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Simão Pedro

Professor e mestre em Sociologia Política, ex-deputado estadual do PT e ex-secretário de Serviços da gestão Fernando Haddad

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Bolsonaro governa para os ricos e vai continuar atacando os pobres

Bolsonaro governa para os ricos e faz de tudo para segurar avaliação positiva em 1/3 da população, patamar suficiente para tentar se manter no governo e continuar suas políticas para beneficiar aqueles que de fato o sustentam

(Foto: ADRIANO MACHADO - REUTERS)
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A pesquisa publicada ontem pelo jornal Folha de São Paulo só confirma aquilo que a gente vem falando aqui: Bolsonaro governa para os ricos e faz de tudo para segurar avaliação positiva em 1/3 da população, patamar suficiente para tentar se manter no governo e continuar suas políticas para beneficiar aqueles que de fato o sustentam.

A aprovação de Paulo Guedes, o empresário da especulação financeira que comanda a economia no Brasil, é aprovado por 58% dos mais ricos e por 31% dos pobres. Mesmo que o segmento dos ricos represente apenas 3% do universo de pessoas pesquisadas. Nos setores médios da população, sua política é aprovada por 46%.

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Os ricos ganham com aplicações no mercado financeiro, seja com inflação baixa ou alta, com embate entre China e EUA. Quem tem muito aplicado está ganhando. Por isso uma enxurrada de empresas bancárias e de investimentos está surgindo a todo o momento. Querem aproveitar os novos negócios propiciados pelas privatizações de empresas, bens e serviços e juros exagerados pagos pelo governo. Os ricos não estão ligando para geração de emprego formal. Quanto mais desregulamentado o mercado, melhor para eles, de preferência com privatização, precarização e destruições de direitos. É a chilenização do Brasil.

No nosso país vizinho, durante 30 anos, as elites foram segurando a insatisfação do povo tentando mostrar que isso era bom. Que o caminho seria a aplicação das políticas neoliberais. Até que estourou, porque a situação do povo chegou ao limite. Aqui, vem sendo aplicado desde 2016, após o golpe com Temer e aprofundado com Guedes.

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Os meios de comunicação, redes sociais com robôs e as elites do atraso que aqui mamam nos recursos públicos, têm a função de fazer engolir esse modelo, ou pela manipulação, ou pela ameaça e mesmo pela repressão violenta e cruel, como estamos assistindo. Daí esse processo, ao que parece, vai se naturalizando. Por isso o governo consegue aprovação de cerca 1/3 da população. O Data Folha mostrou que 30% das pessoas pesquisadas avaliam o governo como bom ou ótimo, 36% o consideram regular e 36% o consideram ruim ou péssimo.

O modelo econômico aplicado aqui é mais cruel. No Chile foi enfiado guela abaixo do povo por uma ditadura brutal. Aqui, passa-se a impressão que está sendo feito tudo dentro das normas democráticas, com impeachment presidido pelo presidente do STF, com prisão do líder das pesquisas pela Lava Jato, por um governo eleito...

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Para Bolsonaro e para os que o sustentam está bom se manter nesses 30% de avaliação positiva. É o suficiente e fundamental para continuar competitivo eleitoralmente e se garantir num segundo turno eleitoral em 2022. Com esse percentual ele também vai tocando seu governo com suas medidas neoliberais. Mas para isso, ele precisa exacerbar continuamente a polarização política com medidas caóticas, esdrúxulas, drásticas ou rocambolescas para  manter a descrença de grande parte da população na política e alimentar o ódio ao petismo e à esquerda.

Na apresentação da pesquisa, a Folha tenta vincular o breque na avaliação negativa de Bolsonaro com a expectativa de melhoria da economia cuja projeção é de crescimento do PIB em 1%. Mas a avaliação positiva do governo nesse campo é muito baixa: apenas 16% aprovam medidas de combate ao desemprego e somente 25% avaliam a gestão econômica como ótima ou boa. E esse “otimismo” é maior, evidentemente, entre os ricos do que entre os pobres. E 55% da população acha que a crise econômica vai demorar em passar.

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O fato é que a maioria da população já percebeu que os propagandistas do governo e do Mercado há uns 4 anos vêm apresentando projeções de crescimento do PIB em 2%, mas isso nunca se realiza. Falam o mesmo em relação à 2020. Não precisa ser economista para perceber que o PIB cresce percentualmente menos do que cresce a população e isso é a recessão. É lógico: 80% do PIB vem do consumo das famílias. Os outros 20% correspondem às exportações e consumo estatal e empresarial. Se arrocham os salários, mantém alto o desemprego, cortam benefícios sociais, a consequência é a economia ser afetada. Então, a manutenção da atual política econômica e social nunca vai trazer crescimento.

Essa pesquisa do Data Folha e outras que estão saindo, servem também para tentar consolidar Sérgio Moro como candidato para 2022. Mas é uma situação que não está definida. Se o ministro bolsonarista da Justiça manter sua aprovação no patamar que mostra a pesquisa (73% entre os ricos e 46% entre os mais pobres) poderá ser um cenário talvez pior para a oposição. Mas ainda é cedo para este tipo de especulação política e a pesquisa aponta um vasto campo para atuação contra o atual estado de desmantelamento que vivemos.

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Aí é que está o espaço para a Esquerda e os Movimentos Sociais terem êxito nas suas estratégias de oposição e enfrentamento dessa situação. Se de um lado a pesquisa mostra uma certa consolidação do Bolsonarismo nos patamares suficientes para sua manutenção e continuidade e isso revelaria uma certa fragilidade das forças populares em buscar soluções e propostas unificadas, de outro lado ela aponta um vasto campo para atuação contra o atual estado de desmantelamento que vivemos. Na crise são os mais pobres que sentem seus efeitos imediatamente no dia a dia. Com Lula solto a tendência é mudar esse quadro, como as pesquisas indicam. Lula sabe disso e por isso conclama o povo a se mobilizar, como fazem os povos chileno, equatoriano, colombiano, argentino e peruano. Mas o sucesso da Esquerda dependerá da capacidade de mobilização de suas entidades e lideranças e do convencimento de grande parte da população em relação ao que estão fazendo com o País. Esse é o desafio!

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