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Pedro Paiva

Jornalista, mora em Nova York. Foi produtor e repórter do América News, jornal do canal internacional da Globo feito para a comunidade brasileiros nos Estados Unidos. É colaborador da Revista Híbrida e da USBRTV nos Estados Unidos. Acompanha a política estadunidense e outros temas importantes do país

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BC dos EUA, o Fed, quer que o desemprego cresça

Dados de abril mostram que a taxa de desemprego chegou à menor desde 1969: 3,4%

Sede do Federal Reserve, em Washington 26/01/2022 (Foto: REUTERS/Joshua Roberts)
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Um levantamento divulgado hoje pelo Departamento de Trabalho dos Estados Unidos mostrou que o desemprego segue em queda no país. A taxa, em abril, ficou em apenas 3,4%, o menor nível há 53 anos. Mas o Federal Reserve (FED), o Banco Central americano, não ficou contente com a notícia. Muito pelo contrário, o FED já deixou claro que um dos seus maiores objetivos na atualidade é fazer o desemprego aumentar.

Sim, é isso mesmo que você leu. No país símbolo do capitalismo selvagem e do consumismo exacerbado, o grande objetivo do Banco Central é cortar vagas de emprego, diminuir salários e, acredite se quiser, reduzir o consumo. Mais assustador é o fato de que quase ninguém parece questionar essa decisão, nem mesmo a Casa Branca. Para Jerome Powell, presidente do FED indicado por Trump e depois renomeado por Biden, mais vale agradar ao sistema financeiro e às grandes empresas que à massa trabalhadora do país.

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A justificativa do FED é que, para conter a inflação, que hoje está próxima a 5%, é preciso um maior exército de reserva para que os salários parem de subir. A idea é que com um desemprego maior, as empresas não precisariam elevar os salários na busca por trabalhadores e, consequentemente, diminuir a demanda por produtos. O objetivo é que a inflação no país volte ao patamar de 2%.

É óbvio, porém, que uma política que se baseia no aumento do desemprego não é lá muito popular. Uma pesquisa da Lake Research Partners de março deste ano mostrou que a maioria dos americanos querem que o FED pare de aumentar o juros. A mesma pesquisa revelou, também, que os eleitores nos EUA acreditam que o FED serve mais aos “bancos” (38%), às “grandes empresas” (38%) e à “Wall Street” (30%) do que aos “americanos comuns” (14%). A porcentagem é em relação ao “sim” na pergunta específica sobre se o FED serve àquele grupo ou não.

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A situação lembra o caso do Brasil. De acordo com uma pesquisa Quaest, divulgada em fevereiro, 76% dos brasileiros concordam que a taxa de juros - um absurdo de 13,75% - deveria baixar. Essa é, também, a opinião do presidente Lula. Se nos EUA o FED tenta resfriar a economia com uma taxa básica de 5,25%, no Brasil o Banco Central congela toda e qualquer possibilidade de crescimento econômico. Talvez por isso o sentimento seja que o BC hoje trabalha mais para a Faria Lima, a Wall Street brasileira, que ao “brasileiro comum”.

O esperado, segundo o Banco Central americano, é que o desemprego seja de 4,4% no ano que vem, podendo chegar a 5%. No cenário mais pessimista para os trabalhadores (não para o FED), 2,7 milhões de pessoas perderiam seus empregos para que a inflação seja controlada. Para Joe Biden, que propagandeia o desemprego baixo, uma alta não seria boa às vésperas da eleição de 2024. O risco que as altas taxas vem trazendo ao setor bancário, com 3 bancos já declarando falência, tampouco. No entanto, o presidente não se opõe publicamente à decisão do FED que, nos EUA, tal qual no Brasil, é autônomo.

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Joe Biden chegou ao poder prometendo governar para a “Main Street”, e não para a “Park Avenue”, em uma alusão aos trabalhadores, renegados, e aos endinheirados que mandam e desmandam no país. Ao ser conivente com uma decisão tão impopular, e que afeta em cheio os interesses objetivos da maioria da população, Biden apenas reforça que, independente do partido no poder, os governos recentes do país pouco entendem sobre a ideia de Abraham Lincoln sobre um governo “do povo, pelo povo e para o povo”.

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