BC foi privatizado, efetiva política neoliberal, impede investimento público e avanços sociais no País
O Banco Central tem que urgentemente deixar de ser um entrave ao desenvolvimento econômico e às conquistas sociais
O Banco Central foi privatizado e sequestrado pelos banqueiros desde que se tornou autônomo. A autarquia é um cavalo de Tróia recheado de banqueiros e seus capatazes de poder e mando estão a serviço daqueles que sabotam qualquer Governo, principalmente se ele for trabalhista, de esquerda, e o ministro da Fazenda ter pensamento estruturalista --- desenvolvimentista.
Realmente é inexplicável o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, e os oito membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC manterem, sistematicamente, taxas de juros elevadíssimas, na casa dos 15%, e praticamente utilizarem um único e surrado argumento para explicar os juros estratosféricos impostos há anos à população brasileira em prol de atender às demandas da minoria mais rica da sociedade.
Independente de questões técnicas, os juros praticados no Brasil são escorchantes, em patamares que impedem uma desenvoltura maior da economia em geral, uma reclamação recorrente do Governo Federal, do empresariado e dos trabalhadores e suas federações e confederações. As críticas são constantes e retrocedem há anos, não obstante as questões sobre controle de inflação, deflação e aquecimento e desaquecimento da economia, consumo, investimentos, emprego e desemprego, dentre outras valências tão decantadas pelos economistas e financistas.
Acontece que inúmeros setores e segmentos da sociedade brasileira que atuam e agem no meio econômico e financeiro, assim como os setores competentes do Governo Federal e seus órgãos especializados, além dos estudiosos das universidades federais, consideram que a inflação está controlada, como assegura o IBGE ao afirmar que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é referência para as metas do BC, teve uma variação ínfima de apenas 0,09% no mês. O IBGE informou ainda que esta variação é a menor que ocorreu em outubro desde 1998. Porém, o que mais chama a atenção é que a variação de 0,09% está abaixo das estimativas dos analistas.
Além disso, em 12 meses a inflação (a menina dos olhos dos técnicos do BC) acumulada, no decorrer de 12 meses, ficou em 4,68%, uma inflação baixa e que praticamente está a cumprir com o teto estabelecido, pois se trata ainda do menor índice inflacionário desde janeiro, de acordo com o IBGE. Trata-se de um resultado excepcional, o que denota o caráter responsável de um Governo trabalhista e que deseja diminuir os juros pornográficos impostos a fórceps à nação brasileira há muitos anos.
Esta situação se repete indeterminadamente, de maneira que causa má impressão à sociedade, que considera o Banco Central, depois que se tornou independente em 2021, uma autarquia que, apesar de ser federal e por isto sustentada pelo dinheiro público, tem tratado com mais atenção ainda e a dar prioridade às demandas dos banqueiros, os donos dos bancos privados, tanto em âmbito nacional quanto internacional, sendo que o cerne da questão são, principalmente, os altíssimos juros, que tornam os banqueiros trilionários, mas impedem que a economia em geral cresça para gerar riqueza, renda, emprego e bem-estar social à população.
Porém, nos últimos três anos, depois de o Governo Lula-3 ser sabotado em seu projeto desenvolvimentista aprovado pelo voto popular, mas que ficou restrito e limitado por causa das ações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, um economista de pensamento monetarista, de orientação ortodoxa, que se autodenomina “liberal liberal”, que nos dois primeiros anos da administração Lula agiu como o enclave da direita brasileira para manter no cabresto o desenvolvimento econômico por intermediário dos juros extremamente altos, o que limita o crescimento desejado majoritariamente pelos principais atores da indústria, do comércio e também da sociedade organizada em geral.
Roberto Campos Neto foi nomeado por Jair Bolsonaro, que, por meio de Paulo Guedes, seu ministro da Economia, implementou no Brasil um dos governos mais entreguistas e neoliberais da história deste País, de modo também a encaixar, como se fosse uma luva, o ex-presidente do Banco Central ao perfil ultraneoliberal do Governo Bolsonaro. Campos agiu deliberadamente para conspirar contra o projeto de País do Governo Lula-3 e, evidentemente, que apontou o canhão da elevação dos juros sistemáticos contra os interesses da sociedade brasileira, o que levou o presidente Lula a inúmeras críticas a Campos e a embates políticos e institucionais.
Para quem não sabe, Roberto Campos Neto é umbilicalmente ligado a bancos privados poderosos. O alto executivo do sistema financeiro é atualmente o vice-presidente do conselho de administração e chefe global de políticas públicas do Nubank. Ele começou no novo cargo em julho de 2025. Campos também ocupou cargos importantes de chefia nos bancos Bozano, Simonsen e Santander, além de ter ocupado cargo de relevância na Claritas Investimentos, uma administradora bilionária que trabalha com fundos de investimento.
