Bolsonaro pode confiscar sua poupança
Bolsonaro representa um futuro incerto para a economia brasileira, caso seja eleito. Seu modo entreguista e autoritário pode gerar, mais uma vez, um cataclisma financeiro como ocorreu no governo Collor
O dia 16 de março de 1990 é uma data que jamais será esquecida pela maioria dos brasileiros. Nesse dia, o então Presidente da República, Fernando Collor de Mello, anunciava o bloqueio das cadernetas de poupança de todo brasileiro por 18 meses, limitando o saque a 50 mil cruzados novos (aproximadamente 7 mil reais, nos valores atuais). A medida iniciou o que historicamente é conhecido como Plano Collor, um dos maiores desastres políticos e econômicos do Brasil. O confisco, que não foi anunciada previamente, causou mortes, suicídios e desemprego. O PIB, naquele ano, ano caiu 4,5 e ninguém escapou da recessão. Eu, que tinha apenas 8 anos na época, me lembro que meu pai respirava "aliviado" por não ter nada investido aquela época. Em minha memória, ficou ainda a imagem dos funcionários de supermercado alterando várias vezes no dia (e na noite) os preços dos produtos, cortesia da hiperinflação.
Desde então, o desastre de um novo confisco foi afastado por todos os presidentes que sucederam Collor. No entanto esse fantasma pode estar rondando, novamente, nosso quintal. O jornalista Paulo Henrique Amorim anunciou esse risco há cerca de um mês, em seu blog Conversa Afiada. Ele cita que em conversa direta com o economista, sua fonte (que teve sua identidade preservada) ouviu diretamente dele frases como essa ""Poderia com o dinheiro retido e com o dinheiro obtido das privatizações ajudar a pagar a dívida pública ou talvez quitar toda. Assim em poucos anos o PIB estouraria, iríamos atrair muitos investimentos." A solução, ainda segundo a fonte, seria criar uma espécie de tesouro direto obrigatório.
A Folha de São Paulo tratou logo de desmentir a notícia, mas parece não se tratar do mesmo caso. Em reportagem publicada em 5 de outubro, o jornal desmentiu que o vice de Bolsonaro, o general Mourão, tinha tratado desse tema. O "boato" teria surgido devido a uma má interpretação de outra matéria da Folha que tratava de temas como a visão crítica do general sobre o décimo terceiro salário. No entanto, Paulo Henrique Amorim não citou nenhuma vez o nome do Mourão, mas, sim, de Paulo Guedes. Também não há menção alguma de reportagens da Folha. A notícia do confisco, que ainda não foi confontada, ganhou corpo sendo, inclusive, apoiada por parte dos seguidores de Bolsonaro. Esses, que em grande parte compõem o topo pirâmide econômica, não possuem mesmo investimentos na poupança, que é, historicamente, reconhecida como fundo de investimentos da classe trabalhadora
Bolsonaro representa um futuro incerto para a economia brasileira, caso seja eleito. Seu modo entreguista e autoritário pode gerar, mais uma vez, um cataclisma financeiro como ocorreu no governo Collor. O então presidente eleito pelo PRN, alias era outro "salvador da pátria" que fracassou. Seu lema era "vou caçar os marajás da república". Collor usava o termo "marajás" para se referir àqueles que, segundo ele, mamava nas tetas do governo por anos, se valendo das benesses estatais. Algo como hoje poderíamos dizer de um deputado que, com 26 anos de mandato, apresentou apenas dois projetos em sua casa, a Câmara dos Deputados. O mundo dá voltas.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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