Bolsonaro adverte: saiam de perto, porque pode vir coisa pior

"Jair Bolsonaro é um sujeito sob tensão permanente, com medo das reações dos filhos, dos ex-aliados, dos arquivos que guardam seus segredos, dos generais", avalia o jornalista Moisés Mendes

O presidente Jair Bolsonaro fala a  imprensa no Palacio da Alvorada
O presidente Jair Bolsonaro fala a  imprensa no Palacio da Alvorada (Foto: Antonio Cruz/ Agencia Brasil)


Clique aqui para receber notícias do Brasil 247 e da TV 247 no WhatsApp

O Brasil perdeu o controle sobre a criatura. Ao avisar que, “se não estiver com a cabeça do lugar, eu alopro”, Bolsonaro fez uma advertência: saiam de perto porque pode vir coisa pior.

Os eleitores brasileiros criaram Bolsonaro como a sua grande aberração. Bolsonaro é uma criação coletiva, a representação de um Brasil que dissimulava suas deformações e crueldades e decidiu expô-las sem disfarces.

Mas Bolsonaro também cumpre agora o roteiro das criaturas que passam a agir fora do controle de quem achava que poderia manejá-las. Os ricos, a classe média atormentada, os liberais, os pobres desnorteados, todos os que inventaram Bolsonaro já sabem que não há mais como controlar Bolsonaro.

continua após o anúncio

A criatura deveria ser apenas um antiPT, um atiLula, um cara que afronta o ‘sistema’, um medíocre que leva o brasileiro mediano e reacionário ao poder.

Mas Bolsonaro avisa que pode ser pior do que a invenção idealizada. Ele e os filhos são criaturas pedindo socorro.

continua após o anúncio

Carluxo pede socorro quando escreve o que não ninguém entende no Twitter. Eduardo pede socorro quando tenta fugir para os Estados Unidos como embaixador. E Flavio pede socorro, tardiamente, sob cerco do Ministério Público, ao tentar se livrar dos milicianos cariocas.

Bolsonaro tenta minimizar o desfecho da tragédia anunciando-se como o aloprado, o cara que não consegue se controlar em situações que o atrapalham. É mais do que isso, Bolsonaro não é um Jerry Lewis.

continua após o anúncio

Bolsonaro é um sujeito sob tensão permanente, com medo das reações dos filhos, dos ex-aliados, dos arquivos que guardam seus segredos, dos generais.

Bolsonaro tem de provar a todo instante que é macho, que sua família é de machos e que as mulheres (as mães) são as culpadas pela sua insegurança.

continua após o anúncio

Todas as figuras incumbidas de fazer o mal, na realidade e na literatura, avisam que em algum momento o mal será produzido. Avisam, alertam, gritam que farão o mal.

Bolsonaro é a versão verde-amarela do Mister Hyde do Médico e o Monstro, que o Brasil criou para manter sob controle. É a figura que avisa, desde o começo, que não tem como calibrar seus próprios medos e ódios, porque ele e o Brasil que o inventou se misturam no que de fato são.

continua após o anúncio

Bolsonaro deveria ser uma representação administrada do mal cotidiano, um susto nas esquerdas, uma tentativa de resgate da autoestima da classe média quebrada e assustada com os pobres e negros nas universidades (e nos shoppings). Virou isso aí.

Bolsonaro está dizendo: saiam de perto, porque eu só consigo dizer que sou aloprado. Seria bom se eu fosse apenas aloprado. Eu sou o que, no fundo, vocês sabiam que eu, quando estivesse completo, viria a ser.

continua após o anúncio

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

O conhecimento liberta. Quero ser membro. Siga-nos no Telegram.

A você que chegou até aqui, agradecemos muito por valorizar nosso conteúdo. Ao contrário da mídia corporativa, o Brasil 247 e a TV 247 se financiam por meio da sua própria comunidade de leitores e telespectadores. Você pode apoiar a TV 247 e o site Brasil 247 de diversas formas. Veja como em brasil247.com/apoio

Apoie o 247

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247