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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Blogueiro Ed Raposo é neto do general demitido pelas mortes de Fiel Filho e Vladimir Herzog

Ed Raposo prefere o pseudônimo descolado "talvez para encobrir o nome que herdou do avô, com biografia maculada pelos dois crimes de Estado"

(Foto: Reprodução YouTube)

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Na guerra entre o mar e a montanha, sobrou para os mariscos que já deviam estar prestando contas sobre ameaças golpistas e discurso de ódio.  Falo de Allan dos Santos, Oswaldo Eustáquio e Ed Raposo, por exemplo. Esse último, esconde-se atrás de um pseudônimo, talvez para ocultar a linhagem fascista que um site especializado em árvore genealógica, na internet -, revelou. Ed Raposo é, na verdade, Ednardo D’Ávila Mello Raposo e vem a ser neto do general Ednardo D’Ávila Mello. 

Sim, ele mesmo, o ex-comandante do Ednardo D’Ávila Mello (Rio de Janeiro, 23 de agosto de 1911 – Rio de Janeiro, 14 de abril de 1984), um general-de-divisão até que, em dezembro de 1976, foi exonerado do comando do II Exército pelo presidente Ernesto Geisel depois das mortes do jornalista Vladimir Herzog e do operário e militante do PC do B, Manoel Fiel Filho, no Centro de Operações de Defesa Interna (DOI/CODI), de São Paulo, unidade sob seu comando. 

O general continuou a comandar o II Exército até 17 de janeiro de 1976. O presidente Ernesto Geisel afastou-o do cargo assim que soube de outra morte (a de Fiel Filho), ocorrida logo após a de Herzog, na instituição que estava sob seu comando.

O fascismo, quando não inoculado, costuma passar pelo DNA, ou por hereditariedade, vide o neto de João Batista Figueiredo, Paulo Figueiredo.

Na esteira da onda de “influencers” que o fim da exigência do diploma para se tornar jornalista permitiu, e a força das redes sociais propiciaram, figuras como ele, Allan dos Santos – o decano -, e outros menos cotados, navegaram na elasticidade que o título de comunicadores permite e agiram com violência, distribuindo mensagens fascistas a torto e a direito. Investigados pela Polícia Federal, acabaram com suas prisões pedidas na sexta-feira, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

A crise escalou, quando nesse sábado o dono do X, Elon Musk, um sujeito que acha que comprou o planeta, anunciou o encerramento de suas operações, no Brasil (nesse sábado, 17/08), tirando do país a representação da sua plataforma, em represália às medidas judiciais do ministro Alexandre Moraes. Assim, com ares indignados, o que fez na prática foi tentar não ser mais alcançado pelas notificações, exigindo que contas com mensagens de ódio fossem suspensas. 

A medida ocorre em meio ao impasse envolvendo o cumprimento de ordens judiciais que determinavam o bloqueio de perfis dos investigados por crimes, após a empresa falhar em responder a intimações e ordens anteriores. A alegação foi a de que a decisão teve motivação exatamente nas ameaças de prisão feitas pelo ministro, à representante legal da empresa, Rachel de Oliveira Villa Nova Conceição, por desobediência judicial. representante legal da empresa no Brasil. O ministro teria exigido o cumprimento de ordens para bloquear perfis investigados.

Ed Raposo prefere o pseudônimo descolado. Talvez para encobrir o nome que herdou do avô, com biografia maculada pelos dois crimes de Estado mencionados acima. E possivelmente porque dificilmente um jovem Zona Sul do Rio, na sua idade, ostenta nome datado, quando os amigos devem ser chamados: Pedro, Thiago, Fernando, Mauro..., mas na identidade vai mesmo é o nome que consta na certidão, exatamente igual ao do avô, acrescido de “Raposo”, recebido do pai, João Victorino Raposo.

A constatação da ascendência com os quartéis foi possível graças ao portal Genea Minas (GeneaMinas - genealogia mineira - General Ednardo d'Ávila Melo e Áurea d'Avila Melo, onde consta a trajetória familiar do general. No primeiro quadro vem o perfil do avô e, no segundo, o desdobramento, já com as filhas do general e os netos: Guilherme e Ednardo, filhos de Noemi D’Avila de Mello. (GeneaMinas - genealogia mineira - Ednardo d'Avila Mello Rapôso).

De acordo com o que apuraram os investigadores da PF, Eustáquio pode responder por corrupção de menores. Ele teria usado o perfil de sua filha adolescente na rede "X" para realizar postagens supostamente criminosas.

“Há indícios de que OSWALDO EUSTÁQUIO FILHO também utiliza sua filha adolescente e seus dois filhos menores de dois anos para a realização das postagens. Além do próprio dever de cuidado que seria suficiente para caracterizar o crime omissivo, em seu caso, há registros de incentivo às ações da filha, bem como da própria gravação dos filhos menores de doze anos na Espanha, sendo o vídeo em seguida postado pela filha adolescente”, diz um trecho da representação da PF ao ministro Alexandre de Moraes, de acordo com reportagem de O Globo.

Ainda segundo a mesma publicação, Allan dos Santos teria iniciado o plano de ataques contra os agentes federais com o “objetivo de intimidar e sujeitar à execração midiática os policiais que atuam” em casos sob relatoria de Alexandre de Moraes. A representação enviada ao STF detalha ameaças feitas a delegados, que incluem mensagens intimidatórias, exposição de fotos e até a colocação de um objeto no carro de um dos agentes, demonstrando que o grupo criminoso conhece seu endereço. Também foram divulgados dados pessoais de familiares dos delegados.

Ed Raposo, que se apresenta como blogueiro, foi alvo da operação. Pela apuração da PF, ele aderiu à campanha de intimidação, expondo um delegado como responsável por supostas ações ilegais do STF, e teria incitado, por meio de rede social, a filha adolescente de Eustáquio, a obter uma imagem de um servidor.

“Tal fato, considerando o histórico de atos de violência já praticados, pode extrapolar o ambiente virtual, consubstanciando-se em ataques físicos em face dos policiais federais; isso porque a sugestão foi lançada e seu alcance é imprevisível”, ressalta a PF na representação. Quem sai aos seus, não degenera...

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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