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Eliane Lobato

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Bolsonaro é mais doido que Jânio

"Será arredondado, dia 25, seis décadas da renúncia de Jânio Quadros, resultado de um malfadado autogolpe que Bolsonaro ameaça imitar", escreve a jornalista Eliane Lobato

New York Times prevê fim de Jânio Quadros para Bolsonaro
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Por Eliane Lobato

O Brasil tem um enorme passado pela frente” (Millôr Fernandes)

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Dia 25 próximo completam-se 60 anos da renúncia do presidente Jânio Quadros (1917-1992) e, no caos em que o Brasil se encontra, a data soa como uma sugestão a Jair Bolsonaro.

Ele já se mostrou um insano muito pior do que o mandatário da década passada. Mas, desde que começou a derreter nas pesquisas sobre as eleições de 2022 e, simultaneamente, Lula passou a despontar como o mais forte candidato à presidência do País, suas fantasias golpistas avançaram para um patamar muito preocupante .

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Bolsonaro perdeu a noção de ridículo, de impróprio, de limite, de responsabilidade. Vive em um universo de excentricidades patéticas, isolado e alienado da realidade. Talvez tenha chegado a hora de admitir que a maior autoridade brasileira pode, sim, ser  louca.  

Muitos acham que é arriscado atribuir-lhe distúrbios mentais porque o louco é inimputável. Porém, é interditável.  

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Apeá-lo do poder por problema cognitivo não é o melhor recurso para impedir que continue a destruir a democracia e a matar brasileiros por falta de vacinas. Mas a renúncia parece ser um trunfo que ele guarda para possível negociação quando seu clã – quatro filhos, mulher, ex-mulheres etc - estiver a caminho da cadeia.  

O impeachment é um caminho jurídico previsto na Constituição, é o melhor e é desejado por 58% dos brasileiros, segundo pesquisa do PoderData. Porém, desrespeitosamente, o deputado Arthur Lira avisa que não vai colocar em votação nenhum dos mais de 100 pedidos encaminhados à Câmara.   

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Comparar o mentecapto Bolsonaro com Jânio é injusto com o segundo - que era culto, inteligente e lúcido, embora tivesse fama de destrambelhado. Suas doidices, na maioria das vezes, resultavam em chacotas. Como quando proibiu que mulheres desfilassem de biquíni em concursos de Miss Brasil. Ou determinou que os funcionários públicos passassem a usar uma espécie de safari como uniforme. Além de comunicar-se com os subordinados através de bilhetinhos.

O próprio símbolo de sua campanha era um deboche: uma vassoura que iria limpar o ambiente político. Surgiu, então, um slogan, sem autoria, dizendo que “depois de um doido varrido (referência ao antecessor Juscelino Kubitschek, que construiu uma cidade, Brasília), nada melhor do que um doido varrendo.” Ele abraçou a tese do maluco e a estratégia gerou votos.  

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Apenas sete meses após iniciar o mandato, Jânio arriscou um gesto aparentemente tresloucado: enviou ao Congresso uma carta de renúncia. Mas o autogolpe era uma estratégia. Ele esperava que os militares e as forças políticas conservadoras, odiavam o vice, o “comunista” João Goulart  (1919-1976),implorassem para que renunciasse à renúncia e voltasse ao poder. Porém, no final,ele é que foi varrido do governo.   

Agora, Bolsonaro ameaça um autogolpe – ou contragolpe, como gosta de dizer - cometendo o mesmo erro de avaliação: acha que o ódio ao ‘comunista’ Lula e ao antipetismo das Forças Armadas formariam o cordão de proteção para salvá-lo.    

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Por costear a mesma tese, o errático presidente deveria estudar a História antes de romper definitivamente com a democracia. Mas, pensando bem, o que se pode esperar de um chefe que deu a mais alta condecoração do Itamaraty a Olavo de Carvalho?  

Em resumo, os ‘milicos’ se apegaram ao poder e aproveitaram a chance para assumir o comando do Brasil. Armaram um golpe contra Jango, em 1964, e o marechal Castello Branco (1897-1967) iniciou uma ditadura militar que só acabaria 21 anos, muitas dívidas e corrupção depois. Jânio se ferrou, e levou o país para um período de trevas com Atos Institucionais, tortura, desaparecimentos e  mortes. Poderia se repetir, atualmente? Sim. Se a caserna tivesse disposta a embarcar na loucura do capitão reformado.   

Mas o lunático comandante brasileiro tem, hoje, o mesmo olhar da  ‘despedida da razão’ descrito pelo ex-senador Pedro Simon sobre Fernando Collor de Mello, em 2009.  

Transtornado, perdido, ele é uma vergonha alheia permanente. Em Águas Lindas, Goiás, perto do avião da Força Aérea Brasileira no qual iria embarcar, levantou os braços, saudou e curvou-se em agradecimento como se tivesse muita gente à sua frente. Porém, não havia ninguém no local, além de sua comitiva. Ele acenava para o vazio, como mostrou a câmera que filmou por detrás. Neste mês, abanou de um carro aberto para ruas praticamente vazias em Juazeiro do Norte, no interior do Ceará. Com o mesmo olhar.

Pouco inteligente e mal assessorado, o presidente parece estar em outro planeta quando imita o ditador fascista Benito Mussolini (1883-1945) em desfiles de motos  enquanto o país chora por mais de meio milhão de mortes devido a Covid. A última falácia foi afirmar que o desemprego, de 14,6%, e a inflação, de 8,99%, podem ser superados com “fé e crença.”  Somente um delirante guia de nação aconselharia um povo com fome e sem trabalho a orar para resolver o drama. Nada contra a oração, mas quem tem fome precisa é de comida.

Há três meses, um grupo de advogados e professores encaminhou um pedido ao Supremo Tribunal Federal para que Bolsonaro seja submetido a exames que investiguem se ele tem condições mentais de exercer as funções para as quais foi eleito. Caso seja declarado incapaz , pedem que seja afastado da Presidência da República.

O deputado federal Fausto Pinato (PP-SP) também já sugeriu internação civil para tratamento médico. “Não se trata de uma pessoa irresponsável, desequilibrada e sem noção de mundo. Na verdade, pode se tratar de uma grave doença mental que faz o presidente confundir realidade com ficção”, argumentou.  

Este ano, o PDT entregou ao Procurador Geral da República, Augusto Aras, pedido de interdição por insanidade mental do guia nacional. “O objetivo é o de impedir as ações negacionistas que multiplicam as mortes por Covid-19. Ele é louco e precisa ser interditado antes que mais brasileiros morram por sua loucura”, disse Carlos Lupi, presidente do partido.  

Há cerca de um mês, chegou à Câmara de deputados um megapedido assinado por 46 pessoas que representam sindicatos, associações, partidos etc, e lista 23 crimes de responsabilidade cometidos por Bolsonaro. O Brasil quer sair do hospício.

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