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Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

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Bolsonaro tenta ganhar votos com base na tragédia social que ele criou

"Após transformar o governo numa fábrica de miséria, Bolsonaro abre os cofres às vésperas da eleição para tentar impedir a derrota", diz Paulo Moreira Leite

(Foto: Reuters)
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Por Paulo Moreira Leite

Depois de transformar seu governo numa fábrica de miséria e de miseráveis, Bolsonaro abre os cofres às vésperas da eleição para tentar impedir uma derrota clara para Lula. 

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Sabemos que, em condições normais, Jair Bolsonaro não teria a menor condição de tentar a reeleição. 

Mas, justamente porque o Brasil não vive um período de normalidade, na política, na vida social, na economia, ele tenta permanecer no cargo em 30 de outubro e já conseguiu chegar às últimas semanas da campanha como um candidato que não pode ser desprezado.  

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Para entender o que ocorre nestes dias de campanha, é importante reconhecer que, sob o governo Bolsonaro, o país tornou-se um país onde a fome, pesadelo histórico do país, finalmente vencido nos anos Lula-Dilma, conforme a própria ONU reconheceu, voltou a instalar-se entre nós. 

Estima-se, hoje, que 33 milhões de brasileiros não tenham condições de alimentar-se de forma adequada. Associada à fome, o país enfrenta o desemprego, o trabalho precário e outros caminhos que levam ao empobrecimento, numa trajetória onde é cada vez mais difícil pagar o aluguel, cuidar dos filhos, sustentar uma casa, entre as várias necessidades da vida civilizada deste século. 

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Comer também ficou difícil. Entre janeiro e setembro, o grupo de alimentos e bebidas acumulou uma alta de 9,54%, a maior em quase 30 anos -- mais exatamente, desde setembro de 1994, lançamento do Plano Real. 

No esforço para tentar permanecer no cargo, Bolsonaro encarregou-se de corromper as instituições políticas, a começar pelo Congresso e seu orçamento secreto, apenas o maior num grande conjunto de escândalos, como a compra de 51 imóveis em dinheiro vivo para a família, o conluio entre o Ministério da Educação e pastores instalados nos cofres de Milton Ribeiro.  

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Apesar de tantos desastres, quando faltam dez dias para o segundo turno, o fantasma da continuidade bolsonarista tornou-se um risco improvável mas menos distante para a eternamente frágil democracia brasileira. 

O projeto de reeleição de Bolsonaro consiste em completar a destruição das instituições democráticas -- entre elas o embrião de Estado de Bem Estar Social nascido na Constituinte --, transformando o país num polo de extrema-direita no Hemisfério Sul. 

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Num inequívoco sinal de gratidão pelos serviços prestados e apoio a promessas futuras, o baronato nativo entregou a Bolsonaro um cofre de R$ 65 milhões de reais em contribuições eleitorais. Para entender o significado dessa quantia, basta uma comparação. Embora Lula tenha ocupado a liderança das pesquisas eleitorais durante a  maior parte do governo Bolsonaro, recebeu o equivalente a 1/65 do mesmo auxílio, numa prova definitiva das opções e prioridades do andar de cima.

O grande serviço prestado pelo bolsonarismo à burguesia envolve o enfraquecimento de instituições que, ao longo da história, representaram conquistas e avanços para os trabalhadores e demais habitantes das camadas inferiorizadas da sociedade. 

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O Planalto de Bolsonaro comandou e reforçou ataques frontais a instituições como a Previdência e a CLT. A partir de  uma política criminosa diante da Covid-19, ensaiou um golpe mortal contra o SUS sendo forçado a recuar frente à resistência de médicos, dos enfermeiros e da própria população. Mesmo assim, o animal insaciável do neoliberalismo foi para cima da Farmácia Popular. 

Na investida de maior dano, programas de desenvolvimento econômicos foram esvaziados por políticas de privatização e encolhimento do Estado, quase inviabilizado em sua função de amortecedor da miséria social e promotor do crescimento econômico.  

Numa economia que tem dificuldade para se recuperar após tanta destruição e atos de sabotagem explícita, o saldo humano é um desastre visível na forma de cobertores sem cor definida e olhos de pesadelo nas ruas, em famílias acampadas em barracas, e crianças  que pedem comida, numa economia que já esteve entre as maiores do mundo, mas que enfrenta solavancos e tremores sem glória, degradante, neste imenso fracasso neo-liberal e submisso ao império.  

Convidado a prestar contas nas urnas por uma tragédia histórica pela qual é o maior responsável, Bolsonaro & Cia encontraram um meio de prosseguir na farra, fugir das responsabilidades e permanecer onde estão. Pretendem recolher cada centavo disponível nos cofres da nação para pagar verbas capazes de esconder suas responsabilidades pelo abismo em que o país se encontra e anestesiar consciências que em 30 de outubro tomarão o caminho das urnas, estimulados a cometer um crime contra a própria História. 

Vale até voltar à escravidão e impedir trabalhadoras e trabalhadores de tomar o caminho das urnas e exercitar, por 24 horas, o direito à cidadania. Não é guerra, mas parece. 

Alguma dúvida?

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