Entretanto, nada adiantou para Roberto Campos Neto começar a diminuir os juros estratosféricos, a atender sem sentir qualquer constrangimento, os interesses dos banqueiros e das lideranças que respondiam pela economia, a exemplo do ministro Paulo Guedes, um banqueiro ultraneoliberal que desejou vender até o Banco do Brasil, bem como doou aos lobos do sistema financeiro privado a Carteira de Crédito do histórico banco público de 217 anos, em uma operação até hoje muito questionada no valor aquém do que é justo de R$ 2,9 bilhões em termos do gigantismo do BB e de sua bilionária carteira de crédito.
Quem comprou a Carteira de Crédito, cara-pálida? O BTG Pactual de André Esteves, um banqueiro que esteve no olho do furacão de inúmeras ações relativas ao mundo das finanças de uma maneira nada lisonjeira para dizer o mínimo. Agora vamos à outra pergunta: quem foi um dos fundadores do Pactual? Respondo: Paulo Guedes. E foi ele como ministro privatista radical que propiciou pela primeira vez a venda de ativos do BB, a exemplo da Carteira de Crédito de um poderoso banco público para um banco privado.
Ou seja, mais uma vez pessoas bilionárias deitam e rolam em cima do patrimônio e do dinheiro públicos, simplesmente porque oportunistas e predadoras do Estado nacional desde sempre, a se aproveitarem de estar no poder e, consequentemente, abrirem para elas próprias canais que permitiram acumular mais riquezas, em uma ambição e ganância desmedidas, realidade que prejudica severamente a sociedade brasileira. Fora a desgraça que causam à Nação quando tratam o bem público como se pertencesse a esse tipo de gente de baixa estatura moral com vocação para a sordidez e a perfídia.
Mas voltemos aos juros e ao desenvolvimento da economia. Evidentemente, o Governo Lula-3, com raríssimas exceções de aspectos pontuais, sempre cumpriu com as metas estabelecidas não somente pelo Banco Central, mas principalmente pelo Ministério da Fazenda e os órgãos adjacentes, a exemplo da Receita Federal, IBGE etc.
Todavia, mesmo a demonstrar por meio de números e índices reais que a economia administrada pelo Governo trabalhista estava a cumprir as metas, com inflação baixa, que em 12 meses ficou em 4,68%, o presidente do Banco Central, que tem como responsabilidade principal controlar a inflação, parece ver o mundo a dar primazia apenas aos números, porque até o momento não acenou que dará início aos cortes na taxa Selic. O Governo está praticamente a cumprir com o teto em 2025 e, com efeito, espera que o BC diminua os juros, que chegam a ser pornográficos e privilegiam o andar de cima da sociedade, que é a minoria da minoria em termos populacionais.
Gabriel Galípolo continua a dar sequência à administração lamentável e irresponsável de Roberto Campos Neto à frente do Banco Central, que não agiu apenas no campo das finanças, no controle da inflação e nas decisões sobre os escorchantes juros. Campos agiu como um político. Ele foi um cavalo de Troia dos interesses dos banqueiros e da oposição partidária de extrema direita a agir contra o Governo Lula-3, liderado por um mandatário que quando assume a Presidência da República nomeia ministros da Fazenda de pensamento estruturalista, desenvolvimentista e distributivista, como Guida Mantega e Fernando Haddad.
Não interessa à oposição de direita e parte do empresariado, da classe média ou que seja deixarem de apostar em uma administração neoliberal, que concentra brutalmente riqueza e renda e deixa cada vez mais ricos os ricos, apesar que no mundo inteiro o neoliberalismo afundou as economias dos países, porque a política econômica neoliberal defendida por gente como Roberto Campos Neto ou Paulo Guedes, dentre muitos outros, levou fome, miséria, conflitos sociais e guerras em todas as partes do mundo.
Trata-se de um fracasso retumbante, de maneira que os países desenvolvidos colocaram um freio na loucura neoliberal iniciada em termos mundiais pelo Consenso de Washington em 1989, que apenas aumentou a desigualdade entre os países e, com efeito, entre as pessoas e as classes sociais. Inclusive, vários países considerados de primeiro mundo pararam com as privatizações ou as diminuíram bastante, bem como reestatizaram empresas, porque deixar setores e segmentos estratégicos nas mãos de empresários e banqueiros é a mesma coisa que pôr uma raposa para cuidar do galinheiro. Óbvio que esse processo dantesco não daria certo. O neoliberalismo é gerador de desigualdade, pobreza e violência. Ponto.
Muitos dos “profetas” e “messias” do neoliberalismo que olham com desdém as pessoas que discordam deles, o que denota imbecilidade e ignorância sobre as realidades da sociedade, que não come números, índices e porcentagens, ainda vieram com o papo furado e também com a prática da liberalização comercial, desregulamentação, abertura de mercado sem nenhuma proteção, além da privatização estatais estratégicas para soberania e desenvolvimento.
Esses fundamentos do liberalismo (neoliberalismo) não deram certo em inúmeras nações, principalmente na América Latina, cujas riquezas durante décadas foram dilapidadas em um verdadeiro processo de extorsão e espoliação para pagar dívidas com juros inacreditáveis a bancos como BID, Bird e FMI, que agiram como agiotas internacionais a aplicar "receitas" econômicas draconianas, de maneira a canalizar para os países ricos e para os banqueiros nacionais e internacionais verdadeiras fortunas, o que permitiu a esses países enriquecerem ainda mais, além de preservar o bom padrão de vida de suas populações.
