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Marcus Atalla

Graduação em Imagem e Som - UFSCAR, graduação em Direito - USF. Especialização em Jornalismo - FDA, especialização em Jornalismo Investigativo - FMU

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Bellingcat e o suposto jornalismo independente financiado por empresas de inteligência dos EUA e Reino Unido

O descrédito das grandes empresas de mídia jornalística tradicional, que até o aparecimento das redes sociais, tinham o monopólio das fakenews e da criação de um mundo paralelo, contribui para o surgimento de um público mais crítico. Público esse, que cada vez mais, recorre aos veículos de jornalismo independente para se informar. No entanto, parte desses veículos não são independentes, mas usam essa nomenclatura, apenas para transmitir uma falsa ideia de credibilidade

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Bellingcat é um site jornalístico investigativo que se propaga como uma imprensa independente, um revelador da verdade em um mundo da desinformação proposital. Apesar de pouco conhecido do público brasileiro em geral, o site investigativo é bem conceituado entre os jornalistas brasileiros, especialmente naqueles que trabalham em agências de checagem de fakenews e investigação OSINT, investigação digital em códigos abertos. As técnicas forenses usadas pelos membros do Bellingcat são realmente boas. 

A (ABRAJI) Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo trouxe por diversas vezes os membros do site, para palestrarem nos Congressos anuais da entidade. Entretanto, surgem novos indícios de algo que já era uma desconfiança entre os jornalistas internacionais da imprensa independente em geopolítica. 

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O Bellingcat não é um site independente, nem um guerreiro contra a desinformação, é usado como uma arma geopolítica contra países que são vistos como inimigos estratégicos dos EUA, Inglaterra e demais países da OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Outra questão suscitada é que várias das provas apresentadas pelo site, são informações privilegiadas vindas diretamente das agências de inteligência e não a partir de suas próprias técnicas e investigações. 

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Essa discussão vai além do simples caso Bellingcat, estende-se aos veículos que se autointitulam como independentes, mas suas intenções é vender uma falsa ideia de neutralidade e defensores da verdade, quando efetivamente, são criadores de narrativas enganosas dos interesses escusos de países e empresas. 

Entendendo o Caso Bellingcat e seu financiamento por empresas de inteligência dos EUA e do Reino Unido

Fundado por Eliot Higgins em 2014, o Bellingcat rapidamente se tornou benquisto na imprensa internacional, principalmente pela sua atuação em investigações de supostos ataques químicos realizados pelo Governo Sírio. Contudo, com o passar do tempo, surgiu uma desconfiança, já que o site responsabilizava a inteligência russa por ações sabidamente realizadas pelos EUA, por vezes, através de suas oficiosas empresas de mercenários. 

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Higgins costuma se comunicar pelo Twitter e diz que atua de forma colaborativa com seguidores do mundo todo. Seguidores esses, que através da rede social ajudariam nas investigações, seu projeto seria o de incentivar que qualquer cidadão possa fazer suas próprias investigações. O site ganhou notoriedade, após ter várias de suas matérias republicadas pela BBC, imprensa estatal britânica.

Higgins afirma que seu site não aceita financiamento de governos, justamente para não ser influenciado por eles. Ser um veículo independente, sempre foi usado como propaganda de sua credibilidade. 

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Entretanto, o site independente especializado em geopolítica, The Grayzone, publicou (09/08) as descobertas do Kit Klarenberg, jornalista que se especializou na atuação dos serviços de inteligência na formação de políticas e percepções. Suas apurações trouxeram novos indícios de que não só é falsa a independência do site, como ele é usado politicamente como uma arma de desinformação e no interesse de empresas que faturam alto com as guerras. Bellingcat é financiado pela National Endowment for Democracy (NED), think tank de fachada ligada à agência de inteligência dos EUA.As contas financeiras publicadas de 2019 a 2020 comprovam que o Bellingcat recebe grande quantidade de dinheiro de empresas prestadoras de serviços à inteligência ocidental. Os lucros dessas empresas foram altíssimos na guerra da Síria. Forneceram apoio logístico a grupos jihadistas aliados da Al Qaeda. Eliot Higgins recebe informações privilegiadas e tendenciosas de fontes extremistas, agentes de inteligência e ex-militares. Porém, jornalistas do mundo todo continuam acreditando que tais informações são adquiridas apenas por suas investigações em fontes abertas.

