco Mundial dominado pelos EUA, infame por impor reformas econômicas neoliberais sobre países empobrecidos, impedindo o seu desenvolvimento.

Numa entrevista para a CGTN, o maior veículo de mídias da China, em 14 de abril, Rousseff explicou: “Faz-se necessário encontrar maneiras para evitar o risco cambial e outros problemas — como ser dependentes de uma única moeda, como o dólar estadunidense”.

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“A boa notícia é que estamos vendo muitos países escolhendo comercializar usando as suas próprias moedas. Por exemplo, a China e o Brasil estão acordando em fazer trocas entre o renminbi (RMB) e o Real do Brasil”, ela disse.

“No NBD, nós assumimos este compromisso na nossa estratégia. Para o período de 2022 a 2026, o NBD deve emprestar 30% em moedas locais, de modo que 30% da nossa carteira de empréstimos serão financiados nas moedas dos nossos países-membros”, Rousseff adicionou.

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“Isto será extremamente importante para ajudar os nossos países a evitar riscos cambiais e escassez nas finanças que impedem os investimentos de longo prazo” a nova presidenta do NBD salientou.

Os membros do NBD incluem não só os fundadores dos BRICS, como também Bangladesh, os Emirados Árabes Unidos e o Egito. O Uruguai também está no processo de tornar-se membro e muitos outros países manifestaram interesse em fazê-lo.

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A Argentina, o Irã e a Argélia se inscreveram formalmente para participarem do bloco ampliado dos BRICS+ e, segundo o ministro das relações exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, há outras nações interessadas que “incluem o Egito, a Turquia, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, a Indonésia, a Argentina, o México e um número de países africanos”.

A ministra das relações exteriores da África do Sul, Naledi Pandor, revelou em janeiro que os BRICS planejam “desenvolver um sistema mais justo de trocas monetárias” a fim de enfraquecer a “dominação do dólar”.

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“Os sistemas que estão em uso atualmente tendem a privilegiar países muito ricos e tendem ser efetivamente um desafio para países, como os nossos, que devem fazer pagamentos em dólares — o que custa muito mais em termos das nossas várias moedas”, ela disse.

“Portanto, eu penso que um sistema mais justo deve ser desenvolvido e isso é algo que estamos conversando com os ministros dos BRICS nas discussões do setor econômico”, Pandor adicionou.

Neste mês de abril, o atual presidente do Brasil, Lula da Silva, um colega de Dilma no esquerdista Partido dos Trabalhadores, fez uma visita histórica à China — quando ele instou a desafiar a dominação do dólar estadunidense.

Quando esteve em Xangai, Lula foi o primeiro chefe de Estado a visitar a sede do NBD, quando ele participou da cerimônia de posse de Dilma.

Lula disse que a meta do NBD é de “criar um mundo com menos pobreza, menos desigualdade e mais sustentabilidade”.

Ele acrescentou que o banco deve desempenhar “um papel de liderança em alcançar um mundo melhor, sem pobreza ou fome”.

Dilma também comentou, “como ex-presidenta do Brasil, eu conheço a importância do trabalho de bancos multinacionais para apoiar os países em desenvolvimento, especialmente o NBD, em lidar com as suas necessidades econômicas, sociais e ambientais”.

“Sem dúvida, tornar-me a presidenta do NBD é uma grande oportunidade para fazer mais pelos BRICS, os mercados emergentes e os países em desenvolvimento”.

Na sua entrevista para a CGTN, Rousseff explicou as suas metas para o Banco dos BRICS:

“É muito importante para mim que o Novo Banco para o Desenvolvimento (NBD), o banco dos BRICS, atue como ferramenta para apoiar as prioridades de desenvolvimento dos BRICS e de outros países em desenvolvimento.
“Nós precisamos investir em projetos que contribuam em três áreas fundamentais:
"Primeiro, nós precisamos apoiar os países com ações concernentes às mudanças climáticas e as metas de desenvolvimento sustentável.
“Em segundo lugar, nós devemos promover a inclusão social em todas as oportunidades que tivermos.
“E eu acredito que nós devemos financiar os seus projetos mais críticos e estratégicos de infraestrutura.
“Isto dito, nós queremos promover o desenvolvimento com qualidade.
“Os países em desenvolvimento ainda não têm a infraestrutura necessária. Eles não têm portos, aeroportos e estradas suficientes para atender às suas necessidades. E, muito frequentemente, o que eles têm não é adequado.
“Eles ainda devem construir alternativas e modelos mais modernos de transporte, por exemplo.
“Eu vejo a China, um país que desenvolveu a capacidade alternativa de transporte na escala e qualidade que precisa ter.
“O NBD também deve apoiar os outros países a construir a sua infraestrutura de qualidade — como os trens de alta velocidade.
“É muito importante investir em tecnologia e inovação, investir nas universidades, por exemplo.
“Os nossos países não superarão a pobreza extrema se não investirmos em educação, ciência e tecnologia.

Quando perguntada sobre quais os desafios que os BRICS e o NBD enfrentam, Rousseff respondeu:

“Agora o mundo está sob a ameaça de ter uma inflação alta e políticas monetárias restritivas, especialmente nos países em desenvolvimento.
“Tais políticas monetárias resultam em uma taxa de juros mais alta e, portanto, uma probabilidade maior de redução de crescimento e uma probabilidade maior de recessão.
“Isto coloca uma questão importante para os BRICS. Precisamos de um mecanismo, um chamado mecanismo anti-crise, que deve ser contra-cíclico e apoiar a estabilização.
“É necessário encontrar maneiras de evitar riscos cambiais e outras questões — como ser dependentes de uma única moeda, como o dólar estadunidense.
“A boa notícia é que estamos vendo muitos países escolhendo comercializar usando as suas próprias moedas
“Por exemplo, a China e o Brasil estão acordando de trocar com o RMB (renmimbi) e o Real brasileiro.
“No NBD, nós temos um compromisso com isto na nossa estratégia. Para o período de 2022 a 2026, o NBD deve emprestar 30% em moedas locais, portanto 30% da nossa carteira de empréstimos serão financiados nas moedas dos nossos países-membros.
“Isto será extremamente importante para ajudar os nossos países a evitarem os riscos cambiais e a escassez nas finanças que impedem os investimentos de longo prazo.

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