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Helena Chagas

Helena Chagas é jornalista, foi ministra da Secom e integra o Jornalistas pela Democracia

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Bolsonaro22 ganha estrutura política, mas perde o discurso

"Seu discurso anticorrupção está desmoralizado, e não apenas pelas más companhias do PL, do PP e de outros", escreve a jornalista

(Foto: Júlio Nascimento - PR)
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Jair Bolsonaro está recebendo agora a compensação por ter entregue, de porteira fechada, o governo ao Centrão, sob a forma de apoio político e palanques nos estados. Oferecendo recursos e benesses que só um governo pode dar -- inclusive verbas do orçamento secreto -- PL e PP foram os partidos que mais engordaram na janela partidária. Embora sua prioridade seja, claramente, eleger bancadas robustas para negociar com qualquer governo a partir de 2023, esse crescimento dá mais estrutura e capilaridade a Bolsonaro22 nos estados.

Uma situação diferente daquela que Bolsonaro18 enfrentou. Naquela ocasião, um outsider sem  palanques, estrutura e partido (o PSL era até então um nanico) elegeu-se graças a  discurso ideológico-relogioso-moralista que se coadunou com o mau humor da opinião pública em relação aos políticos e à política. Sem esquecer, é claro, a facada a um mês da eleição.

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Sobre esse último item, o imponderável, não há o que dizer. Mas é possível observar que o Bolsonaro22 é uma espécie de adversário do Bolsonaro18, numa eleição em que outros fatores aparentemente vão pesar mais do que um discurso moralista anti-corrupção e apelos religiosos.

Bolsonaro22 corre atrás daquilo que ele desprezava em 2018, na companhia dos que naquela ocasião xingava , porque percebeu que não se elege mais no gogó. Seu discurso anticorrupção está desmoralizado, e não apenas pelas más companhias do PL, do PP e de outros. Teve que demitir bolsonaristas ideológicos como Ricardo Salles e Milton Ribeiro por causa de escândalos no Meio Ambiente e na Educação.

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Bolsonaro perdeu o discurso e não conseguiu construir outro.Tudo indica que o pleito de 2022 será um plebiscito que terá no centro das decisões o fiasco administrativo, econômico e social que marcou os três anos e meio do atual governo. O presidente-candidato corre atrás de uma nova narrativa, e sabe que para sustentá-la precisa das más companhias do Centrão e de seus palanques.

A inflação ascendente corrói benefícios lançados de última hora, de forma eleitoreira, pelo governo, como o Auxílio Brasil turbinado -- a ponto de, nas pesquisas, seus beneficiários se mostrarem majoritariamente simpatizantes da candidatura do ex-presidente Lula. Bolsonaro conseguiu melhorar um pouco sua rejeição em relação à atuação do governo na pandemia, mas os fantasmas dos 660 mil mortos e dos quase 30 milhões de casos de Covid estão muito vivos para quem perdeu pessoas queridas ou contraiu o vírus.

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Por fim, a retomada do discurso golpista do presidente pode ser a gota d'água na decisão eleitoral de uma faixa da população que não se preocupa com preços nem com Covid, mas que faz negócios e sabe que, se a imagem do país for para o ralo de vez, eles também vão.

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