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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Bolsonaro guerreia com moinhos de vento e ameaça população com Forças Armadas

"O que a população deseja, e fica cada vez mais claro para todos é um só gesto: fora Bolsonaro! Não temos medo dos fantasmas que você tenta nos impingir, você, sim, com a sua maldade", escreve a jornalista Denise Assis

(Foto: Divulgação)
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Por Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia

Depois de se reunir com cerca de 20 empresários na noite de ontem, em São Paulo, Bolsonaro esteve na manhã desta quinta-feira (08/04) com generais recém-promovidos.  A movimentação dele tem a ver com os números da recente pesquisa XP-Ipespe, em que aparece tecnicamente empatado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e com indicações de que no segundo turno da eleição de 2022 ele perderia para Lula. A mesma pesquisa aponta que 60% dos entrevistados consideram ruim ou péssimo o seu desempenho à frente do combate à pandemia que já matou 340 mil pessoas no país. Aos generais, disse que o país vive fase “um tanto ou quanto imprecisa”, e por isto precisaria da “estabilidade” que as Forças Armadas representam para a nação, atuando dentro dos limites “das quatro linhas da Constituição”. Atuação, esta, que traduziu em um pedido de um “plano de contingência”.

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Os empresários que jantaram com Bolsonaro, ontem (07/04), pertencem basicamente ao ramo de investidoras, bancos e área de segurança, segmentos tradicionalmente reacionários, que aumentaram seus lucros na pandemia. Negócios próximos ao ministro da economia Paulo Guedes, em situação fragilizada graças aos ínfimos resultados que vem obtendo e principalmente aos erros apresentados no orçamento, de onde foram retirados R$ 26 bilhões, de despesas obrigatórias, a serem destinados a emendas parlamentares.

Não é de se admirar que Bolsonaro e Paulo Guedes saíssem do jantar – onde não se usou máscaras – aplaudidos e incensados. Ambos representam a continuidade de lucros para estes setores específicos, que pouco ou nada têm a ver com o bem-estar da população. Distantes do populacho, caminhando por alamedas de belo jardim, fica mesmo impossível tratar de “intubados” e miseráveis. Melhor acenar com apoio ao que está “dando certo” do ponto de vista desses senhores.

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Com a autoestima elevada pela bajulação de ontem, e ciente de que a movimentação de militares, num país traumatizado por uma ditadura que oprimiu o povo brasileiro por mais de 20 anos, assusta, Bolsonaro hoje encena mais uma de suas pantomimas. Solicita aos generais de plantão o tal plano contra possíveis “distúrbios sociais”. É bom que estejamos todos cientes e preparados para o fato de que se estes “distúrbios sociais” acontecerem, estarão obedecendo a um script que está apenas na cabeça de Bolsonaro.

Não existe organização no campo progressista que leve a uma situação de conflito. Os que têm consciência da dramaticidade do momento estão em casa, cuidando da própria saúde e de proteger suas famílias do risco do vírus de quem o Estado não os protege. Os que não têm o que comer, estão enfrentando filas, sob o risco de contágio, para buscar alimentos em centros de doações, que compensem a miséria de auxílio que seu governo destinou aos que não têm como ganhar a vida para colocar comida na mesa.

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Mais uma vez, Bolsonaro usa o Exército como “fantasma” para assustar e oprimir a população, já apavorada diante da iminência da morte. Cria uma fake news perigosa, prevendo distúrbios, revoltas e inimigos imaginários tais como os moinhos de vento que Cervantes idealizou, para guerrear com o seu cavaleiro andante, D. Quixote.  E, mais uma vez apropriou-se do que não é seu. O Exército, de onde saiu escorraçado, com a patente de capitão, tendo que negociar a “não expulsão”, dado que foi um “mau militar”, na definição dos seus superiores.

 “O nosso Exército, tradição, o nosso Exército de respeito, de orgulho, bem como reconhecido por toda nossa população, representa para o nosso Brasil uma estabilidade. Nós atuamos dentro das quatro linhas da nossa Constituição. Devemos e sempre agiremos assim. Por outro lado, não podemos admitir quem, porventura queira sair deste balizamento”, discursou, complementando que o país vive “uma fase um tanto ou quanto imprecisa”.

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Imprecisa foi a sua fala. Impreciso são os números de mortos que o seu governo apresenta, subnotificados, para escamotear a sua incapacidade de gerir o drama nacional, a onda de reprodução de novas cepas, a deficiência dos hospitais públicos e privados, que já não dão conta de atender ao surto de Covid-19 que ele deixou explodir.

Por fim, arrematou sua fala com o discurso precário, cantochão, com cara de capa de caderno de aula de Moral e Cívica, que é o máximo que sabe fazer: “Mas temos a certeza de que, pelo nosso compromisso e tradição, sempre teremos como lema a nossa bandeira verde e amarela, e a perfeita sintonia com os desejos da nossa população.” E prosseguiu, delirante, prevendo distúrbios que poderiam ocorrer não apenas por “necessidade” (devido ao agravamento da situação econômica), mas também por “maldade”.

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O que a população deseja, e fica cada vez mais claro para todos é um só gesto: fora Bolsonaro! Não temos medo dos fantasmas que você tenta nos impingir, você, sim, com a sua maldade. O Exército que você chama de “seu”, jamais vai se colocar contra um povo pobre, faminto, doente. Resta dignidade no comando das Forças Armadas para entender que a hora é de assistir, acolher, e não matar e reprimir. Este serviço sujo você já faz. Resta aos que juraram amor à pátria, cujo nome você usa em vão, proteger os brasileiros, jogados à própria sorte pelo seu governo.

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