Enquanto no Brasil, tudo aconteceu ao contrário, os preços aumentaram vertiginosamente e muitas das ex-estatais não investiram em estrutura como deveriam e passaram a oferecer um serviço mal feito, no popular, serviço “porco”, com diminuição de pessoal para atender às demandas, além de técnicos sem experiência para resolver os problemas.
Causa-me calafrios só de pensar nas cidades mineiras de Brumadinho e Mariana, que foram literalmente soterradas com lama tóxica pela Vale do Rio Doce, Samarco Mineração e BHP Billiton, simplesmente porque os proprietários não quiseram investir em segurança. São, na verdade, criminosos bilionários, que mataram gente e prejudicaram de morte as economias locais e o meio ambiente. Uma situação tão inominável e indescritível, que era para esses empresários inconsequentes, viciados em dinheiro e irresponsáveis irem direto para a cadeia — e cadeia longa, tá!
Assim também acontece com várias empresas em diferentes setores da economia, que oferecem serviços horrorosos, mas os empresários, os donos de tudo o que eles não edificaram, não programaram e não planejaram, a morar em mansões e a viajar pelo mundo de jatinho para curtir a vida, por intermédio do controle de importantes e grandes estatais que eles e seus sócios não tinham a mínima condição de construir, porque para construir megaempresas, que cooperaram decisivamente para o desenvolvimento do Brasil, é preciso dinheiro, conhecimento, estudos, pesquisa, ciência e investimentos, coisas que eles nunca se organizaram para realizar. E quem criou as estatais brasileiras? Respondo: os impostos do povo brasileiro, a competência do trabalhador brasileiro e, evidentemente, os servidores de ponta ou especializados do Estado nacional em seus diversos e diferentes órgãos públicos.
Ou você acha que são os empresários apostadores das bolsas, rentistas e donos de bancos e de grandes empresas privadas, como a Ambev, que compram as estatais a preço abaixo do valor, muitas delas estratégicas para a soberania do País, que efetivaram o desenvolvimento e os avanços tecnológicos e econômicos? Claro que não, cara-pálida! O estado brasileiro sempre foi o indutor do desenvolvimento econômico e social do País. A burguesia de alma escravocrata deste País rico de povo pobre sempre mamou nas tetas do Estado, e pra valer. Duvida? Então vai estudar para deixar de ser um bocó...
Por sua vez, e para concluir, Gabriel Galípolo, o mandatário de um BC que prioritariamente atende à banca privada, pois é o que parece, afirmou que vai manter os juros em 15%, absurdamente, sim senhor... E por quê? Porque para o presidente da poderosa autarquia o "BC não pode brigar com os dados", a não importar, como disse antes, se os dados atualizados mostram que a inflação foi de apenas 0,09% em outubro, sendo que os incríveis juros de 15% significam que o Brasil atingiu o maior patamar em quase duas décadas quando se trata da taxa Selic.
Galípolo simplesmente recusou a sugestão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad de dar início aos cortes nos juros, porque para o alto executivo do BC "o cenário inflacionário (que é muito bom há algum tempo, diga-se de passagem) não permite a flexibilização dos juros. É mole ou quer mais, camarada? Dá a impressão que o BC foi literalmente sequestrado pelos banqueiros donos de bancos privados e por isso faz o jogo de quem controla o mundo financeiro, especialmente quando se trata desses juros pornográficos, que sabotam investimentos governamentais e privados, deixam o Estado nacional de joelhos perante a dívida pública, que não pára de crescer porque o Estado tem que pagar seus credores com juros exorbitantes embutidos.
Trata-se de um situação inaceitável e surreal, porque os burocratas de alto escalão passam a ter mais poder que o Governo de um presidente eleito por decisão e vontade do povo brasileiro por meio de dezenas de milhões de votos. Ou seja, um programa de governo aprovado pelas urnas fica a mercê de um BC escandalosamente autônomo, cujo Copom decide, sem ouvir ninguém, sobre as políticas públicas que deveriam ser efetivadas no Brasil, já que para realizar investimentos é necessário estabelecer metas e parâmetros inflacionários, dentre outras questões de ordem financeira e monetária. Entretanto, é o que o Governo tem feito: cumprir as metas.
O problema é que as metas estão dentro do arcabouço que foi programado e estabelecido pelo Governo Lula-3 com a observância do Banco Central, porque quando se trata de números e índices os inúmeros órgãos convergem para o que foi proposto e realizado e assim permita que o País entre em um ciclo de investimentos e, com efeito, os resultados chegarem à ponta, que é o povo brasileiro. O BC tem que urgentemente deixar de ser um entrave ao desenvolvimento econômico e às conquistas sociais. O Banco Central foi, infelizmente, privatizado e o Copom é a gerência principal dos banqueiros. É isso aí.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

