Bolsonaro poderá continuar na campanha?

Três dias depois de internado, Bolsonaro ainda não se alimenta pela boca. Não se sabe se passará por outras cirurgias. A previsão inicial dos médicos de Juiz de Fora, de que teria alta em dez dias revela-se otimista demais. Não é incomum: médicos são sempre otimistas. Já vimos esse filme no episódio de Tancredo Neves. Uma semana antes do óbito, o cirurgião Walter Pinotti, que o operara pela 11ª vez, proclamou aos quatro ventos: "Salvei a vida de Tancredo"!

Não podemos nos fiar, portanto, no que dizem médicos sobre seus pacientes, por mais respeitáveis que sejam. Para eles, estão sempre a um passo de ir para casa.

O fato é que a temporada de Bolsonaro no Einstein não deverá ser curta. Estamos a menos de um mês da eleição. É muito improvável que ele se recupere a tempo de participar da campanha.

E aí é que está o problema. O normal e natural seria o candidato a vice assumir desde já. Mas não é o que ocorre. A cúpula da campanha (seja ela quem for) está visivelmente impedindo que ele ocupe o espaço.

Esse comportamento dá margem a muitas dúvidas. A primeira: por que não deixam o vice fazer campanha no lugar do titular? Por que é truculento demais? Pode meter os pés pelas mãos? A sua entrevista à Globo News foi um desastre. Ele admitiu a possibilidade de Bolsonaro dar um golpe como o de Getúlio, em 1937, um "autogolpe", em caso de "anarquia".

A segunda: se o candidato a vice não tem condições de assumir a campanha terá condições de assumir a presidência em caso de vitória?

A outra dor de cabeça da campanha é a mulher de Bolsonaro. Ela está visivelmente à beira de um ataque de nervos depois da facada. Não é para menos. Exige segurança oficial para ela e a filha. E a Polícia Federal não dá.

Bolsonaro é uma ameaça à democracia e até à sua família.