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Gilvandro Filho

Jornalista e compositor/letrista, tendo passado por veículos como Jornal do Commercio, O Globo e Jornal do Brasil, pela revista Veja e pela TV Globo, onde foi comentarista político. Ganhou três Prêmios Esso. Possui dois livros publicados: Bodas de Frevo e “Onde Está meu filho?”

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Borba Rato e a cultura brasileira incendiada

"O desastre da Cinemateca acontece dias depois do protesto que resultou no incêndio da estátua do bandeirante Borba Gato, personagem controverso sobre o qual pesam passagens marcadas pela violência contra índios e negros. O fato foi recebido com histeria, muito diferente do silêncio ensurdecedor que o distinto público apoiador do atual candidato a Borba Gato – ou seria Borba Rato? - dispensa", analisa o jornalista Gilvandro Filho

(Foto: Reprodução)
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Por Gilvandro Filho, para o Jornalistas pela Democracia

Um governo que entrega a Secretaria da Cultura a um sujeito que não sabe do que se trata, e nem faz a menor questão de saber, não merece chamar-se governo. Como não dá para chamar de presidente quem entrega uma entidade feito a Fundação Palmares a ignorantes preconceituosos, os direitos humanos a fanáticos religiosos, a fiscalização da Amazônia a criminosos ambientais, a Educação a quem não a tem.

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Da mesma forma, não há como se ter respeito a um governante que foi eleito no colo de uma campanha regada a mentiras e ódio, que trata seus adversários como inimigos a serem exterminados, que dá a criminosos o tratamento de ilustríssimos senhores a serem exaltados. Ou que entrega a saúde a militares e propineiros e que tenta transformar os brasileiros em cobaias de teses criminosas como a imunização de rebanho, prática solerte que rendeu mais de 556 mil mortes por Covid 19, genocídio que coloca o Brasil de Bolsonaro no topo da vergonha mundial.

O incêndio da Cinemateca Brasileira, ocorrido no último dia 29, liga em direção à cultura os holofotes que mostram o descaso e a irresponsabilidade com que o governo federal trata as questões relativas à pasta. A começar pelo nível de gestores que nomeia, como é o caso do atual ocupante, Mário Frias, que, ao invés de agir e se pronunciar com o mínimo de seriedade sobre o caso, tratou logo de culpar os governos petistas (claro!) pela hecatombe. Ou como a diretora que foi sem nunca ter sido, a atriz Regina Duarte, a quem a Cinemateca foi prometida, mas nunca entregue, depois que ela peregrinou sua asponice pela Secretaria da Cultura, por dois meses (março a maio de 2020), período absolutamente olvidável.

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A própria Cinemateca vem sofrendo um processo deplorável de esvaziamento, onde pululam falta de recursos, ausência de projetos e demissão de servidores. Um desleixo que constitui a mais perfeita tradução do que a cultura representa num governo de verniz neofacista. Vai ver que lá não tinha sequer um extintor de incêndio decente, com a validade em dia.

O desastre da Cinemateca Brasileira acontece dias depois do protesto que resultou no incêndio da estátua do bandeirante Borba Gato, na capital paulista, personagem controverso sobre o qual pesam inúmeras passagens históricas marcadas pela violência contra índios e negros, escravidão, estupros e genocídio de nações indígenas inteiras. O fato foi recebido com histeria, muito diferente do silêncio ensurdecedor que o distinto público apoiador do atual candidato a Borba Gato – ou seria Borba Rato? - dispensa, até agora, ao incêndio da Cinemateca Brasileira.

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É a segunda catástrofe por fogo envolvendo um equipamento importante da cultura brasileira, em menos de quatro anos. No apagar das luzes do governo Temer, um incêndio consumiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, detentor de uma dos mais importantes acervos da América Latina. Incêndio que ocorreu a pouco mais de um mês antes do primeiro turno da eleição que, ao final, iria impingir ao Brasil a maior de suas tragédias contemporâneas, que foi a eleição de um candidato cuja plataforma de campanha de campanha foi, abertamente, implantar o neofascismo no País, armar os apoiadores com fuzis e armas pesadas, liquidar fisicamente os adversários e aqui estabelecer uma milícia política. Em suma, destruir as bases da democracia.

A campanha bolsonarista anunciou aos quatro ventos o que seria da cultura nacional. Se hoje vemos a tentativa de destruir com tudo que lembre pensamento, arte e liberdade, nada é surpresa ou foi por acaso. Como várias outras ameaças aparentemente absurdas, o presidente vem cumprindo, uma a uma. A ferro e fogo.

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