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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Bolsonaro não se deterá diante de nada para manter-se no poder

"Bolsonaro, na verdade, com a sua política de intimidação vem conseguindo o controle de quase tudo", avalia o jornalista Ribamar Fonseca

Jair Bolsonaro durante cerimônia de assinatura do acordo Brasil – EUA: Programa Lunar Nasa Artemis (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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Por Ribamar Fonseca

Enquanto cerca de meio milhão de brasileiros morrem de Covid em todo o país, o Presidente da República, sorridente e sem máscara,  passeia de moto, indiferente à dor dos familiares e amigos das vítimas.  E sem importar-se com o colapso no sistema de saúde em vários Estados, com os hospitais lotados, ele ainda  manifesta a disposição de abolir o uso de máscaras, um dos principais acessórios recomendado pela ciência para evitar-se o contágio dessa terrível doença. Ao contrário dos governantes de todo o mundo, quanto ao combate da pandemia, Bolsonaro parece mesmo disposto a disseminar o contágio do vírus para obter a chamada  imunidade de rebanho, tese já descartada  pelos cientistas, ao mesmo tempo em que insiste no uso da cloroquina para tratamento precoce, apesar da ciência já ter comprovado a sua ineficácia. Por conta desse comportamento criminoso, o capitão levou o Senado a instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar suas ações e omissões no combate ao Coronavirus.  

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Paralelamente, desde o lançamento da candidatura de Lula às eleições presidenciais de 2022,  Bolsonaro está empenhado numa campanha aberta com vistas à sua reeleição, promovendo manifestações dos seus apoiadores e comparecendo em qualquer evento onde possa receber aplausos. Já chegou até a inaugurar uma ponte de madeira de 18 metros no interior da Amazônia e a entrar num avião estacionado no aeroporto de Vitória, em busca de aplausos dos seus passageiros. Ganhou aplausos mas, também, xingamentos. Ele já deixou bem claro que não se deterá diante de nada para permanecer no Palácio do Planalto, não estando descartada nem mesmo a possibilidade de fraude, a julgar pela sua insistência no retorno do voto impresso, e até de um golpe, com o apoio das Forças Armadas e das polícias militares. Não por acaso as manifestações de apoio a ele recebem a proteção da polícia, enquanto as manifestações contrárias são violentamente reprimidas, como aconteceu em Pernambuco. 

Bolsonaro, na verdade, com a sua política de intimidação vem conseguindo o controle de quase tudo. O episódio Pazuello mostrou que ele tem o controle do Exército, cujo comandante não teve coragem de punir o general que violou o regulamento militar ao comparecer a um ato político. Acreditava-se que a Marinha e a Aeronáutica não haviam se curvado aos seus caprichos, mas o comandante da Marinha, em recente declaração, disse que as Forças Armadas estavam unidas em torno do ministro da Defesa, a quem obedeciam. Acontece que o ministro da Defesa, general Braga Neto, é homem de confiança de Bolsonaro que, através dele, tem o controle de todas as forças, e não apenas do Exército. E agora, depois de um discurso  em que disse estar ao lado da Polícia Militar, “aconteça o que acontecer”, ele certamente também terá o controle dos policiais, sobretudo depois de anunciar um plano de financiamento da casa própria para eles. 

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Bolsonaro também tem o controle da Procuradoria Geral da República, cujo titular, Augusto Aras, já demonstrou em várias oportunidades a sua lealdade a ele, parecendo mais um Advogado Geral do Presidente e Auxiliares, ao contrário dos PGRs indicados por Lula e Dilma. Ele também já colocou um pé no Supremo Tribunal Federal, através do ministro Nunes Marques, e deverá colocar outro pé com  a indicação de André Mendonça para a cadeira vaga com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello.  Além de contar com a simpatia de outros ministros, ele costuma fazer uma visita surpresa à Corte todas as vezes em que tem interesse em algum julgamento, uma estratégia de intimidação que parece funcionar.  Espertamente, ele também conseguiu o controle do Congresso Nacional, onde, com o “argumento” do bolsolão, conquistou a maioria com o chamado Centrão e garante a aprovação das matérias do seu interesse, além de impedir, com Arthur Lyra, a votação do seu impeachment.  

Depois de 28 anos de mandato como deputado federal, sem nenhum projeto de relevo, Jair Messias Bolsonaro, sem qualquer experiência executiva e como num passe de mágica, deu um salto da Câmara para a Presidência da República, o que explica o seu despreparo para governar uma nação continental como o Brasil. Os principais responsáveis por isso foram a parceria Globo-Lava-Jato, que envenenou a população com uma sistemática campanha antipetista que culminou com a prisão e afastamento de Lula da sucessão presidencial, e a massificação das fake news nas redes sociais.  Fascista por natureza, antes mesmo de assumir o cargo o capitão já montava o seu plano para perpetuar-se no poder como ditador, estimulando o fechamento do STF e cercando-se de militares no governo, nomeando-os para cargos civis em todos os escalões. E eles gostaram tanto do poder, tal como o chefe,  que nenhum deles parece disposto a largá-los. 

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Resultado: além do problema da pandemia, que vem ceifando milhares de vidas, o Brasil mergulhou num caos, com inflação alta, custo de vida subindo todos os dias, desemprego em massa, com indústrias pesadas fechando as portas,  e o povo pobre passando fome. O combustível e o gás de cozinha subindo de preço quase todos os dias, obrigando a população pobre a voltar ao fogão a lenha. A floresta amazônica sendo destruída e os povos  indígenas dizimados pela ambição de madeireiros e garimpeiro, com a complacência do governo.  Para completar, o país se tornou um pária internacional, praticamente ignorado pelas demais nações e perdendo o protagonismo que havia conquistado no governo de Lula. Apesar de tudo, surpreendentemente o capitão ainda tem fanáticos seguidores que, pelo visto, ainda não sentiram os efeitos desastrosos  do seu governo. Ou são masoquistas. O capitão sabe, porém, que eles não são suficientes para reelegê-lo e, por isso, não hesitará em dar um golpe para manter-se no poder.  Urge, portanto, apeá-lo do Planalto antes que seja tarde demais. 

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