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Hildegard Angel

Jornalista, ex-atriz, filha da estilista Zuzu Angel e irmã do militante político Stuart Angel Jones

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Borbulhando com a musa da sofrência, Marília Mendonça agora 15 quilos mais magra…

"Empoderadas, informadas e ultraconectadas, elas vêm chacoalhando o status quo, desafiando paradigmas", escreve a colunista Hildegard Angel ao destacar o legado de Marília Mendonça, junto com outras cantoras, para aumentar a participação das mulheres na música sertaneja

Cantora Marília Mendonça (Foto: Divulgação)
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Por Hildegard Angel, do Jornalistas pela Democracia

Escrevi esse texto em 26 junho de 2018, na coluna diária de página inteira que mantinha no Jornal do Brasil, impresso e digital. E mais que de repente, com um voo trágico alçando à morte Marília Mendonça, e a partir de um obituário desastrado na Folha de São Paulo, o assunto é trazido à pauta, porém sem sentimento, sem empatia, sem conhecimento de causa.

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Por isso, neste domingo emocionado, retomo um debate proposto há mais de três anos, no formato da coluna diária.

reproducao

NA OITAVA NOITE de shows e festa no palco da cidade de Petrolina, Marilia Mendonca fez vibrar aquele mundo de fãs com sua nova forma física, 15 quilos a menos… MARÍLIA E AS “sofrência girls” representam muito mais do que um estilo musical. Elas surgiram como um fenômeno do empoderamento feminino no showbiz, bem como na estética… ELAS PERSONIFICAM a boa notícia de que vivemos uma época não só de revisão de antigos padrões de comportamento, mas também de padrões de beleza… EM UM PASSADO não tão distante, ter um “corpo perfeito” já significou ser gordinha, o que para a sociedade era sinônimo de saúde e fartura econômica… POR OUTRO lado, na década de 1990, com o advento do “heroin chic” e das “super models” magérrimas, nos tornamos escravas da balança, tentando assumir um padrão extremamente ingrato ao biotipo avantajado da brasileira… LOGO DEPOIS, nos anos 2000, veio o boom dos silicones, com os super seios turbinados, influência nítida da cultura norte-americana com seu fetiche por peitões… EM NOSSA sociedade sempre patriarcal, essa busca pelo corpo perfeito é extremamente cruel e nos torna, muitas vezes, infelizes e frustradas… DE FATO, ISSO se tornou cansativo e sem graça (eu cansei, e você?)… O RENASCIMENTO feminista e a atual onda de representatividade são só alguns exemplos nítidos impulsionados pelas novas gerações Y e Z…  EMPODERADAS, INFORMADAS e ultraconectadas, elas vêm chacoalhando o status quo, desafiando paradigmas. Com isso movimentos, como o Body Positive, ganham cada vez mais força…. LIVRE DE JULGAMENTOS sobre padrões estéticos, o que tais movimentos pregam é a auto-aceitação do corpo e o amor próprio, promovendo a pluralidade da beleza… LÁ FORA, Beyoncé e Kim Kardashian, com suas formas curvilíneas e os quadris largos, contribuíram para que a mulherada brasileira resgatasse o orgulho de seu corpo natural… POR AQUI, as maiores representantes desse novo momento empoderado são elas, as nossas musas do feminejo, as gloriosas da sofrência. Marília Mendonça, Maiara e Maraisa, Simone, da dupla com Simaria, e Naiara Azevedo dão aula de autoestima e aceitação… TODAS LINDAS, com suas curvas naturalmente sensuais e confiantes de si mesmas: de minissaia, shortinho, legging, vestidinho, corselet e com decotes acentuados, vêm influenciando a nossa mulherada de maneira positiva… POR ISSO, minha querida Marília Mendonça, se você tiver vontade, pode parar seu emagrecimento nos 15 quilinhos e ser feliz, porque você já impôs sua beleza. Não foi a beleza convencional que se impôs a você… ESTAMOS, FINALMENTE, assumindo e tendo orgulho de ser quem somos. Vale lembrar, também, como diz Rita Lee, que “nem toda brasileira é bunda”… ELA ESTÁ certa. Nesse caldeirão chamado Brasil, há espaço pra todas: pras magrinhas, pras gordinhas, pras bundudas, pras peitudas… NÃO SE PODE negar: nós brasileiras sempre fomos avantajadas, e agraciadas, em quadris e curvas sinuosas, que sempre inspiraram nossos artistas, de Di Cavalcanti a Oscar Niemeyer, passando pelo caricaturista Lan… TODA ESSA exuberância natural, fruto da nossa rica miscigenação, nos torna inigualáveis ao resto do mundo, o que agora as norte-americanas querem copiar, injetando bumbuns fake, como fez a Kardashian… POR MUITOS ANOS, influenciadas por padrões de beleza norte americanos e europeus, renegamos nossa beleza única, tentando nos enquadrar em formas utópicas… QUE OS DEUSES não me ouçam, mas a culpa é dos gregos, que, com essa obsessão por definir o que é belo e não belo, com seus corpos milimetricamente proporcionais, nos influenciam até hoje… NA GRÉCIA  Antiga já existiam concursos de beleza. Um deles, o da Aphrodite Kallipygos, também conhecida como Afrodite de belas nádega, Vênus Calipígia para os íntimos… A FIGURA DA deusa Afrodite estava fortemente associada à beleza, ao amor e à sexualidade. Dizem que Zeus proporcionou a ela os quadris perfeitos em troca de alguns prazeres (para os gregos, o bumbum era uma das mais belas partes da anatomia humana e, para nossa sorte, para os brasileiros também é)… NA PRÉ-História, a figura feminina chegou a ser representada por esculturas rechonchudas, com quadris, peitos, abdômen e coxas exuberantes… ESSAS ESTATUETAS, também chamadas de Vênus pelos arqueólogos, eram ícones da fertilidade e da abundância, possivelmente representações de uma Deusa Mãe Terra. A mais famosa delas é a Vênus de Willendorf, bem gorduchinha. Ai, ai, bons tempos aqueles… que rápido retornem…

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As fotos são de Fred Pontes.

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