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Ricardo Bruno

Jornalista político, apresentador do programa Jogo do Poder (Rio) e ex-secretário de comunicação do Estado do Rio

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Braga Neto não é Job Lorena

"Em 1981, um bomba foi detonada no Riocentro durante as comemorações do dia do Trabalho. O plano diabólico deu errado: o artefato explodiu no próprio carro dos responsáveis pelo crime: o capitão Wilson Machado e o sargento Guilheme do Rosário. Escolhido a dedo pelo governo para presidir o inquérito militar, o então cel. Job Lorena produziu um vexaminoso relatório, sob encomenda de seus superiores, inocentando os autores do atentado. A farsa entrou para a história do país como a mais cínica e inverossímil investigação criminal. Job se revelou, por inteiro, um vassalo do regime", diz o colunista Ricardo Bruno; "Ontem, Braga Neto mostrou diferenças. Deixou claro que não vai repetir o aviltante papel de Job Lorena de tarefeiro do regime. Não esperem dele uma farsa. Ele não se prestará a isto"

"Em 1981, um bomba foi detonada no Riocentro durante as comemorações do dia do Trabalho. O plano diabólico deu errado: o artefato explodiu no próprio carro dos responsáveis pelo crime: o capitão Wilson Machado e o sargento Guilheme do Rosário. Escolhido a dedo pelo governo para presidir o inquérito militar, o então cel. Job Lorena produziu um vexaminoso relatório, sob encomenda de seus superiores, inocentando os autores do atentado. A farsa entrou para a história do país como a mais cínica e inverossímil investigação criminal. Job se revelou, por inteiro, um vassalo do regime", diz o colunista Ricardo Bruno; "Ontem, Braga Neto mostrou diferenças. Deixou claro que não vai repetir o aviltante papel de Job Lorena de tarefeiro do regime. Não esperem dele uma farsa. Ele não se prestará a isto" (Foto: Ricardo Bruno)
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As primeiras declarações de general Braga Neto foram extremante comedidas, mas suficientes para revelar seus propósitos à frente da Segurança Pública no Rio. Quem esperava afirmações tonitruantes, na direção do combate espetaculoso ao crime, frustrou-se.  Na coletiva, mostrou-se totalmente apartado do explícito afinamento político exibido pelos ministros Sérgio Etchegoyen e  Raul Jungman. A postura racional e equilibrada de Braga Neto chegou a incomodar seus companheiros. Temeroso certamente de uma precoce e provável desafinação pública do grupo, Etchegoyem trouxe para si a responsabilidade de responder as indagações dirigidas ao comandante da intervenção. A insistência com que fez isto foi no mínimo intrigante e traiu a preocupação do governo em não deixar ocorrer, já no primeiro ato,  conflito de posições entre os principais protagonistas da operação.

Ao sair, contudo, o general Braga Neto emitiu sinais de que não considera a situação tão grave no Rio e atribuiu à mídia a supervalorização do tema. Suas declarações trouxeram desconforto às Organizações Globo, cujos veículos desde o carnaval relatam em tons dramáticos as cenas de violência da cidade. Imediatamente, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, foi convocado para rebate-lo. Era necessário um contraponto para abordar a tese de que a Globo fomentava a crise em busca da intervenção. Rodrigo pôs-se a dizer que discordava da análise do general de que a mídia tivera papel preponderante na sensação pública de agravamento do problema. 

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Em meio a estupefação provocada pela medida, algumas especulações fazem sentido, mais do que isto: são bem prováveis. O iminente fracasso da tentativa de mudanças na Previdência retirou do Governo federal a pauta das reformas. O agravamento da crise na Segurança Pública no País, tema central da campanha de Bolsonaro, seria um boa oportunidade para se deflagrar medida de impacto que contribuísse para a recuperação da rasa popularidade presidencial. Em que pese a gravidade real do problema no Rio, há portanto, quem veja na decisão apenas uma jogada de marketing para uma virada política do Planalto. 

A ser procedente tal suspeição, seria aconselhável se revisitar a história. Em 1981, um bomba foi detonada no Riocentro durante as comemorações do dia do Trabalho. O plano diabólico deu errado: o artefato explodiu no próprio carro dos responsáveis pelo crime: o capitão Wilson Machado e o sargento Guilheme do Rosário. Escolhido a dedo pelo governo para presidir o inquérito militar, o então cel. Job Lorena produziu um vexaminoso relatório, sob encomenda de seus superiores, inocentando os autores do atentado. A farsa entrou para a história do país como a mais cínica e inverossímil investigação criminal. Job se revelou, por inteiro, um vassalo do regime. 

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Ontem, Braga Neto mostrou diferenças. Deixou claro que não vai repetir o aviltante papel de Job Lorena de tarefeiro do regime. Não esperem dele uma farsa. Ele não se prestará a isto.

 

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