Algumas das empresas financiadoras que estão no relatório são:

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  • Zandstorm BV, empresa de fachada holandesa fundada por Joseph Peeraer, um magnata da energia que preside o conselho de supervisão do Bellingcat.
  • Chemonics International, tem sua sede em Washington e conduz operações de inteligência e desestabilização de países por todo o mundo. Financiada pelo governo dos Estados Unidos. Seu fundador admitiu que criou a empresa para "ter [sua] própria CIA". 
  •  Zinc Network, um órgão secreto de inteligência que conduz operações de guerra de informação, em nome de vários ministérios do governo do Reino Unido, do Departamento de Estado dos EUA e da USAID (United States Agency for International Development).
  • Adam Smith International (ASI), tem colaboração com grupos violadores dos direitos humanos, atua direta e indiretamente na desestabilização de países pelo mundo. A empresa tem parceria com a  Creative Associates, empresa que desempenhou um papel direto nos esforços de inteligência dos Estados Unidos para fomentar a desestabilização em Cuba.

Max Blumenthal revelou que o Bellingcat foi despachado para a República da Macedónia do Norte, durante as eleições de 2019, a pedido do Ministério do Exterior do Reino Unido. Naquelas eleições, estavam concorrendo um candidato a favor da OTAN e um candidato defensor de uma aproximação comercial com a Rússia.

Bellingcat e o DFRLab do Atlantic Council, que Eliot Higgins ajudou a criar, deram “treinamento em segurança cibernética, orientação em forense digital, investigação de código aberto e ética na mídia”, para uma mídia local.

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  •  (DFRLab) Digital Forensic Reserch Lab é uma instituição que teria como intuito o estudo e a exposição da desinformação, checagem de fakenews. A contradição é que a Atlantic Council participa do chamado ecossistema de desinformação e teve atuação central no golpe brasileiro (2016) e no desmonte da indústria nacional. (Xadrez de como os EUA e a Lava Jato desmontaram o Brasil – por Luiz Nassif).

Retornando à Macedônia, após um primeiro turno de empate técnico, entre os candidatos, o candidato pró-OTAN se manteve por todo o segundo turno muito à frente do candidato anti-OTAN. O que levantou fortes suspeitas da influência de ambas as organizações nas eleições. 

Leia os detalhes completos na matéria: “Bellingcat funded by US and UK intelligence contractors that aided extremists in Syria”.

O porquê do caso Bellingcat ser relevante para a discussão do que é jornalismo independente

O descrédito das grandes empresas de mídia jornalística tradicional, que até o aparecimento das redes sociais, tinham o monopólio das fakenews e da criação de um mundo paralelo, contribui para o surgimento de um público mais crítico. Público esse, que cada vez mais, recorre aos veículos de jornalismo independente para se informar. No entanto, parte desses veículos não são independentes, mas usam essa nomenclatura, apenas para transmitir uma falsa ideia de credibilidade.

Em consequência, essa prática irá fazer com que os leitores se sintam perdidos e percam a confiança no jornalismo independente também.

O Jornalista Renato Rovai, Revista Fórum, realizou um estudo em que categoriza a imprensa pela forma que se financia. Estudo publicado no livro: “Um Novo Ecossistema Midiático: A História do Jornalismo Digital no Brasil”.

Segundo Rovai, basicamente pode-se dividir o jornalismo em três grupos:

  1. Imprensa tradicional ou corporativa; os grandes conglomerados midiáticos tradicionais. Tem como sua maior fonte de renda “oficialmente” a publicidade de grandes empresas.
  2. Imprensa independente ou alternativa; financiada principalmente pelos leitores, através de assinaturas solidárias, mensais, superchats, cliques e crowdfunding. A publicidade predominante é a recebida pela internet, definida pela quantidade de tráfego, visualizações, compartilhamentos etc.
  3. Imprensa indefinida; ficam em uma zona limítrofe de difícil definição. Se dizem independentes, mas são financiadas essencialmente por grandes “fundações”, muitas dessas instituições são think tanks de fachada. São mantidas por governos e grandes empresas nada democráticas e distantes de objetivarem um bem comum. USAID, NED, Atlantic Consul, CATO, Fundação Ford etc. Dessa mesma categoria são as empresas financiadas por “mecenas bilionários”, que tentam manter seus nomes em sigilo. Porém, são notoriamente conhecidos, não por sua filantropia, amor pela democracia e direitos humanos, mas sim, por serem os grandes financiadores de guerras, grupos extremistas e todo tipo de sordidez na busca de lucro. Mecenas como Irmãos Koch, George Soros, Pierre Omidyar, família Rockfeller etc.  

Brian Mier, no programa Globalistas, costuma abordar o papel dúbio de alguns desses veículos, que se apresentam como independentes e defensores de causas nobres, mas quando se faz necessário, alinham-se aos interesses econômicos, políticos e nada éticos de seus patrocinadores.

Fica claro que esse tipo de manobra é feita para causar desinformação e confusão nos leitores. O público está acostumado com uma determinada linha editorial, repentinamente se dá um cavalo de pau, e se passa a defender interesses opostos ao que fez com que o público confiasse naquele veículo de imprensa.

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