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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Bolsonaro desculpa-se e a mídia passa o pano

"Não adianta festejar e jogar confetes nessa 'bolha' de crescimento pífio, à base de contratos escravizantes dos nossos trabalhadores, ou contabilizar como novo posto de trabalho mais uma carrocinha de comércio de quentinha estacionada na esquina", avalia a jornalista Denise Assis sobre o apoio da mídia corporativa à política de Jair Bolsonaro. "A lama, ou melhor, o mar de chocolate que inunda o lago das carpas transbordará de toda forma"

Jair Bolsonaro (Foto: Isac Nóbrega/PR)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia 

Eu erro, tu erras, ele erra. Paremos por aqui. Quando eu erro, é um problema meu. O meu erro prejudica a mim e a quem mais estiver envolvido na situação. Ponto. Quando tu erras, é um problema teu, e de quem tu feriste. Mas quando o presidente da República erra, ele atinge a todos nós. E desde 1 de janeiro de 2019 ele erra compulsivamente, sem que as críticas às suas falhas sejam proporcionais aos estragos cometidos. 

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Ontem, depois de cometer o crime de homofobia explícita, quebrar o decoro, agredir à nação com suas palavras baixas, Bolsonaro recebeu uma saraivada à altura da sua estupidez. Hoje, pela manhã, colunistas costumeiramente condescendentes com suas estultices voltaram-se contra o seu destempero, (vamos chamar assim, só para manter o nível).   

Porém, bastou aparecer com ar compungido, dizendo: “eu errei”, trajando a camisa do Flamengo (um azar danado para o time), num café da manhã com os jornalistas plantonistas do Planalto, para que o tom do lado ofendido mudasse. Lá se foram os comentaristas concordar que “a situação é grave”, que ele “se destemperou porque foi atingido na família”, que “de fato, é para tirar qualquer um do sério” ... Francamente...

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Depois de serem enxovalhados ao vivo, numa cena grotesca vista por todo o país e quem mais estivesse ligado na TV mundo à fora, passar o pano e dizer que táoquei! Ninguém aqui está pedindo que lancem mão da autorização para portar armas, e apontá-las para Bolsonaro, o autor da medida, mas apoiar as desculpas tão rapidamente ficou feio. Ainda mais que o destempero do “papai”, é recibo de que alguma coisa muito grave o preocupa, e não é só o aumento repentino de vendas de bombons na loja do Flávio. Em vez de passar o pano, que tal aprofundar as investigações?

Foram muito oportunas as notas das diversas instituições representantes dos jornalistas, em protesto contra as agressões. Porém, é preciso que fique muito claro para este senhor que por ora ocupa a cadeira da presidência, que os profissionais de qualquer categoria merecem respeito. Ainda mais os que têm como ofício acompanhá-lo de perto e aos seus desvarios. Uma tarefa tão hercúlea quanto indigesta. Daí não cair muito bem, para os da “categoria”, aceitar sem nenhum reparo, e tão rapidamente, as desculpas às agressões sofridas por esses profissionais.  

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Táoquei, os coleguinhas comentaristas daquele canal que nunca dorme, podem até serem condescendentes. Resta saber, no entanto, quando passarem as festas – sim, temos um carnaval no final de fevereiro, para adiar a indignação – se o povo que a cada dia só faz aumentar o percentual de rejeição, a este senhor, vai ter o mesmo nível de compreensão com este crescer de cinismo, de falso arrependimento, e esse desfilar de malfeitos mal explicados, que rondam o palácio e a vida do clã.  

Não adianta festejar e jogar confetes nessa “bolha” de crescimento pífio, à base de contratos escravizantes dos nossos trabalhadores, ou contabilizar como novo posto de trabalho mais uma carrocinha de comércio de quentinha estacionada na esquina. Tampouco a mídia conivente puxar como manchete as diabruras do ministro Paulo Guedes, a fim de tirar o foco de cima dos “zeros”. A lama, ou melhor, o mar de chocolate que inunda o lago das carpas transbordará de toda forma. Todas essas questões acabarão como manchete. Forçosamente. E aí, segurem o seu Jair.  

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