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Roberto Moraes

Engenheiro e professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ)

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BlackRock: estratégias e ampliação da participação em negócios financeiros e corporações no Brasil

"Vale observar com atenção os movimentos de entrada e saída das participações acionárias da gestora BlackRock no Brasil", diz Roberto Moraes

O logotipo da BlackRock é retratado fora da sua sede da empresa no bairro de Manhattan, em Nova York (Foto: REUTERS/Carlo Allegri)
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O fundo financeiro americano BlackRock é a maior gestora de fundos do mundo, controlando um patrimônio líquido que não para de aumentar e chega, hoje, a cerca de US$ 10 trilhões ou R$ 50 trilhões no mundo. No Brasil, a BlackRock atua tanto na capitalização para seus fundos, quanto nos investimentos em valorização de ativos da economia real. 

Esse valor de patrimônio sob gestão do BlackRock no mundo de US$ 10 trilhões é equivalente a 6X o PIB de todo o Brasil, embora essa comparação seja para ter ideia dos volumes de capital, mas um se trata do valor de patrimônio em valor de mercado - incluindo capital fictício - e outro estoque de riqueza real do país. No Brasil, não se tem o número exato do volume de patrimônio e participações da BlackRock entre investimentos em inovações financeiras (ações, outros fundos, etc.) e nas participações de corporações da economia real.

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Porém, é vasta e impressiona a quantidade os investimentos e participações do fundo financeiro BlackRock em grandes corporações no Brasil. Em geral, são participações que oscilam entre 1% e 10%. Ex: Petrobras, Eletrobras, Bradesco, Light, Equatoral Energia, Embraer, JBS, Suzano Celulose, BRF, Marfrig, Minerva, Klabin, Fibria, Vale, Itaú, Bradesco, BTG, PRio, 3R Petroleum, Gerdau, Usiminas, Energisa, Cemig, Copasa, Via Varejo (Casas Bahia), Renner, Ambev, WEG, Grupo Soma (Hering, Animale e Farm), Arezo, Drogasil, Localiza, Assaí, Iguatemi, Cyrela, Qualicorp, etc. Vale observar que essas participações são muito dinâmicas e se alteram muito rapidamente no tempo conforme busca de maior rentabilidade.

Como se sabe, os negócios e participações da BlackRock vão bem para além do quadro acima que mostra alguns dos principais movimentos no final de 2022 e início de 2023. A gestora de fundo de investimentos BlackRock está presente em negócios de diversos setores no Brasil como energia (eletricidade e petróleo), bancos, agronegócio, alimentos, mineração, siderurgia, indústria, comércio e varejo, construção e imobiliáio, etc. e também utiliza o discurso de privilegiar a visão ESG (Environmental, Social and Governance ou investimentos em Meio Ambiente, Social e Governança) com foco na sustentabilidade e da transição energética. 

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No Brasil, mais recentemente, chama a atenção o avanço dos investimentos em negócios privatizados e em termos espaciais há agora um grande interesse em Minas Gerais que está em vias de privatização de empresas estatais com o governo Zema. 

No mundo, e em especial nos EUA, a BlackRock também tem ampla e diversificada participação em grandes corporações do setor de energia (Esso), tecnologia (Big Techs: Apple, Google, Microsoft, Tesla), indústria, alimentação, varejo (Wallmart) e investimentos cruzados com outros grandes fundos globais como o Vanguard, Fidelity, Morgan Staley, etc. que fazem o mesmo com outras companhias mundo afora. Como se observa, muitas dessas corporações possuem ramificações no Brasil com filiais e/ou subsidiárias.

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Quem controla, mesmo que de forma minoritária, tão ampla participação em diferentes setores e territórios, sempre atuará tanto politicamente em defesa dos seus interesses, quanto geoeconomicamente, para garantir ganhos em escala e não necessariamente localizados em ativos por país. O que muitas vezes explica negócios, aparentemente inexplicáveis, de entrada e saída na participação de companhias, que individualmente não teriam razões para isso.

Vale observar com atenção os movimentos de entrada e saída dessas participações acionárias da gestora BlackRock no Brasil. Em especial no setor elétrico, lembrando que na Eletrobras privatizada por Bolsonaro, o BlackRock tem posição expressiva superior a R$ 6 bilhões. Na América Latina, a BlackRock tem investimentos e patrimônio da ordem de quase US$ 100 bilhões.

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Tenho insistido desde o lançamento do livro "A ´indústria´ dos fundos financeiros: potência, mobilidade e estratégias no capitalismo contemporâneo" (Ed. Consequência, 2019) sobre a necessidade de melhor se observar o papel que as gestoras de fundos globais realizam no âmbito da configuração da atual hegemonia financeira no Brasil e no mundo. 

São movimentos que mostram ainda o enlace do BlackRock com o setor bancário, fundos financeiros nacionais, controle das inovações financeiras (e papeis), captura de excedentes nacionais em seus diferentes tipos de capitalização e ainda dos ativos da economia real, em controle de ativos que vai lhe garantir valorização, alta rentabilidade e capacidade de interferência nas políticas e nas economias nacionais. 

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Essa denominação de ativos explica como as gestoras dos fundos financeiros lidam de forma simultânea com negócios financeiros (aplicação em renda fixa, titulo, ações e mercado de capitais, câmbio, etc.) e as aplicações em companhias da economia real, onde apostam na sua valorização e nos rendimentos a serem capturados das economias nacionais. A denominação de ativos facilita a comparação destes diferentes tipos de investimentos que passam a ser considerados pelo valor de mercado, incluindo especulação e expectativa de valorização futura e não pela capacidade produtiva de riqueza.

Um dos instrumentos do BlackRock nesses movimentos é sua plataforma Aladdin muito voltada para os fundos tipo ETF e/ou iShares(fundo de índices ou fundos coletivos negociados em bolsas) em que sua capacidade oligopólica de atuação permite simular movimentos e rentabilidades de entrada e saídas em prazos mais curtos que engolem estimativas de investidores e corretoras menores.

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A plataforma Aladdin, é um sistema operacional potente que faz uso de fortíssimo aparato computacional, baseado em nuvens (centro de dados ou datacentes), que disponibilizam dados em grandes painéis de vídeo, espécie de central de operação, com capacidade de monitorar online (ou diariamente) milhares de fatores de risco, levando em conta milhares de cenários para dezena de milhares de carteiras.

Com uso de pessoal qualificado em TIC e finanças, essa plataforma (sistema) pode submeter seus investimentos a testes de stress com centenas de milhões de cálculos e algoritmos que são atualizados e ajustados para opções de seus interesses. Outro forte instrumento de capitalização é a atração do capital de grandes famílias para seus investimentos no Brasil e fora, através das careteiras do tipo family office.

Trata-se de uma forma mais agressiva de financeirização que substitui o crédito e o endividamento bancário pelo controle direto dos ativos escolhidos em prateleira, onde através dos seus representantes, CEOs e diretores com mandatos temporários e fixados e ganhos conforme resultados pré-definidos que acabam impondo perversos mecanismos de enxugamento, exigem "reengenharia", pressões sobre os vários stakeholders e precarização sobre o trabalho no território.

É essencial entender e debater esse fenômeno sobre as cadeias de valor global, a atuação transversal e transfronteiriça dos fundos, sobre a geoeconomia, a geopolítica, a disputa pelo poder político nos países e a formulação das estratégias dos projetos nacionais de desenvolvimento.

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