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Ediel Ribeiro

Jornalista, cartunista e escritor

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Benício, o homem que criou a mulher

"Numa época de censura e Ditadura Militar, em que as fotos das atrizes seminuas eram proibidas nos cartazes dos cinemas, Benício fazia a alegria de muita gente"

(Foto: Nei Lima)
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Eu era apaixonado pela Gisele.

“A espiã nua que abalou Paris”, entrou na minha vida ainda na adolescência.

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Li quase todos os livros da sensual espiã que usava da beleza e da sedução para espionar para os aliados na Paris ocupada da II Guerra Mundial.

O que mais chamava minha atenção, e despertava minha libido juvenil, eram os desenhos das capas , feitos pelo Benício.

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Nos anos 70, Benício foi o mais famoso ilustrador de cartazes do cinema nacional, produzindo mais de 300 deles, em duas décadas.

Numa época de censura e Ditadura Militar, em que as fotos das atrizes seminuas eram proibidas nos cartazes dos cinemas, Benício fazia a alegria de muita gente, com suas deusas voluptuosas. Eram tão perfeitas, que pareciam reais..

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Quem foi adolescente nos anos 70 e 80 certamente lembra da Vera Fischer de pernas cruzadas no cartaz de “A Super Fêmea”. Ou Marlene Silva de decotão em “A Dama da Zona”. Ou Sônia Braga na cama com dois homens em “Dona Flor e seus Dois Maridos”.

Foi Benício quem desenhou. Sem ele, o cinema brasileiro teria certamente perdido muito da graça.

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José Luiz Benício da Fonseca, o Benício, foi um dos meus primeiros ídolos. Era apaixonado por suas mulheres, como, mais tarde, me apaixonei pelas mulheres de Augusto Rodrigues, outro artista que tinha obsessão por mulheres. Copiei, os dois.

Quando, alguns anos mais tarde, conheci Benício, no lançamento do livro do Chico Caruso, fiquei, por alguns segundos, sem ação. Eu estava ali, diante do meu ídolo.

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Benício conversava com Nassará, Lan, Adail, Mendez… Todos já veteranos. Todos meus ídolos. Era como um sonho.

Nascido em Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, em 1936, com apenas quatro anos, Benício se mudou com a família para Porto Alegre, onde estudou no Grupo Escolar Argentina. Nessa época, conseguiu o seu primeiro emprego, aos quinze anos, na agência de publicidade ‘Clarim’, em Porto Alegre.

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Trabalhou - sem o conhecimento da mãe - como pianista na rádio Gaúcha. Na rádio, chegou a ter um programa exclusivo, chamado "Um Piano Dentro da Noite".

Em 1953, com apenas 16 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro. Trabalhou na Editora Rio Gráfica, e, a partir de 1961, começou a trabalhar em publicidade onde fez importantes trabalhos para a Coca-Cola, Esso e outros grandes clientes. Também fez ilustrações para as revistas "Playboy" e "Veja".

Da mãe, pianista, herdou o gosto pelo piano. Com 16 anos, uma professora de piano, lhe conseguiu uma bolsa de estudos de um ano no Conservatório Brasileiro de Música.

Para pagar as aulas de piano, arranjou emprego de pianista na boite ‘Jirau’. Tocava sempre preocupado com o juizado de menores. Muitas vezes teve que se esconder em banheiros.

Logo que chegou ao Rio, conheceu a jovem Lourdes, com quem se casou e viveu durante 52 anos. Tiveram quatro filhos e muitos netos.

Sua obra já mereceu diversos registros. Em 2006, o jornalista Gonçalo Junior, lançou o livro “Benício - Um perfil do mestre das pin-ups e dos cartazes de cinema”. Em 2011, a Editora Reference Press, publicou “Sex & Crime: The Book Cover Art Of Benício”. No fim de 2012, a Opera Graphica lançou “E Benício Criou a Mulher”, a história pessoal e profissional do artista com mais de 200 ilustrações feitas por ele para diversos veículos através das décadas, também do Gonçalo Junior.

Hoje, Benício completa 84 anos. E, mesmo depois de ter sofrido um AVC, continua trabalhando e enchendo nosso mundo de cores e beleza.

*Ediel é jornalista, cartunista e escritor.

*Crônica publicada originalmente segunda, 14 de dezembro de 2020, no jornal O Folha de Minas.

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