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Mario Vitor Santos

Mario Vitor Santos é jornalista. É colunista do 247 e apresentador da TV 247. Foi ombudsman da Folha e do portal iG, secretário de Redação e diretor da Sucursal de Brasilia da Folha.

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Bolsonaro é problema das elites em sua luta contra Lula

O jornalista Mario Vitor Santos apresenta uma reflexão aguda sobre o rompimento de parte da elite com Bolsonaro: “É um quadro complexo para o campo progressista, que prepara sua união em torno da candidatura Lula. Com Bolsonaro fora do jogo, trocado por Mandetta, Moro, Ciro ou mesmo Doria, a direita terá campo livre para desencadear sobre seu inimigo principal todas as injúrias e fantasmas do antipetismo”

(Foto: Reprodução/TV Globo | Ricardo Stuckert)
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Por Mario Vitor Santos

A aceleração da crise do governo Bolsonaro é resultado de fatos concorrentes. Denúncia grave de corrupção da compra da Covaxin indiana dá novo alento à CPI impondo a criação de fatos diversionistas com a saída de Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente. O possível recolhimento de quadros militares e o ensaio oportunista do vice Hamilton Mourão (o vice decorativo da vez). O surto nervoso do presidente. O avanço de investigações em diversas frentes, a crise energética, os sinais ambíguos da economia, a persistência do desemprego e o aumento da inflação de itens essenciais. O recrudescimento da pandemia, que já ceifou mais de 500 mil vidas, explicitando de maneira incontestável o erro fatal da opção pelo negacionismo e a subestimação das medidas sanitárias. O ressurgimento das manifestações de rua. 

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Não faltam razões para indicar a incapacidade de Bolsonaro para o cargo, já patente para muitos desde antes da campanha de 2018, mas que agora ganha os ingredientes inéditos de uma urgência muito perigosa e pode se transformar num tsunami.

Essa crise incorpora um fator essencial. Parte da centro-direita, parte dos políticos do capital e maioria da mídia corporativa que os representa chegou à conclusão de que Bolsonaro precisa ser retirado urgentemente.

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A fração majoritária do capital mantém apoio ao presidente, segue otimista com as possibilidades da retomada econômica. Outra parcela importante das elites e a mídia passaram a manifestar ódio por Bolsonaro por uma razão de fundo: ele se revela um candidato cada vez mais incapaz de derrotar Lula e o PT nas eleições de 2022. O que existe é uma divisão entre capital e parte dos seus representantes na mídia e na política.

Enquanto estiver no cargo e for candidato à reeleição, Bolsonaro paralisa a possibilidade de união da direita. Ele bloqueia a articulação e o crescimento de uma outra candidatura capaz de unificar o campo conservador, e assim disputar o centro com a centro-esquerda e a esquerda.

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Bolsonaro no poder é sinônimo de falta de hegemonia entre as classes dominantes, elas que o conduziram entre entusiasmadas e desesperadas ao cargo em 2018, respirando aliviadas com sua vitória sobre Lula encarcerado, depois Haddad e o PT.

O fato é que Bolsonaro está sendo atirado aos cães por parcela importante dos que viram sua vitória como uma esperança ou um mal menor para o Brasil.

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Por atrapalhar os anseios de impedir a vitória de Lula, a mídia, em especial agora a TV Globo e os outros veículos do Grupo Globo, mas também até órgãos antes simpáticos a Bolsonaro, como a CNN Brasil, assumem uma atitude aberta de oposição, uma campanha feroz e inclemente, com vistas a incinerar o aliado agora imprestável.

Está aí a razão da mudança radical da Globo, que da censura constrangedora passou ao apoio aberto às manifestações de rua promovidas essencial e poderosamente pela esquerda. Esta, cada vez mais ousada e consciente do seu poder de influência, precisa prestar atenção, pois abre-se uma disputa pela direção do movimento, com a parcela da direita convertida que pretende aderir.

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Folha, Uol, Estadão, e diversos outros veículos irmanam-se na caçada a Bolsonaro. Abandonaram a posição de neutralidade inicial, a sabida e infame atitude de “escolha difícil” entre Bolsonaro e a esquerda.

Parcela importante da direita parte com tudo para alterar com urgência sua aposta eleitoral, trocando os pneus com o carro em movimento. Pretende se aproveitar do desprendimento da esquerda para num momento seguinte, na hipótese do afastamento de Bolsonaro, reconfigurar o quadro eleitoral à sua feição. 

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É um quadro complexo para o campo progressista, que prepara sua união em torno da candidatura Lula. Com Bolsonaro fora do jogo, trocado por Mandetta, Moro, Ciro ou mesmo Doria, a direita terá campo livre para desencadear sobre seu inimigo principal todas as injúrias e fantasmas do antipetismo, desde a farsa do mensalão até a Lava Jato e a crise que ela propiciou. A polarização com Bolsonaro é de uma natureza. Com um desses da “terceira via”, o jogo será mais complexo.

A disputa de parcela relevante das elites com Bolsonaro é uma feroz chacina fratricida. As feras da mídia corporativa, até agora comedidas, estão à solta, sem coleira, em nova campanha conjunta, atiçadas pelos donos. Vale tudo para limpar a área o mais cedo possível. A primeira carniça é Bolsonaro. Espera-se que essa disputa leve ambos os lados à exaustão, pois senão quem vencer vai atrás da segunda, o PT. 

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