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Carlos Reis R. Sousa

Professor de Filosofia do Instituto Federal do Maranhão, mestre em Filosofia Contemporânea e autor do livro Diálogo e Direito

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Bolsonaro é o palhaço que busca o ‘um por cento vagabundo’ da plateia

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Uma das estratégias dos humoristas para fazer rir é a exploração dos instintos e desejos mais ocultos da plateia, quando expressam no palco o que muitos gostariam de dizer em público, mas não o fazem por pudor. Como exemplo desses impulsos “sem vergonha”, que despertam o riso, estão os palavrões, xingamentos, machismo, traição, homofobia, xenofobia, ataque ao time rival... Nessa estratégia específica o contador de piada figura como porta voz do ‘um por cento vagabundo’ que habita o ser humano.  

A piada mais bem sucedida é aquela que, seja pela escolha certa do tema ou pela linguagem fácil do comunicador, chega  ao pensamento secreto da maioria da plateia. Cabe, de antemão, ressaltar o nosso respeito aos humoristas, assim como o registro de que o uso da expressão destacada no título é simbólico e não visa denegrir a brilhante tarefa desses profissionais.

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Mesmo sendo crítico ferrenho de Bolsonaro é difícil resistir a uma gargalhada, que brota quando assistimos discursos aloprados, gestos cafonas, patacoadas, bravatas e o sorriso (de Bolsonaro), que mesmo frondoso, não combina com o atual momento do Brasil. Assim como os palhaços, Bolsonaro explora terrenos ocultos da plateia; só para usar uma linguagem freudiana é adequado dizer que ele acessa regiões inconscientes ou reprimidas de 30 por cento dos brasileiros fieis a ele até aqui. Claro que parte da plateia bolsonarista  adora rir da desgraça dos outros, portanto age conscientemente.

O capitão humorista desbrava preconceitos e crenças do imaginário popular, ao pronunciar seus discursos. Com uma comunicação simples e uma argúcia biônica para detectar o ‘um por cento vagabundo’, Bolsonaro explora o ódio contra comunista, chinês, Venezuela, esquerda, negros, mulheres, índio, LGBT; além disso, flerta com o medo que o brasileiro tem da violência e oferece armas para satisfazer os mais tenros desejos de ser herói que qualquer criança um dia já teve; Bolsonaro flerta também com os preconceitos de classe, com os tabus sexuais e com a religiosidade da população. A sua maestria é tão fina neste ofício que consegue arrancar aplausos da plateia, quando explora esses temas, e consegue até a façanha de despertar medo de agulha de injeção, que resulta em manifestações de rua contra vacina.  

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Da mesma forma que o humorista brinca de faz de conta, com a habilidade de emitir palavras certas na hora certa, Bolsonaro é capaz de criar na mente de muitas pessoas a existência de fantasias, a exemplo do Kit Gay; sem contar que transformou uma gripe letal em “gripezinha”, levando sua plateia favorita a combater o bem de uma vacina e a amenizar o mal que a própria vacina quer combater.

 No picadeiro é permitido ao palhaço fazer o que quiser com as palavras, considerando a permissividade artística. Já Bolsonaro tenta falsamente transferir tal permissividade para a Presidência da República, notadamente quando mente, ameaça, prega o inconstitucional, o antiético e o incivilizado, a exemplo da batalha pela cloroquina; e faz tudo isso para encontrar o timeda piada e ganhar o riso da plateia, recebendo em troca fotos, gritos de “mito”, papeis picados e toque de trombetas militares.  

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Aos palhaços de ofício, nossos aplausos, por cumprirem aquilo que é próprio de sua missão profissional: fazer rir, trazer alegria. A Bolsonaro o nosso repúdio, dada a constatação de que sua graça está levando a desgraça de milhões de brasileiros afetados pela fome, desemprego... e, sobretudo, pelas mortes e contaminações de COVID-19.

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