Bolsonaro, o cocô e a Cocobrás
"No tocante a isso daí, é o seguinte: Vamos ter que fundar a Cocobrás, talkey?", satirizou o jornalista Ayrton Centeno em artigo que trata das declrações de Jair Bolsonaro que associou a proteção ao meio ambiente com a frequência ao vaso sanitário. "A controvérsia instalou-se por outro motivo: quem regularia a ida ao banheiro – e portanto o patriotismo dos súditos? O presidente tirou o indicador da narina, passou o produto da escavação no tampo da mesa, pigarreou e, após breve pausa, determinou",
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Mal Bolsonaro passou a medir a proteção ao meio ambiente pela frequência ao vaso sanitário, abriu-se o debate no governo. Sim, todos concordaram com a premissa genial. A controvérsia instalou-se por outro motivo: quem regularia a ida ao banheiro – e portanto o patriotismo dos súditos? O presidente tirou o indicador da narina, passou o produto da escavação no tampo da mesa, pigarreou e, após breve pausa, determinou:
-- No tocante a isso daí, é o seguinte: Vamos ter que fundar a Cocobrás, talkey?
Choque na platéia, marcantemente neoliberal, defensora da redução radical da presença do Estado na economia, exceto para salvar bancos falidos, empresas quebradas e perdoar dívidas de ruralistas. Paulo Guedes quase desmaiou. Abanado pelos assessores, tomou um gole d`água, recuperou o fôlego e protestou:
-- Não fica bem, meu líder, justo agora que estamos vendendo a Petrobras e tudo mais...O que o mercado vai dizer?
Bolsonaro reagiu:
-- Foda-se o mercado. Ô Ipiranga, você tem que saber duma coisa: eu quero controlar isso daí, tenho que botar gente de confiança para fiscalizar senão vira balbúrdia, talkey? Um caga cinco vezes por dia, outro não caga nenhuma. Baita injustiça, porra! E o meio ambiente se fudendo.
-- Mas e a Bolsa, meu Deus do céu?
Foda-se a bolsa, postinho. Tenho que controlar esse lance aí do cu. Se não controlar, meus amigos desmatadores não vão poder continuar fazendo o trabalho deles em paz, derrubando um campo de futebol por segundo na Amazônia. Vou provar praqueles bacanas da Europa, a Merkel, o Macron, que também sou a favor da natureza, porra! Vão ter que me engolir. E, se a coisa funcionar, vão me copiar, aqueles merdas...Já fiz até as contas. Veja: a União Européia tem 500 milhões de cus e, se não cagarem um dia, serão 500 milhões de bostas a menos. E, num mês, serão 7,5 bilhões de bostas naqueles rios deles, como o Reno, o Nilo e outros...
(Palmas no salão. Guedes se senta, parece derrotado. Os demais gritam: “Mito”, “Mito”)
-- Mais uma vez eles vão aprender ecologia com a gente, diz Bolsonaro, já em pé em cima da mesa e regendo o coro.
Guedes se recupera e faz uma observação:
-- Mas lá eles comem muito e bem. Vai ser difícil...
-- É mais uma vantagem nossa. Você não viu que aumentamos o desemprego, arrochamos o aumento do mínimo, detonamos os direitos trabalhistas, cortamos a grana da previdência e da saúde, elevamos o preço da comida? Você acha que foi só por maldade? Claro, sem grana, eles vão comer menos ou nem vão comer. E se não vão comer vão cagar o quê mesmo? Ora, não contavam com minha astúcia! Viva a natureza! Chico Mendes já era!
Mourão ergue-se, bate continência e pede a palavra:
-- Meu chefe supremo, a missão que temos pela frente é tão nobre que somente poderá ser levada a cabo pelas Forças Armadas. Solicito uma medida provisória ou até uma emenda à Constituição atribuindo a elas esta grande honra da patriótica fiscalização anal da nação...
-- Concedido. Fora aqueles tiros no Rio, ultimamente vocês têm estado de folga mesmo. Mas o comando da Cocobrás ficará com os civis. Vou botar a Janaína Paschoal. Como vocês lembram, ela já fiscalizou os banheiros do Ibirapuera para o Dória. É uma pessoa que conhece a função. O Frota será seu segundo, também pela experiência...
-- Mas como vamos fiscalizar as evacuações domésticas?, alguém questiona.
É a vez do ministro Marcos Pontes, da Tecnologia, intervir.
-- Simples. Vamos desenvolver e instalar chips nos rabos de homens, mulheres e crianças. Uma espécie de GPS anal e analítico. As informações serão captadas por uma central da Cocobrás e enviadas ao Palácio do Planalto onde o presidente poderá pessoalmente revisá-las ao final de cada dia e impor as punições adequadas aos cus despidos de patriotismo.
--- Caceta! Tu é bom mesmo, meu astronauta. Já vou adiantando que os subversivos, mal acostumados a cagarem a toda hora e assim fomentarem a indisciplina e o desrespeito à lei e à ordem, serão enviados aos campos de reeducação intestinal geridos pela Cocobrás. De lá sairão patriotas ou não sairão mais.
Guedes tenta a última cartada:
-- Mas presidente, se fundar a Cocobrás vão dizer que o senhor tem merda na cabeça...
--- E tu acha que eu não sei viver com isso? Foi a primeira frase que ouvi do meu pai...
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