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Breno Altman

Breno Altman é diretor do site Opera Mundi e da revista Samuel

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Bolsonaro, Pedro e o lobo

"Pois é assim, brincando de “Pedro e o lobo”, como na clássica história infantil, que Bolsonaro controla a pauta e os movimentos das demais forças, mesmo nos momentos em que se desmoraliza e sua fraqueza é celebrada, baixando-se a guarda, enquanto o capitão respira um pouco e se prepara para fazer tudo de novo"

Bolsonaro, Pedro e o lobo (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

Bolsonaro queria que acreditássemos estar em curso um auto-golpe, para juntar sua tropa e amedrontar os adversários.

A oposição de direita e a imprensa monopolista compraram e venderam essa crença, pois quanto pior for Bolsonaro, mais limpa ficaria a barra dos golpistas de 2016. Não falta gente do lado de cá, sob essa tese, disposta a abraçar o MBL, FHC, Bolsodória e, até ontem, mesmo a Temer.

Muita gente na esquerda foi nessa cantilena do golpe em curso, porque há paixão por uma teoria da conspiração e a suposta radicalização do golpe seria, enfim, o grande momento da mobilização necessária, nos perdoando pela fraqueza diante do golpe real, o de 2016.

Além disso, para certos setores de esquerda, nada como um suposto golpe para revigorar a tese da “frente ampla” e propor amizade-quase-amor com o liberalismo decadente, antinacional e antidemocrático encarnado por tucanos, emedebistas e adjacências.

Pois é assim, brincando de “Pedro e o lobo”, como na clássica história infantil, que Bolsonaro controla a pauta e os movimentos das demais forças, mesmo nos momentos em que se desmoraliza e sua fraqueza é celebrada, baixando-se a guarda, enquanto o capitão respira um pouco e se prepara para fazer tudo de novo.

Já fomos melhores.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.