CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
César Fonseca avatar

César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

629 artigos

blog

Bernie Sanders: Lula americano x Trump

Lula não é marxista, mas o raciocínio dele é, por entender, como Marx, que a crise essencial do capitalismo decorre de insuficiência crônica de consumo, da qual o sistema capitalista padece desde o seu início

Bernie Sanders deveria visitar Lula
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Hanauer, empresário lulista

Lula não é marxista, mas o raciocínio dele é, por entender, como Marx, que a crise essencial do capitalismo decorre de insuficiência crônica de consumo, da qual o sistema capitalista padece desde o seu início.

É o mesmo que o candidato socialista democrata americano Bernie Sanders, favorito nas primárias para disputar com Trump, está pregando, mais distribuição da renda, mais justiça social.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Nick Hanauer, destacado empresário americano, que comunga com Sanders, vai na linha Lula-Bernie, dizendo, como destaca, hoje, o 247, que os trabalhadores e os pobres não são problema, mas solução, desde que estejam com os pés no orçamento da União, para fazer economia crescer.

Essa máxima, também, é de Getúlio Vargas, que chegou a chamar os capitalistas brasileiros de burros, como está no livro “Minha razão de viver”, de Samuel Wainer, por não entenderem que produção e consumo precisam andar juntos, por ser o sistema capitalista dependente, visceralmente, dessa dualidade intrínseca, no  seu silogismo essencial: renda, consumo, produção, arrecadação e investimento.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Não adiantaria promoverem as bases da industrialização nacional, dizia Gegê, se, ao mesmo tempo, não promovessem conquistas trabalhistas, como as que assegurou na Constituição de 1937.

A Constituição de 1988 prossegue nesse caminho social democrata, depois de 20 anos de ditadura militar nacionalista, sem distribuir renda, inscrevendo direitos e garantias dos trabalhadores, agora, destruídos pelo bolsonarismo, apoiado, pela Fiesp, CNI, CNA etc.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Economia da solidariedade, não da ganância

No Brasil, caiu a classe empresarial no erro que aponta Nick Hanauer, defensor da economia solidária teorizada, no PT, pelo economista Paul Singer e muitos outros.

Os neoliberais, que deram o golpe de 2016, são, portanto, para a visão avançada de Nick, a grande desgraça da economia capitalista nacional, ao apoiarem, justamente, o contrário.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Procuram os capitalistas tupiniquins exterminar direitos e garantias trabalhistas e previdenciárias, ao mesmo tempo em que apoiam congelamento dos gastos públicos por vinte anos, justamente, os que representam renda disponível para o consumo.

Eis a burrice que Vargas apontava.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Por isso, estão morrendo de inanição, como se verifica, no momento, graças à desigualdade social, que produz fuga de capital, crise cambial, avanço da fome, miséria, tensão social e, claro, ameaça à democracia.

Sem consumidores, os capitalistas tupiniquins correm ao governo para pedir socorro em forma de Proer(banqueiros) e refis(empresários).

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Caso contrário, entram em colapso por falta de consumidores.

Tiro no pé

O fato é que os empresários deram tiro no próprio pé.

Ao apoiarem congelamento, por 20 anos,  dos gastos não-financeiros do orçamento público da União, expulsando os pobres e trabalhadores da sua composição orgânica, para privilegiar gastos financeiros, dando vida boa aos especuladores, colhem, quatro anos depois do golpe neoliberal, o desastre do PIB de 1% e todo o seu corolário nefasto.

Desesperado, o BC, diante da crise de insuficiência de consumo, lança mão do dinheiro empoçado da especulação.

Joga R$ 135 bilhões nos bancos, ao renunciar recolhimento de parte do depósito compulsório, reduzindo percentual recolhido de 31% para 25%, na tentativa de estimulá-los a emprestar.

Mas, não adianta: quem vai tomar esse dinheiro, se não tem salário para gastar?

