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Raimundo Bonfim

Coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP)

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Bolsonaro pode cair sem ter governado?

Não devemos entrar nesse jogo. Ele só interessa aos grupos que hoje disputam espaço e protagonismo no governo, pois ambos têm o mesmo projeto ultra-neoliberal, conservador e autoritário, que se contrapõe ao projeto democrático, de distribuição de renda e combate à desigualdade social. Bolsonaro, Mourão, Guedes e Moro são faces da mesma moeda

Bolsonaro pode cair sem ter governado? (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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A gigantesca manifestação contra o corte de recursos da educação e contra o desmonte da previdência pública, em 15 de maio, pode ter sido o início do fim do governo Bolsonaro? Era o empurrão que faltava? Não há na história do país um governo que, em tão pouco tempo, tenha sofrido manifestação contrária da magnitude que foi a do dia 15/5. Em menos de cinco meses de mandato, Jair Bolsonaro recebeu nas ruas a resposta popular contra as políticas de austeridade fiscal e ataques a direitos, em especial na área de educação. Porém, o anúncio de corte não se resume meramente à questão fiscal. É na área da educação que se trava um enorme embate entre as forças de esquerda, progressistas e democráticas, e o bolsonarismo. Uma das vitrines da base de sustentação do bolsonarismo é atacar o que eles chamam de marxismo cultural e defender a "escola sem partido". A resposta veio com mais de 1,5 milhão de pessoas em todas as regiões do país, contra o desmonte da previdência e os cortes na educação.

O governo tentou deslegitimar os manifestantes, rotulando-os de "idiotas úteis e massa de manobra".

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Em quase cinco meses de governo, não se apresenta propostas concretas para retomar o crescimento econômico, geração de emprego, nem propostas nas áreas da educação, saúde, segurança e moradia. Nenhuma medida que vise melhoria das condições de vida do povo. Pelo contrário, o presidente e seus ministros diariamente atacam as políticas públicas. O próprio presidente já afirmou que veio para destruir, não para construir, e que tinha dúvidas se queria de fato ser presidente da República.

As duas últimas propostas apresentadas aprofundarão ainda mais a crise econômica, o caos social e a violência. Refiro-me, em primeiro lugar, à proposta de desmonte da previdência pública, que dificulta o acesso à aposentadoria, desmantela todo o sistema de proteção social e entrega trilhões de reais para os banqueiros. Segundo, o pacote denominado de anticrime apresentado por Sérgio Moro que, em síntese, adota o punitivismo como solução para o combate à violência (uma falácia), cria regras para encarceramento em massa dos pobres e jovens, cria excludente de ilicitude para o policial que matar alguém ao alegar estar em estado emocional.

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Até o momento o governo não conseguiu sequer montar uma base de sustentação na Câmara e no Senado. Foi derrotado até mesmo na medida provisória de reorganização administrativa dos ministérios.

A balbúrdia em que se transformou o governo Bolsonaro é tamanha que ele não consegue nem sinal de aprovar medidas que favoreçam os financistas, rentistas e demais grupos econômicos que lhe apoiaram na eleição, em especial o ataque à previdência pública. Essa turma está perdendo a paciência com o seu governo. Exemplo disso foi o recado dado via editorial do Jornal O Globo (17/5), que detona Bolsonaro, denunciando que é impossível o presidente governar confrontando com opositores e cercado de incendiários, o que coloca em risco a aprovação da proposta de reforma da previdência.

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Se o capital e seus diversos braços econômicos e a mídia estão insatisfeitos com o governo que elegeram, imagine o povo mais pobre, os trabalhadores (as) que estão sofrendo com o desmonte das políticas públicas, corte de seus direitos, aumento do desemprego, da exclusão social e estagnação econômica.

Voltando à questão da pergunta do título. Estamos no início do fim do governo Bolsonaro? Em setores da grande mídia e nas rodas de conversas políticas a palavra impeachment voltou a circular.

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Muito provavelmente, nos próximos dias ou semanas, aparecerá o dilema para a esquerda e os movimentos sociais e populares. Bolsonaro ou Mourão?

Ao meu juízo, não devemos entrar nesse jogo. Ele só interessa aos grupos que hoje disputam espaço e protagonismo no governo, pois ambos têm o mesmo projeto ultra-neoliberal, conservador e autoritário, que se contrapõe ao projeto democrático, de distribuição de renda e combate à desigualdade social. Bolsonaro, Mourão, Guedes e Moro são faces da mesma moeda.

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Se o governo não recuar do corte de recursos da educação, se obtivemos sucesso (acho possível) na greve geral de 14 de Junho, Bolsonaro pode entrar no segundo semestre cambaleando e caminhado para o processo de impeachment. No entanto, nossa tarefa é derrotar o projeto do governo Bolsonaro, não apenas o presidente Bolsonaro, de modo que seguem na ordem do dia as bandeiras por Lula Livre e eleições gerais com Lula candidato, pois é quem representa um projeto democrático-popular para o Brasil, de retomada do crescimento econômico com distribuição de renda e democracia.

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