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Pedro Simonard

Antropólogo, documentarista, professor universitário e pesquisador

92 artigos

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Bolsonaro ainda resiste!

Resta a Bolsonaro repetir, qual boneco de ventríloquo, suas estultices para distrair a opinião pública toda vez que o Congresso Nacional vai discutir ou votar alguma medida impopular a mando dos neolibs ou ligar sua metralhadora verborrágica para tentar, num espasmo lamentável, mobilizar seus apoiadores

Jair Bolsonaro (Foto: Isac Nóbrega/PR)
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Esta semana não tem sido agradável para Jair Bolsonaro. Olhando as notícias temos Bolsonaro acuado pela ministra Cármen Lúcia do STF que solicitou que a Procuradoria Geral da República (PGR) o investigue por crime de natureza eleitoral, a pedido de deputados do PT. Os deputados acusam Bolsonaro de ter disseminado informações falsas na live realizada 29 de julho, de utilização ilegal de bens públicos e de atentado contra a independência dos poderes, por ameaçar o STF. Nesta live, Bolsonaro prometeu mostrar provas de fraude eleitoral que ele confessou que não existem e convocou seus apoiadores para ocuparem as ruas a favor do voto impresso.

No mesmo dia, o ministro Alexandre de Moraes citou 11 crimes que Bolsonaro pode ter cometido ao atacar o sistema eleitoral.

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No dia 5 de agosto, reagindo à entrevista de Bolsonaro à rádio Jovem Pan, o ministro Luiz Fux cancelou a reunião entre os chefes dos três poderes devido às reiteradas “ofensas e ataques de inverdades a integrantes desta Corte, em especial os Ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes”. A nota de Fux foi dura, diferentemente do moderado discurso de abertura do semestre do STF.

Por seu turno, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) solicitou ao STF informações sobre a chapa Bolsonaro-Mourão que podem levar à tardia cassação dos mandatos do presidente e de seu vice. O corregedor do TSE, ministro Luís Felipe Salomão, está investigando a formação de milícias digitais que teriam sido utilizadas para fraudar as eleições de 2018 e levar a chapa Bolsonaro-Mourão à vitória. 

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A CPI do Genocídio continua encurralando o governo. Vendo-se acuado, Bolsonaro busca tumultuar as investigações com seus fiéis escudeiros que compõem a base governista na CPI. Vez por outra ainda envia outros reforços para colaborar com a missão de tumultuar o ambiente. Na sessão do dia 4 de agosto, o deputado Reinhold Stephanes Junior (PSD-PR) tentou agitar a CPI, mas foi prontamente enxotado da sala pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

A semana também revelou-nos a estranha relação do presidente com uma ONG. O nome de Bolsonaro aparece como diretor-presidente da ONG estadunidense Missão Humanitária do Estado Maior das Forças Armadas, registrada em Miami. Esta ONG é ligada a Robert Cohen, apontado pela CPI do Genocídio como parceiro do reverendo Amilton de Paula, que alegou à CPI não ter relações com Bolsonaro. O vice-presidente da República Hamilton Mourão aparece como vice-presidente desta mesma ONG. Chapa completa.

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A economia não decola. Em meio ao crescimento da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic, que regula os juros básicos da economia, de 4,25% para 5,25% para tentar conter a inflação. Isso vai inibir investimentos e reduzir o consumo, gerando mais desemprego. As políticas neoliberais vazem água por todos os lados. Apesar disso, Paulo Guedes insistem em manter o que não vem funcionando. Desesperado, Bolsonaro pressiona a equipe econômica para liberar dinheiro para o Bolsa Brasil, espécie de Bolsa Família, com o qual ele deseja distribuir 400 reais para os mais necessitados.

Bolsonaro procura contra-atacar manipulando a opinião pública com bizarrices.

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Em entrevista à Rádio Jovem Pan, espécie de porta-voz do governo, Bolsonaro ameaçou agir “fora das quatro linhas", ou seja, ameaçou não respeitar a Constituição. Disse que se Lula ganhar não assume. Sabendo que não deverá se reeleger, ele deixa claro sua intenção de cancelar as eleições de 2022 nem que para isso tenha que lançar o país em uma aventura que pode desencadear uma guerra civil.

