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Gilberto Maringoni

Gilberto Maringoni de Oliveira é um jornalista, cartunista e professor universitário brasileiro.

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Bolsonaro pode até tentar um golpe, mas sua sustentação é improvável

"Lembremos que o 7 de setembro foi planejado como a data para uma virada de mesa e tudo terminou num fiasco", escreve Gilberto Maringoni

(Foto: ABr)
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Por Gilberto Maringoni 

Em 1964, as Forças Armadas ainda exibiam prestígio pela atuação da FEB na Itália e por não terem sido protagonistas centrais da ditadura do Estado novo. 

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Invadiram a vida política do país por várias vezes desde o início da República, mas nunca haviam institucionalmente dirigido um governo. 

Por esses e outros motivos, reuniram condições políticas para amalgamarem um conjunto de forças reacionárias e associarem-se a Washington para cometer um golpe de Estado. 

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Entre essas forças estavam várias frações do grande capital - industrial, financeiro e agrário - a Igreja Católica, a mídia corporativa e setores das camadas médias.

A tarefa seguinte - colocar em pé um regime ditatorial - só foi possível por estabelecerem um pacto de classes com um projeto definido de país. 

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Contavam com o ambiente da Guerra Fria em seu favor. 

Esse projeto de desenvolvimento envolvia completar a industrialização, atraindo investimento externo, arrochando salários e reprimindo opositores.

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Não existe um projeto de desenvolvimento definido entre os militares atuais, mas diretrizes gerais para atrair capital especulativo, seguir reduzindo a massa salarial, entregar de vez setores estratégicos da economia, como energia e saneamento, privatizar o que resta de patrimônio nacional e arrebentar os serviços públicos. 

Ou seja, um varejo do neoliberalismo velho de guerra.

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À diferença da ditadura militar, a meta atual não é desenvolver o país, mas garantir que o butim seja repartido entre diversas máfias, desestruturando o Estado e impondo um profundo e permanente desarranjo institucional, num projeto que, com alguma licença poética, poderia ser denominado de neocolonial. 

Não está claro que haja unidade entre todas as frações do grande capital e apoio internacional consistente para sustentá-lo. 

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O mais provável é que uma tentativa golpista isole mais o país na cena global.

Há mais incertezas do que certezas no sucesso de uma aventura desse tipo. Há que se levar em conta a desmoralização acentuada das FFAA nos dias que correm, apesar de ser incerta a possibilidade de haver significativa resistência popular.

Em suma, é possível que os fardados brasileiros cogitem entrar numa aventura golpista com Bolsonaro. Mas, se ainda restar um mínimo de competência militar em suas hostes, seria de bom alvitre avaliarem o enorme risco da empreitada. 

Caso tenham êxito, é difícil que montem um regime estável. Devem levar em conta que a alta de Lula nas pesquisas não representa apenas o prestígio de um líder carismático, mas um profundo descontentamento de massas com o atual governo.

Embora a oposição precise trabalhar com todos os cenários - inclusive os piores - não vale a pena difundir a idéia de que um golpe nas eleições é inevitável. 

Bolsonaro e os hidrófobos fardados não estão em condições de fazerem tudo o que planejam. 

Lembremos que o 7 de setembro foi planejado como a data para uma virada de mesa e tudo terminou num fiasco, sem apoio consistente do topo da pirâmide social. 

Eles podem muita coisa, inclusive se darem muito mal numa quartelada que não pare em pé.

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