Nick Hanauer, empresário realista, como Lula, político pragmático, como Marx, economista e filósofo materialista dialético e, também, como Malthus, crítico dos liberais puros adeptos do lassair faire de Adam Smith, entendem o oposto:  sem consumo, o capitalismo não consegue sair da crise de realização de lucros.

Bernie Sanders avança espetacularmente nas primárias por causa disso: prega distribuição da renda nacional, vê o pobre como solução, não problema, como o veem Bolsonaro e Paulo Guedes.

Subconsumismo crônico

Como vencer o subconsumismo instalado pela macroeconômica ultraneoliberal de Guedes: austeridade fiscal ou distribuição de renda, expulsão do pobre e dos trabalhadores do orçamento ou sua inclusão?

Keynes, no seu tempo, primeira metade do século 20,  para não contrariar os capitalistas e não ser demonizado por eles, viu a crise  capitalista de 1929 como produto da escassez de investimento, não de consumo, como viam as crises capitalistas Marx e Malthus e como as vê, agora, Lula e Hanauer.

Por isso, diagnosticou falsamente que a bancarrota do lassair fair decorreu de insuficiência de investimento e não de consumo.

Que pregou?

Moeda estatal para puxar demanda global via dívida pública, que, agora, em escala global, financeirizada, virou problema, porque não pode mais suportar juro positivo e sequer novos investimentos, em meio à miséria exponencial globalizada.

A solução é, como defende Lula e Hanauer, bem como Marx e Malthus, melhor distribuição de renda, sem a qual não se combate insuficiência de consumo.

O remédio eterno dos liberais e, também, dos keynesianos e neokeynesianos é mais e mais investimento, em vez de melhor distribuição da renda.

No Manifesto Comunista, Marx e Engels pregam o que os comunistas chineses estão fazendo: taxar fortunas, heranças e rendas altas e centralizar o crédito e o câmbio no Banco Central, para dinamizar demanda global.

Super-capacidade de produção eleva exponencialmente a oferta em face de consumo insuficiente, que joga o sistema na guerra comercial deflacionária, se a continua sendo concentrada, tendo como resultado o desastre da desigualdade social.

Mea culpa tucano

Os próprios neoliberais tucanos estão rachados, depois que o economista André Lara Resende disse que o grande erro deles, a partir de 1994, com FHC, foi fixar taxa de juro acima, bem acima, do crescimento do PIB.

Disparou, com isso, desigualdade social, fuga de capital, instabilidade cambial, dívida, desindustrialização etc e tal.

O grande equívoco dos liberais e, também, dos keynesianos, neokeynesianos e que tais, como destaca o marxista Lauro Campos, em “Crise da ideologia keynesiana” e a “A crise completa – a economia política do não”, é inverter a causa da colapso capitalismo, apontando para escassez de investimento, quando, na verdade, tudo decorre da insuficiência crônica de consumo, como aponta o autor de “O capital”.

Adianta aumentar investimentos, se o sistema tem por objetivo, como diz Marx e outros grandes, como Malthus, destruir salários, para aumentar lucros do capital, já excessivamente sobreacumulado, via mais valia relativa e absoluta?

Segredo de polichinelo

Nick Hanauer está dizendo segredo de polichinelo, que a prática atual do capitalismo bárbaro brasileiro está demonstrando: não adianta reduzir juro real a 2%, 1%, zero ou negativo, se Bolsonaro/Guedes impõe salário mínimo regressivo com reajuste real zero ou negativo.

Como Lula, Hanauer afirma o óbvio ululante: o capital sem consumidor vira pó, promove, não o crescimento, mas desigualdade, diante da qual o investidor foge.

Quando, então, os capitalistas brasileiros, realmente, burros, vão entender que a solução, para eles, é Lula?

Bolsonaro é solução para Tio Sam, minha gente!

Com o trabalhador sem pé no orçamento, como diz Lula, repetido por Nick Hanauer, a vaca vai para o brejo.

É o que estamos assistindo ao vivo de camarote, nesse carnaval.

Alá, lá, ô, ô, ô, ô, ô!

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO