Bolsonaro foi buscar lã e saiu tosquiado
"Depois dessa dura decisão de Moraes, a situação de Bolsonaro ficou mais complicada e seu indiciamento pela Justiça, apenas uma questão de tempo", diz Solnik
Na decisão de 16 páginas em que negou a devolução do passaporte a Jair Bolsonaro, o ministro do STF Alexandre de Moraes citou três argumentos.
Nada mudou desde que a apreensão do passaporte foi feita, ao contrário, a situação agravou-se porque Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal. Não há motivo, portanto, para revogar uma das três medidas cautelares impostas no contexto do inquérito da tentativa de golpe de estado.
O segundo argumento é que a defesa não apresentou o convite oficial para a posse de Donald Trump, como Moraes havia solicitado.
O terceiro, e mais contundente, é que haveria, por trás do pedido, a intenção de fugir do Brasil.
Moraes baseia o argumento em declarações do próprio Bolsonaro, à Folha e ao UOL, nas quais cogitou pedir asilo em embaixadas caso fosse condenado e nas várias ocasiões em que incentivou e defendeu a fuga de condenados do 8/1 pelo STF que se refugiaram na Argentina.
Moraes também afirmou que o deputado Eduardo Bolsonaro, intermediário do convite ao seu pai, é outro apoiador dos fugitivos da Justiça brasileira, tendo inclusive pedido asilo para eles ao presidente Milei.
Depois dessa dura decisão de Moraes, a situação de Bolsonaro ficou mais complicada e seu indiciamento pela Justiça, apenas uma questão de tempo.
E Eduardo Bolsonaro entrou no radar de Moraes.
A intenção de fugir do país pode caracterizar tentativa de obstrução de Justiça, um dos motivos que justifica a prisão preventiva.
Bolsonaro foi buscar lã e saiu tosquiado.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




