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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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Bolsonaro e os militares procuram um novo repertório

"Bolsonaro é um sujeito sem repertório depois do 7 de setembro, um traste político incapaz até mesmo de se infectar com o coronavírus que infecta quase todos os que estão no seu entorno", escreve o jornalista Moisés Mendes

Bolsonaro, ao lado de Braga Netto e comandantes militares durante desfile militar em frente ao Palácio do Planalto (Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República)
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Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia 

Os militares determinaram a Bolsonaro que ele falasse em voz alta que as Forças Armadas não cumpririam nenhuma orientação golpista. Mandaram parar com o blefe do golpe.

Os militares sabem, mesmo que alguns quisessem, que não podem e não têm como segurar o tranco de um golpe. Golpe é trabalho pesado.

Os generais devem ter feito o pedido, com jeito e com cautela, para não irritar o sujeito. Que Bolsonaro dissesse que eles estão bem assim, que preferem ficar quietos depois de tanto blefe. Mas Bolsonaro exagerou. Falou que seus militares não cumpririam uma ordem absurda.

Se falou, é porque agora admite que andava pensando em alguma coisa absurda, mesmo que quase tudo que ele faça seja absurdo. O golpe passa a ser considerado publicamente por Bolsonaro uma ordem absurda.

É uma declaração, agora feita em discurso, na sequência daquela da entrevista para a Veja, de que ele desistiu do golpe.

E se não conta mais com os militares, com quem Bolsonaro poderia contar e o que poderia fazer mais adiante para tentar sabotar a democracia e a provável eleição de Lula?

Chegaram a considerar, numa tese ingênua patrocinada por parte das esquerdas, que Bolsonaro poderia, esnobado pelo Exército, fazer um levante com as polícias militares, com a ajuda de milicianos.

É mais uma elucubração que vai e volta. O que Bolsonaro poderia ter dito, como disse a respeito da inconsequência de uma ordem golpista para os militares, é que PMs também não têm como cumprir ordens absurdas.

PMs não estão sob o comando direto de uma hierarquia nacional, mesmo que sejam forças auxiliares do Exército, não têm como seguir uma ordem direta de Bolsonaro e não são ingênuos como os autores da tese do levante. Nem estariam, como diz a lenda, tão encharcados de bolsonarismo.

Se Bolsonaro não tem os militares e dificilmente teria as PMs, ele tem, diz também uma franja da esquerda, a possibilidade de esculhambar com a eleição.

Consideram possível, depois do que aconteceu na Bolívia, nos Estados Unidos e no Peru, que Bolsonaro monte uma estrutura miliciana digital e presencial para empastelar a eleição que ele irá perder.

Depois do que aconteceu nesses países e de todas as lições contidas nesses episódios. Depois da sequência de ameaças de Bolsonaro. Depois de tudo o que se sabe sobre a fábrica de fake news montada desde a eleição de 2018. Depois daquela live ridícula com vídeos de supostas fraudes nas urnas em 2018. Depois das novas articulações dos filhos de Bolsonaro com Steve Bannon – depois disso tudo, há quem acredite que ninguém conseguirá conter o ataque de Bolsonaro às eleições.

Se levam a sério a hipótese de que Bolsonaro, os filhos, Bannon e as milícias podem mesmo empastelar a realização e a apuração de uma eleição, então vamos desistir da democracia.

Se a chance de os milicianos tumultuarem uma eleição for considerada real, depois do que já sabemos e de como podemos nos proteger, então não resta mais nada.

Alardear que Bolsonaro pode esculhambar com a eleição é ajudar a tocar o bumbo furado do marketing de uma extrema direita ferida, desestruturada e imobilizada pela covardia do seu líder.

Bolsonaro é um sujeito sem repertório depois do 7 de setembro, um traste político incapaz até mesmo de se infectar com o coronavírus que infecta quase todos os que estão no seu entorno.

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