Em uma medida desesperada mandou a Polícia Federal investigar a CPI do Genocídio por suposto vazamento de informações. Comprou uma briga feroz com os membros da CPI que irão pressionar o presidente do senado, senador Rodrigo Pacheco (Dem-MG), a tomar uma posição em defesa da casa contra os ataques do governo. Pacheco já se mostrou amigo de fé, irmão camarada do governo em outras ocasiões. A posição dele não está fácil. Resta saber se optará por permanecer fiel ao governo e se arriscar a atrair a ira dos seus pares ou se defenderá o Senado, se indispondo com o governo.

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Ao saber da abertura do inquérito contra a CPI, o senador Randolfe Rodrigues lembrou que a PF não abriu inquérito para investigar a Precisa, as denúncias de prevaricação contra Bolsonaro nem para investigar as outras diversas denúncias contra o governo e seus apoiadores. Rodrigues e outros senadores viram nesta ação uma tentativa do governo de pressionar os membros da CPI do Genocídio.

Esta decisão da PF expõe o desespero do governo acuado. Ao acionar a PF contra a CPI, o governo passou recibo e deixou claro que tem muito a esconder dos senadores e dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros.

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Bolsonaro desagrada a todos até ao mercado. A elite financeira do país e políticos a ela ligados lançaram o manifesto Eleições serão respeitadas no qual repudiam as ameaças de golpe e defendem a urna eletrônica, a justiça eleitoral e a lisura do processo eleitoral brasileiro.

Esta elite financeira gostaria de contar com alguém mais inteligente à frente do governo, mas isso é impossível. Sendo assim, aliou-se ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para que este aproveite o que resta do governo Bolsonaro para aprovar o maior número possível de reformas. A burguesia neocolonial brasileira sabe que um governo de oposição eleito em 2022 abandonará a agenda neoliberal. 

Se o que os neolibs querem é um semipresidencialismo já conseguiram porque Bolsonaro não consegue governar sem dividir seu poder com Lira por imposição dos próprios neolibs.

Se Lira serve melhor ao mercado do que Bolsonaro por que este não coloca o impeachment para apreciação da Câmara? Porque o mercado tem medo de que isso possa causar uma situação política tensa e isso não seria positivo para a acumulação do capital. Desta maneira, o mercado usa Lira para cozinhar um Bolsonaro extremamente enfraquecido e emparedado pelo Centrão, sob o controle do presidente da Câmara dos Deputados, mais inteligente e mais capaz do que o presidente tosco.

Ao mesmo tempo, o mercado guarda na manga trunfos contra Bolsonaro, como a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão. O processo está correndo lentamente. Certamente seu andamento será acelerado se o mercado sentir que perderá o controle sobre o presidente. A cassação da chapa colocaria a presidência no colo de Arthur Lira que controlaria diretamente o Executivo e indiretamente o Legislativo graças ao seu trânsito fácil junto ao maior partido da Câmara, o sempre comprável Centrão.

O tempo de permanência de Bolsonaro no poder será tão maior quanto for sua capacidade de entregar ao mercado aquilo que prometeu ou de não atrapalhar Lira na execução do trabalho sujo. Por isso ele se submete ao Centrão. Abre mão de uma parcela significativa do poder para não sair escorraçado da presidência da República. Tenta se sustentar agradando aos militares. Contudo, mesmo entre esses existem setores que já emitem claros sinais de que estão incomodados em associar a imagem das forças armadas às estultices perpetradas por Bolsonaro.

A CPI avança, o STF dá sinais de que partirá para o contra-ataque, a Câmara já controla Bolsonaro e os militares estão divididos. Resta a Bolsonaro repetir, qual boneco de ventríloquo, suas estultices para distrair a opinião pública toda vez que o Congresso Nacional vai discutir ou votar alguma medida impopular a mando dos neolibs ou ligar sua metralhadora verborrágica para tentar, num espasmo lamentável, mobilizar seus apoiadores, cuja quantidade reduz a cada nova manifestação, para demonstrar que ainda consegue aglutinar apoiadores para suas propostas toscas.

P.S.: Precisamos defender uma reforma constitucional que substitua o impeachment, instrumento utilizado pela burguesia neocolonial para retomar o controle do poder, pelo recall, instrumento que coloca nas mãos do povo a destituição daqueles que ele mesmo elegeu.

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